E, com vocês, ele. O único, incomparável e indispensável gerente de projetos da LBM: Johnny.
***
Semana passada o ratinho não deu as caras aqui, mas como vocês já sabem, isso só acontece quando ele está muito atarefado, aka trabalhando pra caramba, e não sobra um tempo digno pro blog. Mas não tem problema, hoje a gente se redime! Vamos falar de “A Noiva”, esse terrorzão medonho que estreou semana passada, no Dia de Finados (Paris Filmes, we see what you did you there, OK?), e “Um Perfil para Dois”, o romance francês que tem um pé na comédia e outro no drama, a receita perfeita pra deixar qualquer trama bem interessante. Duvida? Vem comigo! Tá na hora de falar de dois trabalhos bem diferentes e que foram feitos em momentos beeeem diferentes também.
“Um Perfil Para Dois” é um filme muito agradável, com uma narrativa bem construída e uma boa pedida para os menos habituados com o cinema francês fugirem dos blockbusters americanos… por que, né? Nem tudo é filme de herói. Vale a pena “arriscar” ver algo diferente de vez em quando! Não vou me alongar na trama do filme, mas posso dizer que quem assistiu gostou e recomenda. Leia aqui a crítica da Bianca Zasso para o Papo de Cinema para saber um pouco mais.
Por incrível que pareça, o ratinho já trabalhou em “Um Perfil Para Dois” há alguns meses, afinal a película fez parte da programação do Festival Varilux, que ocorreu de 7 a 21 de junho em diversas cidades do país. Perdeu esse festivalzão lindo? Não chora! Ano que vem tem mais! Fica ligado no site e ativa todas as notificações possíveis.
O ratinho fez barba, cabelo e bigode e cuidou tanto da legendagem quanto da acessibilidade de “Um Perfil Para Dois”, e duas coisas chamaram a atenção da nossa equipe dessa vez. A leitura de diálogos e a preparação para a interpretação de Libras. “Um Perfil…” não conta com cópias dubladas nos cinemas, isso significa que, para tornar o filme completamente acessível ao público com deficiência visual, gravamos além da audiodescrição, a leitura dos diálogos, ou seja, um profissional que não pode ser o mesmo audiodescritor do filme, lê os diálogos dos personagens ao longo do filme.
Muita gente pode achar estranho ter uma única voz responsável pelas falas de todos os personagens, mas acreditem, é questão de costume e, com uma boa mixagem, fica bacana. O que está se convencionando chamar de leitura de diálogos aqui, na verdade, nada mais é do que o bom e velho voice-over, que desde sempre é a modalidade de tradução preferida de alguns países do leste europeu como a Polônia. Confiram aqui a Julia Roberts e o Hugh Grant trocando uma ideia com a mesma voz. Depois de alguns minutos, já estou curtindo o filme. Sem entender lhufas, é claro! kk
Em seguida, partimos para a janela de Libras, que foi um desafio à parte. Nos dias que antecederam a gravação, eu e a Paloma Bueno, nossa incansável e dedicadíssima intérprete, seguimos o protocolo para esse tipo de filme: uma decupagem simples do roteiro, com todo tipo de anotação pertinente para a interpretação. Paloma dá a letra sobre o processo:
Num primeiro momento, durante o estudo da obra, trabalhamos com base no arquivo de legenda em português, claro! Nosso gerente Johnny estava presente, esclarecendo e dando dicas do francês que não tenho, contribuindo com a tradução para a Libras.
Os três principais desafios foram: primeiro, decidir as expressões equivalentes para a Libras, considerando que isso não é tão explícito nos falantes do francês; a expressividade não é entonada se comparada ao português. O segundo foi decidir quando e como fazer indicações da trilha sonora, que acabamos indicando como “música”, e sons ambiente como “som de sirene de ambulância”; esse último relevante para a compreensão do contexto [ação-reação] em cena. Já o terceiro e não menos importante foi diferenciar “voz em off” quando uma imagem aparece. Decidimos por redução articulatória, uma forma equivalente para fazer narração discreta sem aparição de falante.
Ufa! Não parou por aí… na decupagem, identificados os personagens, partimos para a criação dos sinais com base na característica física mais marcante e permanente no decorrer do filme. Por fim, tivemos a alegria de compartilhar esse processo na XXXVI Semana do Tradutor/II Simpósio Internacional de Tradução e II Encontro do Setembro Azul em Campos do Jordão – Surdez e Acessibilidade.
Nem tudo é romance no Rio Sena e aventuras em Libras na vida do ratinho! Às vezes, ele se mete numa história de amor pra lá de macabra nos recônditos sombrios da Rússia. Em “A Noiva”, um fotógrafo descobre uma forma de perpetuar a presença de sua falecida esposa ao seu lado. (Terapia pra quê, migo?) Só que coisa boa não podia sair dessa situação, convenhamos. Mas meus posts são spoiler free, então paro por aqui.
A grande curiosidade de “A Noiva” ficou por conta de o filme, uma produção original russa, ter sido lançado no Brasil com o áudio dublado em inglês, o que fez muita gente torcer o nariz e se perguntar: “Por que não deixar o áudio original?”. Além disso, optamos por manter os nomes dos personagens como no original, sem adaptações, da mesma forma que a dublagem americana fez. Tal adaptação seria motivada, principalmente, pelo nome do casal protagonista: Ele = Vanya e Ela = Nastya, o que poderia causar uma confusão para o espectador, mas resolvemos honrar a tradição de Tchekhov e esperamos que ele esteja orgulhoso da gente.
Tem um comentário bacana? Uma curiosidade? Fala com o ratinho nos comentários ou no Facebook.. Ele adora trocar ideia. Até a próxima!