A LBM em cartaz: “Depois do Casamento” e “Midsommar”

Opa! Que bom ver você por aqui 🙂

Estamos de volta nesta quinta ensolarada do capeta para contar sobre nossas estreias da semana. Preparados?

***

DEPOIS DO CASAMENTO

Distribuído aqui no Brasil pela nossa querida Diamond Films, o longa estrelado por Michelle Williams e Julianne Moore é um remake do filme dinamarquês de 2006 com o mesmo nome. Nossa colaboradora Paula Barreto, que trabalhou no filme, conta mais sobre:

“Tudo começa quando Isabel (Michelle Williams) tem que viajar aos Estados Unidos em busca de doações para o orfanato que gerencia na Índia. Em Nova York, ela conhece Theresa (Julianne Moore), uma mulher bem-sucedida dona de sua própria empresa que está considerando se deve ou não doar uma grande quantia para ajudar o orfanato. Surpreendentemente, Isabel é convidada para ir ao casamento da filha de Theresa, e sua vida dá uma guinada de 360 graus depois do evento.

Extraímos uma legenda que mostra o grau de determinação envolvido.

Depois do Casamento é um filme sensível e delicado, mas não se engane: ele também trata de assuntos seríssimos, como maternidade, abandono, luto e amor ao próximo. É impossível não se emocionar com a perseverança e persistência de Isabel, apesar de ser uma mulher austera, ao tentar conseguir fundos para o orfanato que tanto ama. Ela tem uma ligação forte com as crianças órfãs, que são sua família, e, além de batalhar para dar a elas uma vida melhor, trata todas com muito amor e carinho. Theresa, apesar de ter seus momentos de severidade, também tem muito amor para dar: é uma mãe exemplar para a filha adulta e os dois filhos criança, além de ser uma esposa amorosa e companheira. São duas mulheres fortes, batalhadoras, bem-sucedidas e, acima de tudo, muito ligadas à família. Nós bem sabemos que não existe apenas uma configuração de família, e o ratinho aposta que você vai se identificar muito com a matriarca das duas famílias!

Para quem quer se emocionar no escurinho do cinema, esse filme é uma ótima pedida! Compre uma pipoca e um refri, se aconchegue na poltrona, leve um lencinho para enxugar as lágrimas e bom filme!”

Tamo junto, Michelle.

MIDSOMMAR – O MAL NÃO ESPERA A NOITE

Nossa segunda estreia do dia é o surpreendente terror diurno de Ari Aster, distribuído pela Paris Filmes. Quem acompanha o portfólio da LBM sabe que, ano passado, legendamos Hereditário, o filme de estreia do diretor que foi intensamente aclamado pela crítica.

O filme mostra a viagem de um grupo de jovens americanos à Suécia, onde testemunharão as festividades do solstício de verão pela primeira vez. Antes mesmo do embarque, as tensões já estão acumuladas entre alguns dos participantes e, chegando ao destino, os acontecimentos parecem contribuir para os conflitos. A noite praticamente não dá as caras durante todo o filme, os desdobramentos sinistros vão acontecendo à luz do dia e, bem… A gente fica confuso!

Esse gif resume bem o filme!

Não queremos dar spoilers, mas recomendamos fortemente uma ida ao cinema. Para tanto, deixamos aqui uma legenda… intrigante:

A produção também contou com acessibilidade completa do ratinho. Em conversa exclusiva com o mouse, Fernanda Leme, da nossa equipe de audiodescrição, comentou que a montagem se utiliza muito de planos abertos, o que significa que muitas coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo. Assim sendo, é mais difícil selecionar qual informação é a prioritária para o espectador. Numa nota mais pessoal, ela recomenda muita atenção aos detalhes da obra, pois ela traz pistas constantes nos adereços e artes que, com sutileza, contam histórias também!

***

A LBM em cartaz: “Abigail” e “Peterloo”

Caros e caras,

Vocês devem ter reparado como as coisas andam diferentes por aqui, não? Há um mês e meio, nossas vidas estão muito mais coloridas e divertidas com o lançamento da nossa nova identidade visual! Nova logo, nova paleta e todo um universo de elementos gráficos que ilustram nossa vida pessoal e de trabalho, da qual nos orgulhamos tanto.

E agora damos mais um passo…

Rufem os tambores!

…com a reinauguração do nosso querido blog, agora carinhosamente batizado de Toca do Mouse! Voltamos à nossa programação de posts com nossas estreias nas telonas e telinhas, além de discussões sobre conteúdos relevantes à nossa área. Garantimos que as coisas nunca estiveram tão animadas por aqui.

E vamos aos comentários sobre as duas estreias lbmísticas desta semana, trazidos pela nossa colaboradora Paula Barreto, que trabalhou na legendagem de ambos os filmes.

***

PETERLOO

O filme britânico “Peterloo”, com estreia nesse ano de 2019 pela Amazon Studios, marca o 200° aniversário do Massacre de Peterloo, ocorrido em 16 de agosto de 2019. Que você já ouviu falar na Batalha de Waterloo o ratinho sabe, mas e Peterloo? Bom, nada tema, pois o ratinho também dá aula de   história! 

Napoleão quando confundem Waterloo com Peterloo.

O Massacre de Peterloo aconteceu em St. Peter’s Field, uma praça de Manchester, na Inglaterra. Milhares de pessoas se reuniram no local para protestar e pedir por uma reforma parlamentar. A manifestação, de caráter pacífico, foi dirigida pelo famoso orador Henry Hunt, personagem do ator Rory Kinnear (os fãs de “Black Mirror” e “Penny Dreadful” vão reconhecê-lo!). No entanto, as forças militares foram chamadas para intervir, e o que começou como um protesto pacífico terminou em um banho de sangue, com cidadãos ingleses mortos e feridos.

O filme aborda toda a questão política e social que culminou na já citada   manifestação, e por meio dos diálogos dos personagens e dos discursos   feitos pelos grandes oradores apresentados no filme (sempre com muita pompa), o espectador tem acesso a todo o contexto de que precisa para entender o cenário do país na época.

Um tema muito abordado é a injustiça sofrida pelos trabalhadores humildes, que trabalham horas a fio e em condições insustentáveis, mas que não são amparados nem reconhecidos pela Coroa e governo. Há um   sentimento geral entre as camadas mais pobres de querer revidar, tomar o que é seu por direito, ter voz e reconhecimento.

Cena de “Peterloo”: qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência.

Apesar do filme se passar lá em 1819, as reflexões políticas apresentadas pela obra se mostram muito atuais, fazendo o expectador ponderar sobre o sistema em que está inserido e até que ponto ele é ou não justo. É um prato cheio para quem quer assistir a um filme mais politizado e denso, que faz   o espectador sair do cinema cheio de exclamações na cabeça. Apesar de longo e trabalhoso, nó adoramos a experiência de fazer a tradução desse filme e aprender um pouco mais de história mundial.

ABIGAIL E A CIDADE PERDIDA

É impressão minha ou essa russa tá igualzinha à Amanda Seyfried?

Ainda nesta quinta, estreia nas telonas brasileiras o filme “Abigail e a Cidade Proibida”.  A fantasia russa conta a história de Abigail, uma moça que mora em uma cidade isolada do resto do mundo por uma fronteira devido a uma grave doença infecciosa. A doença misteriosa e contagiosa afeta cada vez mais moradores da cidade, que são levados à quarentena. Assim foi o caso do pai de Abigail, que foi levado quando ela ainda era pequena. Tendo que sobreviver a um ambiente hostil sem a presença do pai, a quem era muito ligada, nossa protagonista acaba descobrindo um dom especial e poderoso – que o ratinho não vai dizer qual é para atiçar a   curiosidade de vocês! Com um visual steampunk lindo de morrer e cheio de tecnologias inovadoras, o filme explora de maneira leve temas como abuso de autoridade e poder, controle por meio do medo, o pavor que o desconhecido pode causar e como nem tudo é o que parece ser.

O filme entrelaça a história do presente com cenas de flashback, de quando Abigail ainda era criança e seu pai a ensinava lições de vida que seriam importantíssimas no futuro. A garota, sempre muito atenta e esperta, entendia muito bem os ensinamentos do pai, o que se provará de extrema   importância para a situação na qual ela se encontrará mais tarde. Um desses ensinamentos, disfarçado de história, é que na condição de   seres humanos, devemos sempre saber dizer e ouvir “não” e que nem tudo deve ser do jeito que queremos. É uma lição atemporal que serve não só   para a personagem, mas também para os espectadores. Não sabemos vocês, mas o ratinho adora quando filmes fazem você refletir!

Nossas legendas preferidas do filme!

Para quem gosta de filmes como “Harry Potter” e “A Bússola de Ouro”, esse filme é uma ótima opção! Não deixem de prestigiá-lo nos cinemas, com tradução by LBM feita com muito carinho. Afinal, o audiovisual não é feito só de blockbusters americanos (que a gente também ama), né?

***

Aha, uhu! O cinema é nosso! Valeu, Paula.

Prometemos estar por perto aqui no blog, mas não deixem de nos seguir também no Face e na nossa novíssima conta do Insta, a @lbmouse.oficial 😉

O controle de qualidade na legendagem

Caríssmos e caríssimas,

Nesta quinta-feira ensolarada, trazemos um tópico que levamos muito a sério aqui na LBM: o controle de qualidade, vulgo CQ. Aquele que não é uma revisão, mas também não é menos importante do que ela. Aquele que amarra o texto e dá consistência, deixa com cara de coisa bem feita. Mas onde vive e de que se alimenta o CQ?

Nossa meticulosa profissional de controle de qualidade, Paula Barreto, une seu amor por CQ ao seu amor por Bernardinho para descrever a saga da padronização (saiba mais sobre a nossa equipe!).

***

Você já parou para pensar em todos os processos pelo qual a legenda de um conteúdo passa antes de ser exibida? Se sim, você provavelmente pensou nos processos de tradução e revisão, talvez de leitura. Mas, na maioria dos casos, existe um outro processo bastante importante, ainda que não seja muito discutido e que poucas pessoas tenham consciência da sua existência: o controle de qualidade.

Então comecemos pelo básico: o que é o controle de qualidade? Onde ele se encaixa no processo de legendagem? Como é feito? Hoje, no Globo Repórter. Como muitas coisas no universo da tradução audiovisual, esse processo pode variar muito dependendo da empresa e do cliente, então não existem regras definitivas nem uma maneira correta de se fazer o CQ. Cada empresa pode abordar esse processo de maneira diferente, e nem todas incluem o controle de qualidade em seu fluxo de trabalho. Como trabalhei desde 2012 com controle de qualidade em produtoras que atendem principalmente aos grandes canais e serviços de TV, a perspectiva que vou oferecer aqui é de como essas empresas lidam com esse processo.

https___gerarmemes.s3.us-east-2.amazonaws.com_memes_64485300

Bom, o controle de qualidade nada mais é que uma etapa final depois do arquivo de legendas já ter passado pelo tradutor e revisor e, às vezes, pela leitura. Esse processo pode ser considerado como um pente-fino do arquivo, uma última revisão antes da legenda ser entregue ao cliente. “Mas para que fazer uma segunda revisão?”, você pode se perguntar. Afinal, se depois que a tradução foi feita o arquivo já passou pelas mãos de um revisor, qual é a importância desse processo final? Teoricamente, o controle de qualidade serve mais ao propósito de adequar o arquivo aos padrões do cliente – padrões esses que tradutores e revisores nem sempre estão por dentro. Normalmente quem faz o controle de qualidade são estagiários e funcionários que, diferentemente do tradutor, revisor e leitor, trabalham dentro da empresa. Isso significa que esses profissionais têm um entendimento maior sobre os  padrões e gostos do cliente, já que além de estarem dentro da empresa e ver como as coisas funcionam, eles também recebem e-mails com feedback, correções, preferências, manuais atualizados e afins. Sem mencionar que podem sempre contar com profissionais capazes dentro da empresa para tirar dúvidas, discutir opções de tradução e até enviar e-mails ao cliente para esclarecer o que quer que seja. Dessa forma, as pessoas que trabalham com o controle de qualidade entendem melhor sobre os padrões e preferências do cliente, e assim essa etapa se faz necessária para entregar um arquivo de alta qualidade.

https___gerarmemes.s3.us-east-2.amazonaws.com_memes_f4882c23

O trabalho do setor do controle de qualidade envolve também avaliar se um arquivo está todo dentro das diretrizes do cliente. Isso pode envolver muitas coisas: preferências linguísticas, dos and don’ts, inclusão do título ou não, tradução de artes/cartelas ou não, tradução de músicas ou não etc. Além disso, é responsabilidade do CQ tratar de aspectos mais técnicos, como cor da fonte, mudança de cor para legendas de cartela ou arte, arquivo de pós-produção, código de deslocamento da legenda, inserção de tarja, como prosseguir quando há legendas queimadas no vídeo, pausa correta entre as legendas e afins. Esse trabalho mais técnico geralmente não é feito pelo tradutor nem revisor, sendo responsabilidade apenas dos profissionais que trabalham no controle de qualidade. Então, além dessa parte obrigatória e mais técnica, o CQ serve também, como dito antes, para fazer uma segunda e última revisão do arquivo, ou seja, deixá-lo o melhor possível para a entrega final para o cliente. Dessa forma, o trabalho do controle de qualidade conserta erros que ainda passaram pelo revisor e muitas vezes melhora a qualidade do texto.

https___gerarmemes.s3.us-east-2.amazonaws.com_memes_e6a5a3e1

Esse processo pode não estar presente em todas as empresas e fluxos de trabalho, mas sua importância não deve deixar de ser notada. É uma etapa a mais que garante uma melhor qualidade do serviço, o que, no fim das contas, pode fazer toda a diferença na relação entre o cliente e a empresa. Por essas razões, além do fato de eu ter trabalhado muito tempo com isso e realmente gostado do trabalho, eu digo:

https___gerarmemes.s3.us-east-2.amazonaws.com_memes_ba9411d8

***

O ratinho dá sua bênção: padronizai-vos.

Gostou? Descubra mais sobre os nossos serviços!

A LBM em cartaz: “Todo O Dinheiro do Mundo”

Car@s colegas da LBM,

Sorte a de vocês que são caros para nós; se fossem caros para Paul Getty, ele não compraria!

ha ha

Infâmias à parte, a estreia lbmística de hoje é o comentadíssimo “Todo Dinheiro do Mundo”, o novo filme de Ridley Scott distribuído aqui no Brasil pela Diamond Films. Cercado de polêmicas e contratempos, a produção seguiu firme até sua estreia e agradou a muita gente. O ratinho fez essa legendagem e garante: é muita história para contar!

***

Para quem não conhece a figura (histórica), J. Paul Getty foi  possivelmente o homem mais rico do mundo, tendo feito sua fortuna com dinheiro de petróleo. Sua notória sovinice deu cria a crônicas familiares tão chocantes que sua biografia ficou digna de novela cinema. A mais famosa dessas histórias, o sequestro de seu neto preferido pelo qual ele se recusou a pagar o resgate, é o tema principal do filme. Ao assistir o filme pela primeira vez, achei tudo muito hiperbólico e inverossímil, ao que Johnny me alertou: a realidade havia sido ainda pior. Um rápido fact-checking mudou totalmente a minha perspectiva sobre o filme: a vida ganhou da ficção na corrida do absurdo.

A narrativa do filme inclui famosas frases e atitudes do velho avarento, como a entrevista que ele cedeu após a divulgação do sequestro do seu neto. Um jornalista lhe perguntou se ele pagaria o resgate pedido pelos sequestradores, ao que ele respondeu que tinha 14 netos e, se pagasse um resgate, logo estaria pagando 14. O filme dá a entender que o momento era bom para o mercado petroleiro e que, nessa época precisamente, Getty estava ganhando mais dinheiro do que nunca. O que fatos históricos confirmam, no entanto, é ainda mais chocante: o valor pedido pelos criminosos da Mafia para libertar seu neto equivalia nessa época ao que o empresário estava ganhando em apenas um dia com seus rendimentos! Para contar mais fatos, teríamos que dar spoilers do filme, então nos absteremos. Quem quiser saber mais sobre as relações da obra com a história real, pode ler esta matéria da Vanity Vair (em inglês).

As aparências certamente enganam.

Passando da realidade ao longa, o inacreditável também aconteceu. O papel de J. Paul Getty havia sido escrito para o ator Kevin Spacey, que gravou o filme inteiro como protagonista. Mas não era o Christopher Plummer no gif ali em cima? SIM! Com o filme já pronto, Spacey foi acusado publicamente de assédio sexual por várias pessoas, culpa que ele não negou. Assim sendo, os produtores do filme decidiram simplesmente riscar o ator do filme e regravar todas as cenas dele com Plummer em seu lugar, facilitando a vida dos cinéfilos que não precisaram sabotar filme de ator pedófilo. A LBM, no entanto, recebeu os screeners poucos dias antes do escândalo e pudemos ver o filme original Imagem relacionada Ele já foi devidamente deletado de todos os lugares, mas não pudemos deixar de fazer essa inveja nas inimigues.

Yuck.

Essa reviravolta foi complicada para a nossa equipe, que teve que lidar com materiais não finalizados. Foram muitas mudanças e refações nas legendas, trabalhamos com versões parcialmente sem áudio; parecia mais um trabalho de produtora do que de distribuidora. As cenas regravadas, porém, ficaram impecáveis e a crítica elogiou muito o trabalho de Plummer, que ganhou indicações de melhor ator coadjuvante para as principais premiações da temporada. Michelle Williams também roubou a cena no papel da mãe do garoto sequestrado. Já Mark Wahlberg dividiu opiniões, como você pode ver na crítica do What The Flick?!, que também apresenta o trailer:

Encerramos o post com o depoimento emocional do tradutor principal do filme, gerente de projetos e super-herói Johnny, que mais do que ninguém tem a falar sobre essa personalidade:

J. Paul Getty construiu sua vida para a posteridade, afinal o bilionário tinha uma obsessão com a história, a do mundo e a própria. Os livros que publicou, que incluem o título “How to be Rich” e uma autobiografia, são prova disso. A ode ao passado o levou a criar uma cópia idêntica da Vila Adriana de Tivoli, Itália, em Los Angeles. Como um Tio Patinhas que acumula obras de arte em mansões em vez de moedas de ouro em cofres, Getty buscava preencher um vazio que arte nenhuma é capaz.”

***

Voltamos semana que vem com mais uma estreia incrível!

A LBM em cartaz: “O Estrangeiro”

Queridões e queridonas,

voltamos nesta quinta para o primeiro “LBM em cartaz” do ano com uma estreia que só pode ser definida como muito d-a-o-ra: filme do Jackie Chan! O enredo, no entanto, traz surpresas.

Para aquecer, vamos assistir a uma cena épica de “Quem Sou Eu?”:

Preparad@s?

***

Quando soubemos que o filme do Jackie Chan viria para a LBM, nosso gerente Johnny logo se jogou na frente do projeto e disse que seria ele a traduzir. Logo, seu depoimento é indispensável:

Traduzir um filme do Jackie Chan foi como visitar uma parte da minha infância. Quando moleque, eu vibrava com as estripulias do baixinho chinês em filmes como O Caçador de Encrencas (City Hunter), O Mestre Invencível (Drunken Master) e Arrebentando em Nova York (Rumble in The Bronx). Depois de anos sem contato com a filmografia de Chan, confesso que me surpreendi com a pegada dramática e o tom soturno de O Estrangeiro. Diferente dos personagens que o consagraram, distanciando-se da veia cômica, Chan mostra que ainda tem lenha para queimar e pode surpreender, principalmente quando vai além da pancadaria.”

O que o querido Johnny não contou foi que a parte dramática deu mais trabalho na tradução do que o antecipado! O filme tem um contexto político tão elaborado que até engole a ação em muitos momentos. Esse contexto é desenrolado no enredo pela morte da filha de Chan num atentado terrorista assinado por um grupo dissidente do IRA (será porque ninguém aguenta mais filmes ambientados na Guerra Fria?). Para efeito de tradução, o sotaque irlandês por si só já cria barreiras – no que fomos ajudados pelo roteiro. Foi necessário também entender melhor a história do IRA para fazer escolhas adequadas em relação a termos e tom para o filme.

Falando em xenofobia!

Uma das escolhas mais interessantes para o filme foi a tradução do termo Chinaman. O termo dá nome ao livro que deu origem ao roteiro do filme, que acabou levando o título mais genérico de “O Estrangeiro” (The Foreigner). A troca de título é bem óbvia na sua intenção: não ofender ninguém antes mesmo de o filme começar. Como muito bem colocado pela crítica da Variety, o termo não tem equivalência alguma com outros rótulos de nacionalidade, como Britishman ou Frenchman. No entanto, o termo é usado largamente durante o filme, deixando o tradutor numa situação delicada. A decisão final foi utilizar duas opções de tradução: para os personagens pró-Chan, usamos “chinês”; já quando os anti-Chan o chamavam, era “china”. Quem quiser ler mais sobre o termo, pode dar uma olhada nesta página da Wikipédia, está bem legal!

Mas voltando às surpresas que Jackie Chan nos traz, a verdade é que há muito que não sabemos sobre o ator. Alguém aí sabia que ele já fez um filminho adulto, ou que ele é cantor de ópera? Quem quiser saber mais curiosidades sobre Chan, pode ler este artigo que lista 16 coisas surpreendentes sobre ele. A verdade, no entanto, é que Chan não foi somente visionário ao criar o gênero de comédia com kung-fu. Ele antecipou a moda de hoje já nas décadas de 70 e 80!

Eu facilmente pegaria coisas emprestadas desse closet.

Encerramos esse post com o espírito de luta renovado. Até semana que vem!