Audiodescrição na arte: Informação? Experiência?

Como nos relacionamos com a arte e com a experiência estética da arte? Som, imagem, texto, cultura, inferência. Isso tudo vem trançado. E o que a acessibilidade comunicacional, especificamente a audiodescrição, tem a ver com isso?

Nesse meu tempo como bacharel em Letras, e dentro dele o tempo como audiodescritora-roteirista, passei por várias questões, inquietações, propostas e missões! Isso tudo partiu de observação de vários formatos artísticos, estudo, prática e de ouvir a recepção do público. Pensando principalmente no audiovisual e no teatro, vou compartilhar um pouco dessas reflexões.

A Audiodescrição como fazer técnico e profissional

Se você está chegando e ainda não sabe quem é a Audiodescrição (AD para os íntimos ou necessitados de economia de caracteres) na fila do pão, aqui vai a bio dela: Audiodescrição é uma modalidade de tradução intersemiótica, pois traduz não entre línguas, mas entre linguagens. A linguagem de partida é a linguagem dos signos visuais. Tudo o que é imagético: cores, gestos, símbolos, feições. Existe uma divisão básica entre audiodescrição de imagens estáticas (o que não se move: foto, desenho, card, pôster) e audiodescrição de imagens dinâmicas (o que se move, seja gravado ou ao vivo: filme, série, peça de teatro). Em alguns contextos podemos ter híbridos, como uma aula em que existe o contexto geral que se move e as imagens estáticas de um slide.

Audiodescrição para quem?

O foco dessa técnica é criar acesso para quem apreende informações sem o uso da visão. Por isso é um dos recursos da acessibilidade comunicacional. A experiência de pessoas com deficiência visual (cegas ou com baixa visão) pauta a construção de uma AD, e por isso mesmo nós, audiodescritores-roteiristas, sempre trabalhamos em conjunto com um audiodescritor-consultor, que é uma pessoa com deficiência visual especializada na área. Mas há relatos que mostram que outros perfis se beneficiam dela. Por causa da característica básica da técnica, que é trazer as informações para as palavras, pessoas que têm mais facilidade para receber, se conectar ou manter atenção à informação verbalizada do que à não verbalizada podem acabar tendo na audiodescrição um apoio na construção do acesso. Trazer para o plano verbal e sonoro pode, em alguns casos, aproximar a informação de autistas, pessoas com TDAH, pessoas com deficiência intelectual. Ou alguém que assista a um filme sem ter muita inserção cultural no contexto dele e acabe captando mais nuances do que é apresentado através da verbalização.

E quando a Audiodescrição se encontra com a Arte?

Com base nisso tudo, como você deve imaginar, técnicas, diretrizes e recomendações foram se desenvolvendo para deixar essa modalidade de tradução funcional. E de fato, deixam. Mas quando experiência estética (estética aqui inclui imagem, som, texto, expressividade e significação) entra no jogo, temos que ter mais alguns tipos de cartas no nosso deck. E para isso, defendo a construção de uma audiodescrição que harmonize com a narrativa, que não seja nem intrusiva e nem isenta, aliando a voz discursiva (do roteiro), a intepretação vocal (da locução) e o ritmo (da mixagem do áudio).

Isso pode ser bem desafiador. Existe a reponsabilidade tradutória de definir o que terá destaque e o que será sacrificado em nome do ritmo. Pois audiodescrever é, como traduzir em geral, fazer escolhas. E essas escolhas direcionam o olhar do espectador de forma análoga à iluminação, que escolhe pontos e elementos para priorizar e definir o todo. Uma mesma cena em filmes diferentes pode receber audiodescrições diferentes, pois o foco de importância entre as várias coisas mostradas pode ser outro. Imagine: em uma cena de uma festa com 30 pessoas, é evidente que uma audiodescrição não poderia descrever em detalhes a aparência, as roupas e as atitudes das 30. Então entra a sensibilidade narrativa de entender o que é essencial ali e como transmitir isso. E é nesse como que moram as polêmicas. Mesmo com plena compreensão de que o público com deficiência visual não deve ser subestimado, e cada indivíduo tem seu próprio campo de interpretação, a máxima dos manuais “descreva o que você vê, não interprete” parece não dar conta da realidade da função de audiodescrever um filme. Mesmo que você não enfeite o pavão e não enverede para o qualitativo, descrevendo as coisas como “belas” ou “horrendas”, a escolha vocabular e o jeito de cadenciar as orações vai dar o tom do seu texto.

Alguns manuais de audiodescrição parecem feitos (com ótima intenção) com base em experiências pedagógicas, e não de arte, narrativa e entretenimento. E aí, quando a experiência artística entra em cena e você percebe que as soluções oferecidas por esses manuais soariam pedagógicas demais, anatômicas demais ou totalmente fora do ambiente lexical daquela obra, eles somem da sua frente como o Mestre dos Magos. E aí, coragem, roteirista. É a hora de usar todos os conhecimentos e habilidades que desenvolveu. Inclusive, mas não apenas, o que os manuais trouxeram. “Depende do contexto” são palavras que quem lida com tradução e audiodescrição poderia mandar grafitar na parede do lugar em que trabalha. Meu desafio tem sido nem pisar em ovos e nem viajar na maionese feita com os ovos nos quais estou tentando não pisar. Talvez fazer omelete seja uma boa. Mas não dá pra fazer omelete sem quebrar alguns… tá, parei.

A busca por uma AD nem intrusa nem isenta, e sim diegética

A busca pelo equilíbrio é um caminho que traz riscos, essa busca por não ser nem intrusa na narrativa nem isenta da narrativa. É possível ser direta, comunicativa e ter estilo com pequenas ousadias textuais, tomando liberdades com os pés no chão. Mas não existe deck infalível. Temos que saber combinar as cartas básicas, que dão conta quase sempre, segurando um jogo básico que cumpre sua função, e as cartas situacionais, aquelas que ganham o jogo quando usadas no momento certo, mas não seguram sozinhas (não tente montar um deck só com elas). Isso vale para as diretrizes básicas, para o banco de soluções audiodescritivas que a gente vai montando ao longo do tempo e para aquelas soluções específicas que têm tudo a ver com aquela cena e trazem um léxico autêntico para o texto.

Às vezes o estritamente descritivo não é diegeticamente interessante e vale a pena arriscar e lançar mão de um atalho comunicativo. Dois exemplos:

Estritamente descritivo: Uma criança de camiseta verde corre atrás de outras quatro crianças. A de camiseta verde toca o ombro de outra, de vestido vermelho, e esta começa a correr atrás das outras quatro.

Atalho comunicativo: Cinco crianças brincam de pega-pega.

Estritamente descritivo: Toca a bola com o peito do pé direito e a move para baixo do calcanhar. Posiciona a bola na parte lateral do pé. Corre e empurra a bola pelo campo, alternando-a entre a lateral interna e a lateral externa do pé direito enquanto mantém o pé esquerdo atrás.

Atalho comunicativo: Mantém a posse da bola.

Claro que, como sempre, depende do contexto. Mas percebe como, dependendo do tempo que você tem para inserir o segmento audiodescritivo no filme sem cobrir falas importantes, o atalho pode ser necessário, ou pelo menos ser mais dinâmico e proporcionar um ritmo mais interessante junto com os sons do filme, resultando em uma experiência artística mais afinada com o material?

Aumentando o Deck!

Isso tudo pode ser construído de diversas maneiras dependendo do projeto. A comunicação com a produção, por exemplo, pode dar à equipe de audiodescrição cartas que funcionam naquele material, através de respostas a perguntas, sugestões e divulgação conjunta, levando a AD para um lugar menos tímido dentro do projeto, menos tacanho, menos saindo da festa e se despedindo com “desculpa qualquer coisa” e mais “até a próxima, pode ficar com o resto do bolo salgado, que eu vou levar uns brigadeiros aqui na tupperware”.

Uma pintura tem as cores e os traços para compor uma experiência artística. Uma audiodescrição tem palavras, frases, entonação, pontuação vocal, ritmo em conjunto com o ambiente sonoro da obra. Esses recursos são maravilhosos, e se apropriando deles é possível ir para lugares mais poéticos, mais divertidos, mais formais ou informais.

Acredito que a AD brasileira ainda tem muitos caminhos para percorrer, e vamos construir pontes e sinalizar trilhas nos próximos anos. Bora andar!

Este texto foi escrito especialmente para o blog da LBM por Fernanda Brahemcha, Audiodescritora, Tradutora Audiovisual e amiga do ratinho.

“Cidade Invisível” e as brasilidades em inglês: quando a melhor tradução é não traduzir

No primeiro artigo do ano, Guilherme Gama, gerente de projetos da LBM, já nos brinda com polêmicas tradutórias #gostamosassim

O tradutor principal de Cidade Invisível para o inglês compartilha com os leitores da Toca do Mouse coisas que queremos saber sobre esse processo (mas não necessariamente gostamos de ouvir)!

Vamos lá?

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Em 5 de fevereiro deste ano, estreou a primeira temporada de “Cidade Invisível”, original Netflix que acompanha a trajetória de um agente da polícia ambiental do Rio de Janeiro num enredo cheio de mistérios e beirando o metafísico, envolvendo personagens do folclore brasileiro – queridos para nós, razoavelmente desconhecidos lá fora. E sempre que tratamos desse tipo de material, ouvimos uma pergunta muito frequente: como vocês traduziram X, Y, Z?

“Alô, LBM? É river dolphin ou pink river dolphin?”

A resposta, um tanto anticlimática, é quase sempre que… não traduzimos.

Convido você a uma reflexão: como se diz “pão de queijo” em inglês? “Coxinha”? “Samba-enredo”? São perguntas que surgem frequentemente entre brasileiros que têm contato com o pessoal de fora. Eu mesmo fui professor de inglês por quase 10 anos e tive que responder perguntas desse tipo. Algumas vezes sugeria soluções (meio desajeitadas, até), quando via que a pergunta vinha de uma necessidade genuína de comunicação. Afinal, por que não chamar de cheese bread se é um conceito que vai ser imediatamente entendido pelo interlocutor? Dá na mesma, não dá?

Depende. Anos atrás, eu teria adotado cheese bread sem nem pensar duas vezes, porque minhas responsabilidades eram outras. Minha missão era facilitar a comunicação entre dois ou mais indivíduos. Agora, minha responsabilidade – a nossa responsabilidade, aliás, como empresa – é de facilitar a comunicação de um material. Claro, facilitar às vezes pede adaptações, mas isso deve ser dosado. Quanto adaptar e quanto manter a fidelidade ao original? Onde fica esse limite? Essas são perguntas inerentes ao trabalho de tradução.

Aliás, a Little Brown Mouse nem sempre trabalhou com legendagem em inglês de material brasileiro. Boa parte da nossa história de 40 anos girou quase exclusivamente em torno de legendar para o mercado doméstico filmes que vinham de fora. Exceções a essa regra foram pipocando, a mais notável delas o longa “Que Horas Ela Volta?” de Anna Muylaert. Mas de uns cinco anos para cá, talvez menos, esse quadro mudou bastante. Quase da noite para o dia, tivemos um grande influxo de material tupiniquim para consumo externo: longas, séries, documentários, vídeos para redes sociais – sem contar material escrito, como roteiros, argumentos e bíblias de séries.

Independentemente do gênero, a esmagadora maioria desse material é sobre o Brasil. Sobre brasileiros em suas realidades brasileiras, tangendo a cultura brasileira por todas as perspectivas imagináveis. E traduzir o Brasil para o mundo externo é para nós motivo de muito orgulho. Mas, para fazer uma paráfrase equivocada daquela frase batida de “Homem-Aranha”, com grande orgulho vem grande responsabilidade.

(sim, eu sei que esse post é sobre “Cidade Invisível”. Já chego lá)

Inevitavelmente, quem traduz uma obra brasileira para estrangeiros está se colocando como vetor de acesso a esse material. Muitas vezes, a legenda é o único meio pelo qual uma pessoa não lusófona sequer conseguiria desfrutar daquela produção. Nossa primeira preocupação, portanto, é com essa pessoa que vai assistir. O que interessa a ela?

Esse famoso desastre teria sido evitado pelo Teste do Pão de Queijo.

Aí voltamos à questão do pão de queijo. Cheese bread vai ser entendido? Claro que vai. “Pão de queijo”, com esse rabisco esquisito em cima do “a”, não vai causar estranhamento? Talvez. Mas pensa um pouco: se a pessoa já parou o que estava fazendo para assistir a uma produção brasileira, será que usar o termo em português realmente vai ser um empecilho? Ou poderia ser um convite para ela ir buscar a informação na fonte e no idioma original?

Novamente, não existe resposta fácil, mas ao longo do tempo fomos desenvolvendo maneiras de tornar essa decisão mais consistente. Nosso processo pode ser resumido a duas perguntas de sim ou não. Não quero ser egocêntrico e batizar de Regras do Gama, então doravante vos apresento o Teste do Pão de Queijo:

  1. É importante para a obra que façamos referência especificamente a um pão de queijo?
  2. Existe um termo equivalente, razoavelmente conhecido em inglês, que vai remeter a um pão de queijo com uma margem razoavelmente baixa para ambiguidade?

A primeira pergunta é importante porque, por exemplo, podemos ter alusões figurativas como “ah, tá redondo igual um pão de queijo”. Se não for importante para a história que a pessoa se refira especificamente a um pão de queijo, podemos adaptar com alguma outra figura de linguagem.

Já se a resposta à segunda pergunta for “sim”, usamos então o termo estrangeiro. Senão, não. Aliás, muitas vezes nem consideramos o termo em português como palavra não inglesa! Por exemplo, “jaboticaba” aparece com essa grafia no dicionário Merriam-Webster e, portanto, consideramos como palavra da língua inglesa e vai na legenda sem itálicos. Já “doce de leite”, por exemplo, é vendido lá fora como dulce de leche por influência dos nossos vizinhos, e, portanto, atende à pergunta 2 do teste (sim, sim, eu sei que doce de leite uruguaio é muito diferente do nosso, mas tudo tem limite também, né?). Outra influência dos hermanos entra na nossa decisão de verter “novela” como telenovela e não soap opera, mas o motivo para isso é assunto para outro post.

Häagen-Dazs promovendo a Regra Número 2 pelo mundo.

Enfim chegamos ao “Cidade Invisível”. Traduzimos alguns termos? Algumas coisas sim. “Fubá” é corn flour ou raw corn flour, dependendo do contexto. Atende ao quesito 2 do Teste do Pão de Queijo.

Já os animais exigiram um cuidado especial. Por exemplo, o cetáceo de água doce que conhecemos como “boto” tem nome comum (e pouco criativo) em inglês: river dolphin ou pink river dolphin. Adotamos isso, fazendo questão, sempre que possível, de evitar abreviar como “dolphin” como jeito barato de economizar caracteres na legenda. Porco-do-mato? Peccary. É um termo razoavelmente conhecido e mais específico do que hog, que se refere ao porco mesmo, sem o “-do-mato”. Jacaré, por outro lado, é algo mais delicado. O termo certinho, certinho mesmo é caiman. O parentesco entre um caiman e um alligator, inclusive, é mais distante do que aquele entre o porco e o porco-do-mato. Mas esbarramos no quesito 1: um jacaré é mencionado apenas numa vez nessa temporada (spoilers!), citado de passagem e como parte de uma lista de animais que também inclui um macaco-prego (capuchin monkey). Ficamos – desta vez – com o bom e velho alligator.

E finalmente, as estrelas principais da noite, nossas figuras mitológicas. Com exceção do já citado boto cor-de-rosa, não traduzimos N-A-D-A. Cuca é Cuca, Curupira é Curupira, Saci é Saci. E feliz de quem conhecê-los por essa sensacional produção da Prodigo Filmes. Aqui na LBM somos fãs e aguardamos ansiosamente as próximas temporadas.

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Quer saber de que outros projetos originais Netflix já participamos? Dê uma olhada no nosso portfólio!

A LBM em cartaz: “Morto Não Fala” e “Greta”

Caros amantes do cinema nacional,

Hoje estamos aqui de verde, amarelo e bandeira arco-íris para comentar duas produções nacionais que estreiam nas telonas com uma mãozinha (ou patinha?) do ratinho.

Em tempos sombrios para o audiovisual brasileiro, é um prazer imenso constatar que estamos com gás total em produções incrivelmente relevantes, avançando nossa indústria. E melhor ainda é poder fazer parte do processo!

Bora conhecer essa dupla?

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MORTO NÃO FALA

O primeiro longa de Dennison Carvalho já foi exibido em cerca de 40 festivais pelo mundo com o título internacional de “The Nightshifter”, chegando ao Brasil hoje. Com aprovação média de 92% no Rotten Tomatoes e considerado pela revista New York como um dos melhores filmes de terror de 2019 (ao lado de “Nós”, de Jordan Peele), a produção traz promessa e expectativa em relação à aceitação do público brasileiro.

Um toque de arte no pôster no filme macabro.

A obra conta a história de um médico-legista que trabalha durante a noite no IML paulistano e tem dons mediúnicos de conversar com os recém-mortos que passam por seus cuidados. O projeto começou como um seriado da Globo, mas acabou se tornando um longa no meio do caminho – o que se provou uma ótima decisão estratégica, visto que o filme já levou 5 prêmios pelo mundo. Dentre eles, um merecido prêmio de efeitos especiais, pela caracterização dos personagens feitos em esculturas idênticas aos atores para retratar os corpos sem vida, com seus rostos sendo animados digitalmente.

A acessibilidade do filme foi feita toda by LBM em parceria com a Casa de Cinema de Porto Alegre, com bastante atenção ao uso das músicas e efeitos sonoros trazidos pelas cenas. Tratando-se de um filme de terror, a trilha assume um papel de destaque na narrativa, expressando emoções chave. Em todos os seguimentos da acessibilidade, foi um desafio escolher como indicar esses sons variados para manter o suspense das cenas. É importante descrever com cuidado, acompanhando os sinais gradativos dados pela narrativa!

Essas legendas não faltaram no closed caption do filme!

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GRETA

Tratando com naturalidade de temas bastante densos, “Greta” chega hoje aos cinemas com direção de Armando Praça. Sua trajetória, no entanto, já inclui o troféu Mucuripe por melhor longa-metragem, melhor direção e melhor ator para Marco Nanini, sendo o grande vencedor do Cine Ceará.

O roteiro de “Greta” passou por laboratório para chegar à sua forma final. Fernanda Leme, nossa colaboradora, formada em Cinema e especialista em roteiros, conta mais sobre:
“O Laboratório Novas Histórias é um projeto idealizado e organizado por Carla Esmeralda, e faz parte do Programa Sesc e Senac São Paulo de Desenvolvimento de Roteiros para o aperfeiçoamento do ofício do roteirista no Brasil.
É de extrema importância a iniciativa desses laboratórios, pois dá a oportunidade de novos roteiristas entrarem em contato com aqueles que já estão no mercado de trabalho, discutir e evoluir ainda mais os roteiros inscritos, para que um dia se tornem filmes.
Do Laboratório Novas Histórias saíram grandes filmes, como: “Que Horas Ela Volta?”, “As Duas Irenes”, “As Boas Maneiras”, “Boa Sorte”, entre outros.
Por muito tempo no Brasil, o roteiro era o ponto fraco do Cinema, mas dessas diversas iniciativas, e com o aumento de cursos, especializações e bibliografias e a valorização de sua importância, atualmente esse ramo tem se aperfeiçoado. Afinal, não podemos negar que o roteiro é a alma do filme! ‘Greta’ participou do laboratório em 2012. É um filme íntimo e singelo, mas que usa do escrachado dos bares populares ao cuidado dos hospitais para narrar sua história específica de amor. “

Lindo pôster do drama.

Aqui na LBM, pudemos legendar com carinho a tradução para o inglês enviada por nosso parceiro, a Carnaval Filmes, para que o filme brilhe mundão afora. Boa sorte, Greta!

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Este post foi escrito com a ajuda do nosso estagiário, Douglas Guizani! #ValorizeoEstagiário

A LBM em cartaz: “Depois do Casamento” e “Midsommar”

Opa! Que bom ver você por aqui 🙂

Estamos de volta nesta quinta ensolarada do capeta para contar sobre nossas estreias da semana. Preparados?

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DEPOIS DO CASAMENTO

Distribuído aqui no Brasil pela nossa querida Diamond Films, o longa estrelado por Michelle Williams e Julianne Moore é um remake do filme dinamarquês de 2006 com o mesmo nome. Nossa colaboradora Paula Barreto, que trabalhou no filme, conta mais sobre:

“Tudo começa quando Isabel (Michelle Williams) tem que viajar aos Estados Unidos em busca de doações para o orfanato que gerencia na Índia. Em Nova York, ela conhece Theresa (Julianne Moore), uma mulher bem-sucedida dona de sua própria empresa que está considerando se deve ou não doar uma grande quantia para ajudar o orfanato. Surpreendentemente, Isabel é convidada para ir ao casamento da filha de Theresa, e sua vida dá uma guinada de 360 graus depois do evento.

Extraímos uma legenda que mostra o grau de determinação envolvido.

Depois do Casamento é um filme sensível e delicado, mas não se engane: ele também trata de assuntos seríssimos, como maternidade, abandono, luto e amor ao próximo. É impossível não se emocionar com a perseverança e persistência de Isabel, apesar de ser uma mulher austera, ao tentar conseguir fundos para o orfanato que tanto ama. Ela tem uma ligação forte com as crianças órfãs, que são sua família, e, além de batalhar para dar a elas uma vida melhor, trata todas com muito amor e carinho. Theresa, apesar de ter seus momentos de severidade, também tem muito amor para dar: é uma mãe exemplar para a filha adulta e os dois filhos criança, além de ser uma esposa amorosa e companheira. São duas mulheres fortes, batalhadoras, bem-sucedidas e, acima de tudo, muito ligadas à família. Nós bem sabemos que não existe apenas uma configuração de família, e o ratinho aposta que você vai se identificar muito com a matriarca das duas famílias!

Para quem quer se emocionar no escurinho do cinema, esse filme é uma ótima pedida! Compre uma pipoca e um refri, se aconchegue na poltrona, leve um lencinho para enxugar as lágrimas e bom filme!”

Tamo junto, Michelle.

MIDSOMMAR – O MAL NÃO ESPERA A NOITE

Nossa segunda estreia do dia é o surpreendente terror diurno de Ari Aster, distribuído pela Paris Filmes. Quem acompanha o portfólio da LBM sabe que, ano passado, legendamos Hereditário, o filme de estreia do diretor que foi intensamente aclamado pela crítica.

O filme mostra a viagem de um grupo de jovens americanos à Suécia, onde testemunharão as festividades do solstício de verão pela primeira vez. Antes mesmo do embarque, as tensões já estão acumuladas entre alguns dos participantes e, chegando ao destino, os acontecimentos parecem contribuir para os conflitos. A noite praticamente não dá as caras durante todo o filme, os desdobramentos sinistros vão acontecendo à luz do dia e, bem… A gente fica confuso!

Esse gif resume bem o filme!

Não queremos dar spoilers, mas recomendamos fortemente uma ida ao cinema. Para tanto, deixamos aqui uma legenda… intrigante:

A produção também contou com acessibilidade completa do ratinho. Em conversa exclusiva com o mouse, Fernanda Leme, da nossa equipe de audiodescrição, comentou que a montagem se utiliza muito de planos abertos, o que significa que muitas coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo. Assim sendo, é mais difícil selecionar qual informação é a prioritária para o espectador. Numa nota mais pessoal, ela recomenda muita atenção aos detalhes da obra, pois ela traz pistas constantes nos adereços e artes que, com sutileza, contam histórias também!

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2017: Um ano para lembrar

Mais-do-que-querid@s leitor@s,

No último dia do ano, enquanto todos se preparam para estourar a champanhe, nós aqui da LBM sentimos que realmente há muito a ser comemorado. Não pretendemos dizer, é claro, que foi um bom ano por todos os ângulos, ou que não estamos apavorados com o cenário político e social. Mas tivemos, sim, a sorte de ter um grande ano de crescimento como equipe, baseado em muito esforço e aprendizado.

Eu, em meu traje regular de trabalho.

Este post não é para tirar ninguém dos preparativos das festanças de réveillon, mas gostaríamos de compartilhar rapidinho com todos vocês algumas das coisas tão bacanas que tornaram este ano marcante para o ratinho e seus discípulos, começando pelo conjunto das nossas estreias no cinema. Vejam só todos os filmes de cuja legendagem tivemos o prazer de participar!

Eita que esse scroll-down vai longe!

Foram 26 estreias no total. Desse total, 24 filmes de ficção e dois documentários, seis filmes nacionais e 20 internacionais. O Google Analytics da floresta não parou de trabalhar! Foram comédias, dramas, suspenses, filmes de terror a perder de vista; obras americanas, inglesas, francesas, argentinas e, sobretudo, obras cinematográficas brasileiras da primeira grandeza que nos encheram de orgulho mundo afora. Fizemos versões para quatro línguas diferentes que levaram esses filmes para os principais festivais do mundo! E, não podemos esquecer, recebemos a honra máxima da Academia: levamos o Oscar de melhor filme com “Moonlight – Sob a Luz do Luar” com nossas legendas elogiadíssimas.

Nada disso teria sido possível sem nossos maravilhosos colaboradores de tradução e legendagem, que tiveram papel fundamental na construção da qualidade de trabalho pela qual tanto prezamos. Com o coração transbordando, agradecemos a Paula Barreto, Fernanda Leme, Jorge Castagnino, Guilherme Ferreira, Juliana Lopes, Samantha Silveira, Salmer Borges, Eduardo Lasota, Ana Paula Baesso, Lucas Cureau, Jürgen Dittberner e Luiza Frizzo.

Além do circuito tradicional, traduzimos muito outros conteúdos, como vídeos de publicidade, roteiros, pílulas e outros materiais de apoio.

Mas 2017 não foi apenas mais um ano de sucesso na tradução e legendagem; foi o ano da acessibilidade na LBM! Nossas parcerias com as pessoas mais dedicadas, competentes e talentosas do mercado tornaram a nossa empresa uma referência em acessibilidade audiovisual, um trabalho pioneiro que fizemos com muito carinho e nos comprometemos a aprimorar e expandir cada vez mais. Paloma Bueno Fernandes, Christiano Torreão e equipe do Estúdio Eclipse, Ana Paula Schneider, NGB Estúdios e Ivan M. Franco: muito obrigada por fazerem acontecer.

2017 foi só o começo.

Agradecimentos especiais também aos colegas que escreveram textos incríveis para este blog, mantendo nosso diário de TAV interessante e relevante: Paulo Noriega, Vanessa Bocchi, Ivan M. Franco, e mais todos que aqui e ali escreveram parágrafos que ajudaram a contar a história dos filmes que traduzimos.

E, por fim, precisamos dar o salve maior para aqueles que nos confiam seus preciosos materiais, sabendo que ninguém cuidará deles como nós. Nossos parceiros deste ano: Diamond Films, Paris Filmes, Gullane Entretenimento, Maria Farinha Filmes, Instituto Alana, PlayArte Pictures, Academia de Filmes, Filmland, Imovision, Mar Filmes, Bossa Nova Films, REC Filmes, Fox Films, Losbragas, e nossos amigos e colegas Laura Futuro, Juca Diaz e Gaby Ruffino – um sincero obrigada!

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Escrevo aqui pela equipe de gerência da LBM, mas já que estou no papel da registradora de emoções, aproveito para agradecer meu parceiro de todas as horas e jobs, João Artur “Johnny”, que só faz me salvar em meio ao olho do furacão profissional, além de ser meu irmão gêmeo separado na maternidade; e ao sócio-pai, por nos dar força e sustentação para corrermos atrás dos nossos sonhos de TAV que cada vez mais se tornam realidade. <3

Espero daqui a um ano reescrever este post com muito mais coisas pelas quais ser grata e pessoas fantásticas para agradecer. Para encerrar, um brinde aos nossos leitores! Até 2018 😉