A LBM em cartaz: Fevereiro

Querid@s leitor@s,

Hoje já é dia 3? Sim. Mas estamos atrasados com nosso recap? Não. Pois se fevereiro fosse um mês como outro qualquer, ele teria acabado ontem.

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Fevereiro foi um mês bem gordinho de estreias para a LBM, nos estilos mais variados. Foram 6 estreias no total, a segunda vez que repetimos o feito! Agora, a comemoração vai ficar guardada para a mitagem das 7 estreias. Vamos começar?

 

Semana 1

Na quinta 4, começamos o mês com “A Escolha” (Paris Filmes) e “Tirando o Atraso” (Diamond Films). Dois filmes bem diferentes, com demandas de tradução bem diferentes também. “A Escolha” é um filme de diálogos menos complexos, bastante romântico, em que a maior dúvida é se você vai colocar aquele “merda”, ou vai mandar um “droga” para não destoar do resto do filme. A responsa, porém, era grande. Gazilhões de fãs de Nicholas Sparks aguardando ansiosamente pela próxima adaptação cinematográfica de um dos seus livros.

Já “Tirando o Atraso” é o típico filme de comédia pastelão, politicamente incorreto e cheio de coisas que você não conhece, demora para descobrir o que é e, quando descobre, não tem a menor ideia do que fazer com aquilo. Dentre eles uma apavorante sequência de diálogos em que o vovô taradão (Robert DeNiro) tira uma com o neto (Zac Effron) enquanto eles jogam golfe, chamando-o por nomes de jogadores de golfe famosos, só que não exatamente… Vejam alguns dos nomes:

Jack Dicklaus

Bubba Twatson

Gary Playing With My Balls

Michelle Wizzle All Over My Face

Eis aí uma boa deixa para praticar daredevilish subtitling! Deixem suas sugestões de tradução nos comentários (valendo uma lembrancinha da LBM)!

É disto que estamos falando…

 

Semana 2

Na quinta dia 11, “Brooklin” (Paris Filmes) abriu nos cinemas. A produção recebeu indicações ao Oscar por Melhor Filme e Melhor Atriz, mas não levamos nada. Mesmo assim, o filme é uma belezura que merece ser assistida. Sua tradução teve muitos toques de delicadeza e sensibilidade, e adotamos um estilo linguístico mais próximo à gramática padrão. Há uns bons anos, quando eu trabalhava numa escola internacional e fazia parte do clube do livro local, eu li Brooklin e gostei muito. Mesmo tendo feito essa leitura há muito tempo, ela me ajudou muito com a tradução. Eu já comecei a tradução conhecendo o espírito da história. Além disso, pequenos detalhes que no filme eram breves e ficavam confusos, eu lembrava com clareza. No filme, por exemplo, há um diálogo em que uma personagem menciona “nylons”, o que ficava um pouco no ar. Mas, no livro, falava-se muito em “nylon stockings”, então eu sabia do que se tratava sem ter que pesquisar muito. Às vezes, é engraçado ver como a tradução intersemiótica se dá: um termo/assunto tão frequente no livro vira um diálogo no filme (mas está lá!).

Cena de “Brooklin”

Uma das coisas mais difíceis do filme foi a marcação. O filme tinha uma edição muito picotada, a câmera passava muito de um rosto para outro, e foi desafiador aplicar o conceito de craft subtitling, no qual respeitamos cortes ao máximo.

 

Semana 4

Na semana 3 não tivemos estreias, mas só para ter um descanso até a quinta 25, quando 3 filmes traduzidos pela LBM estrearam juntos nos cinemas: “Presságios de um Crime” (Diamond Films), um thriller policial, cuja tradução transcorreu sem grandes problemas; “Boa Noite Mamãe!” (PlayArtePictures), o filme de terror austríaco que balançou a crítica; e “Deuses do Egito” (Paris Filmes), o tão aguardado blockbuster.

“Boa Noite Mamãe!” é um filme surpreendente e falar sobre sua tradução sem dar spoilers seria difícil! Então: SPOILER ALERT!!! No começo do filme, temos os irmãos gêmeos, mas no fim entendemos que um deles na verdade estava morto. E, antes da grande revelação, alguns diálogos podiam denotar isso por causa do sistema de singular/plural do português. Por exemplo, alguém dizia “Get out of the car!” e nós víamos dois meninos dentro, mas na verdade era um só; ou seja, a pessoa estava dizendo “saia” e não “saiam”. Assim, fomos rebolando durante o filme para modificar esses diálogos e não estragar a surpresa. Conforme as coisas vão ficando estranhas, no entanto, resolvemos soltar um singular aqui e ali para soltar uma pulga atrás da orelha do espectador. Alguém viu o filme no cinema e pode comentar se percebeu alguma coisa?

Olha eles aí…

“Deuses do Egito” foi um filmão mara de se trabalhar. Um pouco de pesquisa aqui e ali sobre nomes egípcios de deuses, cidades, entre outras coisas, mas nada que comprometesse. Um filme com bastante sarcasmo, o que nem sempre é fácil de transportar para a legenda, mas esperamos ter feito um bom trabalho.

“Deuses do Egito” te apresenta o seu próximo pet.

A propósito do filme, vamos relembrar uma postagem no Face que rendeu muitas risadas e likes na nossa página:

 

Show de bola. Em março tem mais!

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A LBM em cartaz: Janeiro

Querid@s amig@s,

Mais um mês chega ao fim e nos reunimos para a nossa retrospectiva mensal. O mês de janeiro foi pouco movimentado em termos de estreias para a LBM, mas estamos a todo vapor com muitos projetos rolando. Uma notícia incrível que temos para nossos colegas e amig@s é que a LBM agora é uma empresa associada à ABRATES, a maior e mais importante associação de tradutores e intérpretes do Brasil. Olha o selo aí ao lado, chique não?

Vamos lá então?

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CAROL 

Na quinta-feira 14, começamos o ano MUITO bem com a estreia de “Carol”. Sublime, apenas. O filme, que recebeu muitas indicações ao Globo de Ouro e também indicações ao Oscar (Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante para nossas musas Cate Blanchett e Rooney Mara respectivamente), continua em cartaz e é imperdível para 1) quem gosta de filmes incríveis; 2) quem participa de bolões do Oscar; e 3) quem gosta de ler legendas de primeira. Para quem lê em inglês, a crítica do The Telegraph é categórica: Cate Blanchett will slay you (leia na íntegra aqui). O filme tem uma fotografia maravilhosa e muito do seu charme está no não dito. A tradução correu tranquila, um daqueles filme gostosos de traduzir. Nosso diálogo preferido do filme foi quando Carol diz para Terese “My angel, flung out of space”, que em português ficou “Meu anjo, caído do céu”. <3

A Mares Filmes, distribuidora do filme, nos presenteou com o livro e o pôster. Nós adoramos! Olha só:

 

SUÍTE FRANCESA

Esse foi mesmo o mês de estreias lbmísticas em parceria com a Mares Filmes! Outra parceria nossa, “Suíte Francesa”, estreou na quinta-feira 28. O filme se passa na 2ª Guerra Mundial e conta a história de amor entre uma francesa e um soldado alemão da ocupação nazista. Como filme de época, foi importante manter o alerta para não usar termos anacrônicos na tradução. Parece bobagem, mas num descuido, um personagem da década de 40 aparece falando “Legal!”, e isso não seria nada legal! O filme por enquanto está restrito ao circuito cult em SP; você pode assistir no Cine Caixa Belas Artes e no Reserva Cultural (cheque sessões aqui). Para sessões no Rio, clique aqui.

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Outra estreia que estava programada para o dia 21, “Boa Noite, Mamãe!” (PlayArte Pictures) foi remarcada para 25 de fevereiro. Nessa mesma data, teremos as estreias também de “Little Boy – Além do Impossível” (Cinépolis Brasil) e “Deuses do Egito” (Paris Filmes), com Gerard Butler no papel de Set, o Deus do Deserto. Todos #byLBM, certo, Gerard?

A LBM em cartaz: Novembro, ou Precisamos falar sobre Jogos Vorazes

Amig@s e colegas leitor@s,

O mês de novembro chegou ao fim num mix de alegria e tristeza para nós da LBM.

Alguns dos filmes que preparamos que estavam com estreia marcada para novembro foram adiados, configurando um mês pouco badalado para nós nos cinemas, não fosse pela maior estreia mainstream do ano: Jogos Vorazes: A Esperança – O Final. Vamos falar sobre Jogos Vorazes?

1) JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA – O FINAL

Em 18/11, excepcionalmente uma quarta-feira, o fechamento da saga dos Jogos estreou nacionalmente. A estreia marcou para nós o encerramento de quatro anos de envolvimento com esse universo e pensamos em dividir com vocês alguns detalhes sobre esse processo.

O primeiro filme da saga, em 2012, foi traduzido nos Estados Unidos. É prática comum das grandes distribuidoras legendar filmes muito importantes fora do país e, nessa ocasião, a tradução também foi feita por lá. Acontece que tradução de legendas fora do país não é sinônimo de qualidade e a versão em português ficou problemática. Problemas com a terminologia já definida pelo livro e até erros de concordância figuravam na tradução. Assim, a Paris Filmes, nossa cliente e parceira, confiou a nós a tarefa de revisar o filme. E foi assim que lemos o primeiro livro!

Nos dois anos seguintes, com bastante antecedência já recebemos o segundo e o terceiro livros e nos preparamos para a chegada do material em meados de setembro. Uma das grandes preocupações com filmes baseados em livros, especialmente esses muito grandes, é a questão do plágio. Assim, trabalhamos com a distribuidora para acordar os termos que viriam do livro e garantimos traduções livres de cópias. Filmes como esses também são cercados de infinitos cuidados, como títulos falsos e os piores screeners do mundo, com uma qualidade que estragaria o barato de qualquer espectador. Uma coisa que também acontece são infinitas “versões finais” do roteiro que chegam uma atrás da outra, de forma que a tradução passa por várias adaptações. Nossa tradução foi elogiada por nossos colegas e amigos, mas infelizmente houve problemas com o layout e marcação das legendas, que continuou sendo feita em terras gringas.

E, finalmente, este ano trabalhamos com mais afinco do que nunca para levar aos cinemas “O Final”. Foram praticamente dois meses de trabalho em cima do filme, já que o grand finale foi traduzido e marcado por nós! Quem já foi ao cinema assistir e costuma ler as legendas vai saber que não há nenhum errinho. Acompanhando a tradução, fizemos a marcação digital com nosso conceito de craft subtitling, de forma que a cada diálogo foi dada atenção individual, não passando de um direto para o outro sem levar em conta a sincronia, com o maior respeito possível ao corte de cena e layout totalmente padronizado. O filme foi lacrado por nós e enviado diretamente para legendagem, sem a possibilidade de nenhuma alteração e o resultado ficou muito bom. O sócio-pai aprovou por cabine e eu compareci à pré-estreia no shopping JK, e foi muito emocionante. “Tradução: Little Brown Mouse“.

Em comemoração, decoramos nossa fanpage no Face com capas dos Jogos, clique aqui para ver que bonito ficou.

Assim, nos despedimos dos Jogos com muito agradecimento no coração pela oportunidade de levá-lo a milhões de pessoas no Brasil e com muito orgulho do nosso trabalho.

Goodbye, Katniss…

2) AMERICAN ULTRA: ARMADOS E ALUCINADOS

Na semana seguinte, atacamos com “American Ultra”. A paródia de filmes de ação no estilo FBI/CIA é muito engraçada e foi um daqueles filmes ótimos de traduzir, cheio de espaço para subversões da norma culta e jeitos de falar estilizados. Foram semanas legais decidindo qual jeito de falar era mais maconhado e, portanto, mais apropriado. You know, like…

E, assim, novembro se encerrou. Teremos um kick-ass December, com mais seis estreias previstas. We <3 férias!

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A LBM em cartaz: Outubro

Car@s, para fazer o recap deste mês de outubro tão rock’n’roll para a LBM, convidamos nosso querido colaborador João Artur que, a propósito, esteve envolvido ativamente em quatro deles, traduzindo, marcando e resolvendo pepinos conosco. Aproveitem!

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Olá querid@s amig@s da LBM!

Outubro foi um mês bacaníssimo com lançamentos para todos os gostos assinados pela LBM, então não poderíamos deixar de compartilhar com vocês as novidades do mês que acaba de se encerrar.

Na primeira semana, logo no dia 1º, chegou às telonas “A Possessão do Mal” (Grupo PlayArte). Michael King, personagem da revelação Shane Johnson, é um documentarista que após um episódio traumático resolve fazer um filme para provar que a fé e o sobrenatural são artifícios para charlatães, até que as coisas saem do controle… mesmo! Gritinhos e sustos garantidos pelo mouse! 😉

MK
Bu!

 

Na segunda semana, em “Bata Antes de Entrar” (Paris Filmes), Evan (Keanu Reeves) se dá bem… #sqn E os gritinhos de susto, desta vez, são de dor e agonia mesmo. Esse é para os fortes! O diretor, Eli Roth, conhecido pela série “O Albergue” e suas icônicas sequências de tortura e terror psicológico, continua afiadíssimo.

knock knock
“Sou um marido fiel!”

 

A terceira semana foi mais descontraída, e o ratinho pegou leve na comédia romântica “Um Amor a Cada Esquina” (Mares Filmes) que, após ter estreado no Festival do Rio, chegou às salas de todo o Brasil. Após 12 anos longe da cadeira de diretor, Peter Bogdanovich (que assina o roteiro ao lado da ex-exposa Louise Stratten) brinda o público com um filme levíssimo e divertido. O elenco com veteranos do calibre de Jennifer Aniston, Owen Wilson e Rhys Ifans mostra grande sintonia, sem roubar o holofote de Imogen Poots. A inglesa brilha no papel de uma garota de programa que, sem perder o humor, passa por poucas e boas para realizar o sonho de ser atriz.

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Ainda não assistiu? Aproveita e clica aqui para ver onde o filme ainda está sendo exibido.

Na semana 4, o mouse descansou… que nada! Ele estava se preparando para a frenética semana 5 e seus 3 lançamentos! \0/

“Sem Filhos” (Paris Filmes), uma produção argentina, manteve o clima de amor no ar e o sorrisão no rosto do mouse. Nessa divertidíssima comédia que foi sucesso de bilheteria na terra dos hermanos, Gabriel Cabau (Diego Peretti) tem o amor da filha de 9 anos e o da namorada por quem ele é apaixonado. Isso não seria um problema se a namorada de Cabau não tivesse um lema: “Sem filhos”. ¯\_(ツ)_/¯

sin hijos

Sem pausas para respirar, “Grace de Mônaco” (Grupo PlayArte), estreou na mesma semana. Para dar vida à favorita de Hitchcock, ninguém menos do que Nicole Kidman assumiu o papel. O filme surpreende ao narrar parte do período pós-Hollywood de Grace Kelly; a atriz, que se aposentou precocemente das telas —com apenas 26 anos —, para tornar-se Princesa Grace de Mônaco, após seu casamento com Rainier III. Tim Roth, a propósito, dá show ao encarnar o príncipe monegasco.

grace

Para encerrar a trinca da semana 5 e o mês (ufa!), o ratinho também curtiu o Halloween e providenciou legendas trevosas para “O Último Caçador de Bruxas” (Paris Filmes), aka Vin “Dad Bod” “Badass” Diesel.

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“Sabe do que eu tenho medo? Nada.”

E adivinhem quem esteve na pré-estreia no Vivo Open Air?

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Party hard

Acertou quem disse sócio-pai e sócia-filha! =)

Corre lá pra ver esse filmão! Mês que vem tem mais.

João Artur dedica sua vida à legendagem desde 2009, tendo traduzido todo tipo de conteúdo para TV a cabo. Atualmente, participa de empreitadas para o ensino, a pesquisa e a divulgação da Tradução Audiovisual. Recentemente foi adotado pela LBM, onde é um feliz faz-tudo que não se cansa de buscar soluções criativas para novos desafios.

Post Inaugural: Especial Moviola

Amigões e amigonas da LBM,

Por quase quatro anos agora, damos as boas-vindas a vocês no nosso blog. Hoje, trazemos o #tbt mais emocional possível: o nosso post inaugural.

Em 2014, ele contou a vocês um pouco da nossa história pessoal como empresa familiar e do nosso trabalho com cinema. Falou muito e sobretudo da moviola, nosso querido equipamento de pietagem. Em 2018, vemos que tanto mudou: nossa moviola hoje mora na Cinemateca de São Paulo, após doação feita pelo sócio-pai; meu avô não está mais entre nós; e os cinemas no Brasil estão quase 100% digitalizados, bem como os processos de legendagem. E, é claro, ninguém mais fala em pietagem, exceto figurões das antigas, como nós (descubra mais sobre nossos serviços atuais).

Esse revival tem por objetivo relembrar e comemorar a evolução do blog, da nossa empresa e da indústria como um todo. Serve também de esquenta para um guest post mais do que especial de alguém que manja muito de moviola e pietagem e vai dividir sua história conosco semana que vem.

Entramos no túnel do tempo.

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Amiguinhos e amiguinhas da LBM, bem-vindos ao nosso blog!

Neste post inaugural, queremos primeiramente agradecer a sua disposição em dispor de alguns instantes para nos conhecer melhor. A Little Brown Mouse é uma nova marca, mas não é de hoje que fazemos o nosso trabalho. Nossa empresa é composta por esta que vos fala, Ligia, e seu digníssimo pai, Claudio, a quem carinhosamente me refiro como sócio-pai.

Tudo se iniciou quando o sócio-pai (que não era nem sócio, nem pai) começou a fazer bicos de tradução com empresas da área cinematográfica para garantir o sunday do Joakin’s nosso de cada dia, isso em torno de 1974. Então, você se pergunta: “Onde raios esse playboy foi arrumar um trampo desses?”. Foi tudo facilitado pelo meu avô, Adone Fragano, que foi diretor da Fama Filmes e da  Paris Filmes e até hoje mantém uma empresa de produção e distribuição de filmes aqui no Brasil. O sócio-pai se enveredou por outros caminhos profissionais no começo da sua vida adulta, mas não se realizou, retornando assim à tradução e pietagem de filmes em 1990 (quando já era pai, mas não sócio) e transformando o bico em sua bem-sucedida carreira que adentra os dias atuais.

Como o fruto não cai muito longe do pé, eu já no colegial comecei a fazer trabalhinhos de tradução com o sócio-pai, que pacientemente me explicava que sand dollar não era um dólar de areia (sabe aquelas bolachas do mar? então) e outras coisas do tipo. Isso me levou a estudar Letras e me profissionalizar no caminho das línguas. Alguns anos depois, nos associamos com a criação de uma empresa, e esse é o momento em que gosto de pensar que o sócio-pai atinge seu ponto alto pessoal e profissional, tornando-se simultaneamente meu pai e sócio. Bem, cá estamos. Talvez sejamos familiares pois vez ou outra você viu nossos nomes assinados ao fim da exibição de um filme no cinema, talvez nunca tenha prestado atenção. Preste atenção a partir de agora, pois a assinatura virá no nome de Little Brown Mouse!

Bem, agora você já nos conhece melhor. Mas, espere aí. Talvez ao ler a breve introdução acima você tenha empacado na palavra “pietagem”. Esse substantivo bacana designa o trabalho feito para definir o espaço/tempo que se tem para escrever cada legenda. Se você é fuçado e já usou algum software de tradução de legendas, deve estar pensando: “Mas não é só apertar uma tecla para parar quando o caboclo começa a falar e outra quando ele termina, escrever a legenda na caixa de texto e o computador faz o resto?”. Bem, não é tão simples assim. Para a legendagem de mídias como TV e DVD, os softwares funcionam bem dessa forma mesmo. Processo semelhante também existe para cinema quando se trata dos que já estão digitalizados, cujo produto final exibido no projetor chamamos de DCP. Porém, nem todos os cinemas (na verdade, talvez a maioria deles) são digitalizados. Muitos deles ainda trabalham com as cópias de 35mm, que são aqueles rolos de filmes clássicos e pesadões que muitas vezes são usados como símbolo do cinema. Para definir o espaço/tempo das legendas nessas condições, é preciso fazer a pietagem numa máquina chamada MOVIOLA (foto). E, depois de muitos rodeios, isso nos traz ao verdadeiro sentido do post inaugural, que é justamente contar para vocês sobre a querida moviola que temos conosco.

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Edit 2018: Saudades, moviola!

Afinal, o que é uma moviola e como ela funciona? Um pouco de história antes. Voltando a 1974, quando o sócio-pai começava a fazer seus trampos como tradutor e marcador e quando nenhum cinema era digital, fez-se necessária a existência de uma moviola com a qual pudesse trabalhar a qualquer momento. Assim, nesse mesmo ano foi encomendada a fabricação de uma moviola exclusiva. Ela foi feita no Rio de Janeiro pela Titra Filmes, empresa de legendagem da época, e foi adaptada a partir de uma enroladeira de filmes. Olhando para a foto da moviola, imagine apenas a mesa com os carretéis. Isso seria uma enroladeira, instrumento usado meramente para rebobinar rolos de filme. Bem, a partir dessa enroladeira, foram adicionadas as seguintes peças: um leitor de som com lâmpada excitadora, uma lâmpada para leitura de imagens, um amplificador, uma caixa de som e um contador de pés. Pronto, estava feita a moviola!

Agora sim, como ela funciona? Como uma imagem vale por mil palavras, vamos assistir ao vídeo com alguns segundos de pietagem (não deixe de notar a elegância do sócio-pai operando a moviola).

A moviola funciona através de um processo fascinante no qual uma lâmpada lê o som do rolo de filme. Sim, uma lâmpada! Ela é chamada de lâmpada excitadora. Assim, o trabalho na moviola é prioritariamente auditivo. Caso haja alguma dúvida que só uma olhadinha na cena pode resolver, há também uma lâmpada normal que ajuda a pessoa marcando o filme a enxergar o que aparece nos minúsculos quadradinhos do rolo que exibem o filme fotograficamente, frame a frame. Uma lupa também pode ajudar nessa hora. Melhor dar uma corridinha no computador e assistir a cena lá, não é mesmo?

Construída em 1974, este ano a moviola completa 40 anos. Vamos encerrar este post agradecendo mais uma vez nossos leitores e desejando que a moviola viva mais 40 anos nos ajudando a realizar pietagens maravilhosamente precisas, para que ninguém tenha que passar pela terrível experiência de assistir filmes com legendas fora de sincronia 😉 Parabéns, moviola!