O ratinho marrom: origens e raízes

Vira e mexe alguém inculca com o nome da empresa. “Little Brown Mouse?”

Na verdade, vamos voltar a fita.

Muita gente demora um tempo para ter a curiosidade em saber o que significa LBM. “LBM?” Ah sim, “Little Brown Mouse”. Mas e aí? Qual é a do ratinho marrom? O que ele tem que os ratinhos brancos, pretos e malhados não têm?

Nós amamos todas as cores de ratinhos, mas o ratinho marrom é especial em nossos corações porque ele é um dos protagonistas no livro infantil “O grúfalo” (“The gruffalo”, no original). O outro protagonista é (SHOCKER) o grúfalo. O grúfalo é um monstrão grande, assustador, dono da floresta. Mas de onde ele saiu?

Curiosamente, da imaginação do ratinho. Confrontado por bichos predadores durante sua caminhada pela floresta, o ratinho vai engenhosamente se esquivando através da narrativa de que encontraria um certo “grúfalo”, uma criatura horrenda que ele vai descrevendo para os seus predadores para assustá-los e ser deixado em paz. A criatividade vai longe e, a cada predador encontrado, as características do tal companheiro do ratinho que está prestes a chegar se agravam e ficam mais ameaçadoras.

Ele pode ter defeito, mas é meu amigo.

Mas eis que, quando todos os predadores foram engambelados, surge quem? O G-R-Ú-F-A-L-O. E ele é tão raiz quanto o ratinho o havia descrito, e está pronto para fazer sanduíche de mouse. E agora, como se livrar da criatura mais assustadora da floresta? Acho que não é exagero dizer que a mente que criou o grúfalo poderia dar conta dele também. Numa sacada genial, o minúsculo ratinho diz ao grúfalo que ele não sabe com quem está mexendo. Como prova, pede que o grúfalo o siga pela floresta, pois assim ele veria que todos os animais tinham medo dele. Dito e feito: os predadores, que já haviam se reunido e manjado o esquema do ratinho, já o esperavam para o bote no caminho de volta. Ao baterem o olho no ratinho acompanhado do grúfalo, eles somem com os rabos literalmente entre as pernas e o ratinho retorna são e salvo, com histórias para contar por muitas gerações.

Aqui é Zé Pequeno, rapá.

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O ratinho somos nozes nós. A empresa pequena, que se vira e faz acontecer. Tudo com muita graça, carisma e qualidade. Tudo feito por nós, da nossa imaginação e inteligência, driblando as dificuldades com perspicácia. No mercado da tradução, onde imperam grandes empresas grúfalas e abundam profissionais freelance, o ratinho acha o seu lugar oferecendo a gama de serviços que uma pessoa sozinha não conseguiria oferecer, com a excelência e atendimento que uma grande empresa tem dificuldade de atingir.  Go, mouse! <3

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Sobre o livro

O livro de Julia Donaldson é um clássico britânico traduzido para diversas línguas. Aqui em território brazuca, ele pode ser encontrado em português nas principais livrarias. É um texto incrível, todo rimado, com ilustrações lindonas de Alex Scheffler. O livro ganhou um curta-metragem há alguns anos com narração da diva Helena Bonham-Carter, com visual muito fiel ao livro, que vale muito a pena ver.

Sobre amar “O Grúfalo”, só podemos dizer:

Confesso que dei uma despirocada numa viagem a Londres ¯\_(ツ)_/¯

Post Inaugural: Especial Moviola

Amigões e amigonas da LBM,

Por quase quatro anos agora, damos as boas-vindas a vocês no nosso blog. Hoje, trazemos o #tbt mais emocional possível: o nosso post inaugural.

Em 2014, ele contou a vocês um pouco da nossa história pessoal como empresa familiar e do nosso trabalho com cinema. Falou muito e sobretudo da moviola, nosso querido equipamento de pietagem. Em 2018, vemos que tanto mudou: nossa moviola hoje mora na Cinemateca de São Paulo, após doação feita pelo sócio-pai; meu avô não está mais entre nós; e os cinemas no Brasil estão quase 100% digitalizados, bem como os processos de legendagem. E, é claro, ninguém mais fala em pietagem, exceto figurões das antigas, como nós (descubra mais sobre nossos serviços atuais).

Esse revival tem por objetivo relembrar e comemorar a evolução do blog, da nossa empresa e da indústria como um todo. Serve também de esquenta para um guest post mais do que especial de alguém que manja muito de moviola e pietagem e vai dividir sua história conosco semana que vem.

Entramos no túnel do tempo.

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Amiguinhos e amiguinhas da LBM, bem-vindos ao nosso blog!

Neste post inaugural, queremos primeiramente agradecer a sua disposição em dispor de alguns instantes para nos conhecer melhor. A Little Brown Mouse é uma nova marca, mas não é de hoje que fazemos o nosso trabalho. Nossa empresa é composta por esta que vos fala, Ligia, e seu digníssimo pai, Claudio, a quem carinhosamente me refiro como sócio-pai.

Tudo se iniciou quando o sócio-pai (que não era nem sócio, nem pai) começou a fazer bicos de tradução com empresas da área cinematográfica para garantir o sunday do Joakin’s nosso de cada dia, isso em torno de 1974. Então, você se pergunta: “Onde raios esse playboy foi arrumar um trampo desses?”. Foi tudo facilitado pelo meu avô, Adone Fragano, que foi diretor da Fama Filmes e da  Paris Filmes e até hoje mantém uma empresa de produção e distribuição de filmes aqui no Brasil. O sócio-pai se enveredou por outros caminhos profissionais no começo da sua vida adulta, mas não se realizou, retornando assim à tradução e pietagem de filmes em 1990 (quando já era pai, mas não sócio) e transformando o bico em sua bem-sucedida carreira que adentra os dias atuais.

Como o fruto não cai muito longe do pé, eu já no colegial comecei a fazer trabalhinhos de tradução com o sócio-pai, que pacientemente me explicava que sand dollar não era um dólar de areia (sabe aquelas bolachas do mar? então) e outras coisas do tipo. Isso me levou a estudar Letras e me profissionalizar no caminho das línguas. Alguns anos depois, nos associamos com a criação de uma empresa, e esse é o momento em que gosto de pensar que o sócio-pai atinge seu ponto alto pessoal e profissional, tornando-se simultaneamente meu pai e sócio. Bem, cá estamos. Talvez sejamos familiares pois vez ou outra você viu nossos nomes assinados ao fim da exibição de um filme no cinema, talvez nunca tenha prestado atenção. Preste atenção a partir de agora, pois a assinatura virá no nome de Little Brown Mouse!

Bem, agora você já nos conhece melhor. Mas, espere aí. Talvez ao ler a breve introdução acima você tenha empacado na palavra “pietagem”. Esse substantivo bacana designa o trabalho feito para definir o espaço/tempo que se tem para escrever cada legenda. Se você é fuçado e já usou algum software de tradução de legendas, deve estar pensando: “Mas não é só apertar uma tecla para parar quando o caboclo começa a falar e outra quando ele termina, escrever a legenda na caixa de texto e o computador faz o resto?”. Bem, não é tão simples assim. Para a legendagem de mídias como TV e DVD, os softwares funcionam bem dessa forma mesmo. Processo semelhante também existe para cinema quando se trata dos que já estão digitalizados, cujo produto final exibido no projetor chamamos de DCP. Porém, nem todos os cinemas (na verdade, talvez a maioria deles) são digitalizados. Muitos deles ainda trabalham com as cópias de 35mm, que são aqueles rolos de filmes clássicos e pesadões que muitas vezes são usados como símbolo do cinema. Para definir o espaço/tempo das legendas nessas condições, é preciso fazer a pietagem numa máquina chamada MOVIOLA (foto). E, depois de muitos rodeios, isso nos traz ao verdadeiro sentido do post inaugural, que é justamente contar para vocês sobre a querida moviola que temos conosco.

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Edit 2018: Saudades, moviola!

Afinal, o que é uma moviola e como ela funciona? Um pouco de história antes. Voltando a 1974, quando o sócio-pai começava a fazer seus trampos como tradutor e marcador e quando nenhum cinema era digital, fez-se necessária a existência de uma moviola com a qual pudesse trabalhar a qualquer momento. Assim, nesse mesmo ano foi encomendada a fabricação de uma moviola exclusiva. Ela foi feita no Rio de Janeiro pela Titra Filmes, empresa de legendagem da época, e foi adaptada a partir de uma enroladeira de filmes. Olhando para a foto da moviola, imagine apenas a mesa com os carretéis. Isso seria uma enroladeira, instrumento usado meramente para rebobinar rolos de filme. Bem, a partir dessa enroladeira, foram adicionadas as seguintes peças: um leitor de som com lâmpada excitadora, uma lâmpada para leitura de imagens, um amplificador, uma caixa de som e um contador de pés. Pronto, estava feita a moviola!

Agora sim, como ela funciona? Como uma imagem vale por mil palavras, vamos assistir ao vídeo com alguns segundos de pietagem (não deixe de notar a elegância do sócio-pai operando a moviola).

A moviola funciona através de um processo fascinante no qual uma lâmpada lê o som do rolo de filme. Sim, uma lâmpada! Ela é chamada de lâmpada excitadora. Assim, o trabalho na moviola é prioritariamente auditivo. Caso haja alguma dúvida que só uma olhadinha na cena pode resolver, há também uma lâmpada normal que ajuda a pessoa marcando o filme a enxergar o que aparece nos minúsculos quadradinhos do rolo que exibem o filme fotograficamente, frame a frame. Uma lupa também pode ajudar nessa hora. Melhor dar uma corridinha no computador e assistir a cena lá, não é mesmo?

Construída em 1974, este ano a moviola completa 40 anos. Vamos encerrar este post agradecendo mais uma vez nossos leitores e desejando que a moviola viva mais 40 anos nos ajudando a realizar pietagens maravilhosamente precisas, para que ninguém tenha que passar pela terrível experiência de assistir filmes com legendas fora de sincronia 😉 Parabéns, moviola!