A plataforma VIDEOCAMP

Amig@s leitor@s,

O post de hoje é dedicado à divulgação de uma plataforma que a LBM considera muito importante, e que achamos que todos merecem conhecer.

Estamos falando do VIDEOCAMP. A plataforma VIDEOCAMP se dedica a fazer exibições gratuitas (online ou offline) de conteúdos relevantes, de cunho social, de qualquer parte do mundo. Ela faz parcerias com muitas produtoras e distribuidoras. Nós aqui da LBM, em particular, descobrimos essa maravilha através da Maria Farinha Filmes que, mesmo quando seus filmes são lançados no cinema, também são simultaneamente colocados à disposição no VIDEOCAMP, para que quem não mora numa cidade onde o filme está em cartaz não deixe de ter acesso ao conteúdo.

Para saber como fazer uma exibição pública e gratuita, você pode assistir ao tutorial aqui. Educadores têm um login especial 🙂 Ao organizar sua exibição, você pode escolher o título e algumas especificidades, como legendas ou acessibilidade. O catálogo é vasto e engloba muitos temas importantes, como: infância, educação, cultura popular, mobilidade urbana, consumo de carne, prostituição, entre outros. Atualmente no VIDEOCAMP, estão disponíveis para exibição filmes incríveis nos quais o ratinho trabalhou. Fizemos um top três para vocês se inspirarem. Vamos lá?

***

1) NUNCA ME SONHARAM

O documentário do Cacau Rodhen, produzido pela Maria Farinha Filmes, acabou de sair de cartaz, mas esteve no VIDEOCAMP desde o seu lançamento. Lá, você vai encontrar nossas legendas em inglês e espanhol, além de legendas descritivas e janela de Libras. Uma reflexão de primeira sobre o sonho da educação no Brasil esperando por você.

Thumb cartaz digital

 

2) O COMEÇO DA VIDA

Também da Maria Farinha, o documentário da Estela Renner sobre a primeira infância que ganhou o mundo está disponível na plataforma. Um bônus: além do longa, lá você também encontra a série de seis episódios temáticos. O ratinho assinou as legendas em português, inglês, espanhol, italiano, alemão e francês. Lembrando que o filme é falado em várias línguas, então nós por aqui também precisamos de legendas.

Thumb poster crian a

 

3) MARIAS

Dessa vez da Primo Filmes, mais um documentário fera. Segundo a própria sinopse, o filme é “Uma jornada pelo feminino através das festas marianas da América Latina. A diretora Joana Mariani viajou pelo Brasil, Cuba, México, Peru e Nicarágua acompanhando as festas das padroeiras desses países, todas Nossas Senhoras, observando as semelhanças e diferenças entre suas culturas e buscando vozes com grandes histórias para contar. O resultado é um filme singular que demonstra que a figura de Maria é maior que qualquer religião”. Assista ao filme com legendas em português by LBM!

Thumb af cartaz marias santa

***

Além do nosso top três, outros filmes imperdíveis com legendas do ratinho estão no aguardo de uma exibição sua. Veja alguns deles:

 

Que belo cardápio!

Dê uma fuçada lá e seja um exibidor na sua escola, local de trabalho, instituição ou onde quer que seja! E esteja preparado para aprender muito e se emocionar 🙂 Acesse: www.videocamp.com/pt

 

Cinema para tradutores de AV: Os elementos cinematográficos

Car@ tradutor@,

Se você é tradutor de AV, com certeza já interagiu com alguém que babou no seu ofício: “Nossa, que trabalho maneiro!”. Verdade que encontramos dificuldades e percalços pelo caminho, mas nossa profissão é de fato muito maneira. O principal motivo pelo qual se demonstra tanto interesse e admiração pelo que fazemos é que manipulamos muitos materiais audiovisuais. “Você trabalha assistindo a vários filmes e séries!”. Mais uma vez, verdade seja dita, muitas vezes legendamos materiais que não causariam muita inveja na galera, mas trabalho é trabalho e nem tudo são flores.

Mas pendendo para o lado realmente interessante, que é assistir a muitos filmes e séries, você já parou para se perguntar, como tradutor de AV, o quanto você entende de cinema e o quanto o seu conhecimento da área influi no seu trabalho? Ou mesmo como curioso, já pensou em como o seu entendimento dos elementos cinematográficos te ajuda a entender uma produção audiovisual e se relacionar com ela? Interessar-se por cinema é o pré-requisito mais importante para ser tradutor audiovisual, mas se considerarmos a TAV uma etapa da pós-produção do filme, o que ela de fato é, entender de cinema se torna condição sine qua non para atingir um nível de qualidade elevado na tradução.

Pensando nisso, resolvemos trazer para você uma série de posts que vai ajudar a todos a entender mais sobre cinema e transportar isso para os nossos trabalhos com TAV e nossas vidas de espectador também. Em colaboração com o editor e finalizador da m.art.ucci Ivan M. Franco, trazemos nesta quinta a primeira edição da série. Vamos lá?

***

Quando imaginamos um diálogo qualquer entre duas pessoas, utilizamos artifícios comuns e já estruturados nas formas narrativas conhecidas: podemos imaginar esse diálogo escrito como em romances, separado por travessões entre cada personagem; talvez com balões mostrando quem diz cada fala num quadrinho. Em um filme, provavelmente nós faríamos como um diretor: as pessoas envolvidas não ficam completamente de frente uma para a outra, mas um tanto perpendicular, para que a câmera possa enquadrá-las e captar um número maior de gestos e expressões.

No cinema, essa maneira de apresentar um diálogo já é considerada como clássica, o enquadramento comumente usado para situar pessoas e diálogos em um determinado ambiente de forma eficiente. Após estabelecer a posição das personagens dentro daquele local, podemos trocar os pontos de vista e acrescentar novos elementos e camadas ao diálogo.  Isso pode ser feito de inúmeras maneiras: um enquadramento baixo virado para cima pode causar a impressão de superioridade de uma personagem sobre a outra; um enquadramento muito fechado nos olhos pode demonstrar surpresa (ou basta contratar o Marlon Teixeira); algumas perspectivas podem ser completamente subjetivas, através do uso de pontos de vista peculiares, seja de animais ou até de objetos inanimados. Tudo isso ainda é considerado clássico.

Quem quiser ter acesso ao precioso material completo de expressões faciais, pode acessar a matéria do BuzzFeed em https://www.buzzfeed.com/raphaelevangelista/e-impossivel-ficar-indiferente-as-sete-caras-do-cinema?utm_term=.ctvzxgeG6#.gn5VDJna7
Expressão de surpresa by Marlon Teixeira. Quem quiser ter acesso ao precioso material completo de expressões faciais, pode acessar a matéria do BuzzFeed aqui.

Esses recursos narrativos vêm de um planejamento anterior e passam, de maneira resumida, pelo roteiro, direção de fotografia, direção de atores e edição. Mas resumir dessa forma é desconsiderar cada outro elemento que acompanha uma narrativa audiovisual: deixamos de citar as cores usadas, caso sejam usadas cores; a produção de arte e todo seu figurino ficam negligenciados; o próprio trabalho dos atores fica em segundo plano.  Queremos dizer que cada profissional ou artista responsável por algum elemento da narrativa precisa considerar os outros elementos para que a obra possa expressar ao máximo o que o autor pretende. Se por alguma razão o filme for preto e branco, não fará muito sentido o diretor de arte trabalhar com milhares de cores diferentes. O cinema é uma arte feita por muitos autores, por mais que seja idealizada por apenas uma pessoa.

Ao chegar à tradução audiovisual, é a nossa vez de considerar o máximo de elementos em cena para fazer o nosso trabalho. Apenas escutar a fala e olhar brevemente para a cena, desconsiderando as sutilezas que marcam aquele momento pode, em menor escala, tirar da beleza que um diálogo traduzido com sensibilidade cinematográfica poderia adicionar à cena; ou, em maior escala, causar discrepâncias e tornar grosseira a TAV. Dar atenção ao enquadramento permite que as falas traduzidas acompanhem a intensidade desejada pela cena. De forma semelhante, a luz e cor apresentadas pela produção dizem muito sobre o que se quer comunicar ao espectador, bem como as palavras escolhidas na tradução. Assim, se luz e iluminação são relevantes para o filme, devem ser para a tradução também.

O filme vencedor do Oscar deste ano “Moonlight – Sob a Luz do Luar”, legendado pela LBM, dá vida à dura vivência do protagonista Chiron, menino negro, pobre, mãe dependente química, que se descobre homossexual, acaba espancado, vai preso e se torna traficante de drogas. Diante dessa sinopse, o tradutor poderia facilmente adotar uma linguagem igualmente dura todo o tempo, que refletisse a realidade ali ilustrada. As cores do filme, no entanto, vêm nos dizer o oposto: ao dividir o filme em três capítulos, cada qual com um tratamento de cor diferente, a produção se afasta de um registro realista e documental para criar uma atmosfera onírica, em que o espectador não só é testemunha dos duros eventos vividos por Chiron, mas também pode mergulhar na sua vida emocional.

Em outubro do ano passado, o IndieWire publicou um artigo extremamente detalhado sobre esse aspecto do filme, com imagens inéditas que comparavam cenas do filme extraídas diretamente da câmera e suas versões pós tratamento (leia o texto em inglês na íntegra aqui). Na imagem abaixo do ator Mahershala Ali, vemos que a alta saturação deixa o visual muito mais quente, trazendo mais textura ao tom de pele. Não coincidentemente, o primeiro capítulo do filme traz diálogos de reflexão sobre a cor de pele negra dos personagens e considerações sobre a luz do luar cubano, contrastando com a paisagem californiana. Confirmando essas relações, o colorista do filme Alex Bickel disse que “foi seu trabalho desenvolver paletas que proporcionassem o impacto emocional desejado pelos criadores do filme”.

ml-test-ali
E o impossível aconteceu: não é que conseguiram melhorar a cara do Mahershala Ali?

O diálogo entre a TAV e esse movimento estético, trazido pelos elementos cinematográficos da luz e do tratamento de cor, se dá numa trama muito delicada de legendas que mistura registros formais e informais, gírias e linguagem poética, expressando ao mesmo tempo profundidade e sensibilidade, num contexto em que seria difícil de desvincular o conteúdo do filme a visões clichês de questões sociais sem a ajuda dessa tensão visual. Um filme como “Moonlight”, preenchido de silêncios brilhantes e às vezes até devastadores, determina esse cuidado com as legendas para que a experiência proposta pela obra não fique prejudicada. O resultado é uma narrativa que nunca viola a nossa suspensão da descrença e permite que todas as suas camadas sejam absorvidas e contempladas pelo espectador. O diálogo perfeito entre artistas e público.

***

Ivan M. Franco é formado em cinema pelo curso de Imagem e Som da UFSCar, especializado em roteiro e direção, trabalhando há mais de 10 anos com montagem e finalização de obras audiovisuais. Também se dedica a experimentações artísticas com fotografia, vídeo e música.

Daredevilish Subtitling II

Querid@s,

Voltamos saltitantes para mais uma edição de Daredevilish Subtitling, espaço dedicado a dar visibilidade a soluções ousadas de legendagem. Se você não leu a primeira edição ou quer relembrar, clique aqui.

Nesta edição trazemos novamente três exemplos. Desta vez, no entanto,  além de um exemplo lbmístico, apresentamos ousadias de uma tradutora de cinema diva misteriosa e também de um querido colaborador. Preparad@s?

***

Exemplo ousado #1

Para reafirmar a ousadia do ratinho, trazemos uma solução do filme “Um Amor a Cada Esquina”. O filme foi traduzido para os cinemas em parceria com a Mares Filmes no segundo semestre do ano passado, tendo sido uma comédia de sucesso. Apesar de não ter nada a ver com ele, lembra um pouco os moldes cômicos do Woody Allen.

A protagonista narra para uma entrevistadora durante o filme a história inusitada de como foi de garota de programa a atriz estelar. Falando sobre sua infância, surge algo curioso sobre “colas em bastão” (glue stick) ou algo parecido com isso:

E a narrativa segue. Muitas piadinhas para lá e para cá e, de repente, descobrimos que o nome de acompanhante da protagonista é “Glow Stick”!

Sim, Clô Pritt. O nome segue se repetindo filme afora, como em seguimentos como este:

O que vocês teriam feito?

 

Exemplo ousado #2

Nosso amado colaborador, gerente e amigo João Artur nos enviou um exemplo que nos fez rir muito. Em sua tradução do filme “Deu a Louca na Chapeuzinho 2”, ele teve que fazer uma certa ginástica achando soluções. Segundo ele, as personagens do filme tinham um lance com confeitaria e surgiam jogos de palavras. Vamos dar uma olhada numa dessas situações:

Genial! Ele nos contou que “pirou na batatinha” era outra opção talvez mais acessível, pois nem todos conhecem o bolo cuca. Mas resolveu ousar para manter o jogo de palavras minimamente açucarado. Arrasou.

Exemplo ousadíssimo #3

Para fechar com chave de ouro, trazemos um exemplo ma-ra-vi-lho-so e ousado-põe-ousado-nisso. A autora é a tradutora para cinema Marina Fragano Baird, que também traduziu franquias de peso como “Harry Potter” e “Senhor dos Anéis”, sendo uma personalidade bastante discreta, mas cultuada no meio. Outro detalhe biográfico relevante de sua biografia é que ela é minha tia.

Há algum tempo, fui ao cinema assistir “Amante a Domicílio”, cumprindo com meu dever de fã obsessiva do Woody Allen. Coincidentemente, a trama também envolve prostituição light, mas dessa vez se trata de um gigolô por acaso, que vira o queridinho de algumas mulheres ricas e deslumbrantes da cidade. Em conversa pré-ação, Sophia Vergara conta para ele algumas coisas que ela gosta de fazer:

Esse é um dos casos em que ler a legenda tem muito mais graça do que ouvir e entender o original. Segundo minha tia, nem seus filhos conheciam o termo – confirmando total ousadia.

***

Chegamos ao fim desta edição com o coração cheio de ousadia renovada para os próximos trabalhos. Por favor, não deixem de nos enviar seus exemplos ousados, contamos com a colaboração de tod@s! Podemos ajudar na legendagem do vídeo se isso for um problema 🙂 Escrevam para blog@www.littlebrownmouse.com.br/toca-do-mouse

Até a próxima!

Daredevilish subtitling – quando o seguro não satisfaz a alma criativa

Colegas legendador@s e amig@s curios@s,

Vamos começar com um enigma: o que as palavras (palavras?) vagaba, caixeta e tantufas têm em comum? Pensem bem.

***

Como tradutores de diálogos, realizamos nosso trabalho dentro das regras convencionadas para o nosso ramo de tradução ou estabelecidas por nossos clientes e, com os limões em mãos, fazemos nossa limonada audiovisual. Damos nosso melhor para achar soluções bacanas e inventivas para aqueles pepinos tradutórios, tomando o devido cuidado para não sair da linha. Somos bons nisso (ou ficamos, com o tempo).

Às vezes, também, fazemos a escolha de neutralizar nosso texto. Com pesar em nossos corações, desfazemos um brilhantismo oral numa chapada frase objetiva e sem ambiguidades. Estamos pensando em nossos leitores, é claro. Pick your battles, you can’t always win. Saber quando desistir e focar nos desafios que valem a pena também são habilidades requeridas. Certamente não são todos os diálogos que merecem uma noite mal dormida.

Mas há aqueles. Sabe, aqueles? Os que roubam seu sono. Vez por outra nos deparamos com diálogos que merecem nossa dedicação. Mas, é claro, todos os nossos diálogos têm 100% de nós, em teoria. Então, o que vamos dar a mais por esses diálogos?

Bem, voltemos às regras. As regras que norteiam nosso trabalho na maior parte do tempo nos ajudam a desenvolver uma tradução criteriosa e padronizada. Regras muito rígidas às vezes limitam nossa liberdade criativa, mas também limitam nosso escopo e nos ajudam a tomar decisões. Às vezes, não há regras, mas há bom senso. Talvez o bom senso seja a maior regra, a regra internalizada. Aquela vozinha que faz você apagar o que escreveu, pensando: too much, diva darling, too much. A regra interior que faz você temer o que o cliente, o público e os colegas vão pensar. Ela é prudente, e sábia também. Será que a deixamos ditar nossa tradução com demasiada frequência? Provavelmente, não.

Regras e bom senso na legendagem incluem, por exemplo, a não banalização de palavrões e palavras vulgares, o não uso de regionalismos e gírias locais que não alcançam um público mais amplo, o não uso de vocábulos que você encontria no whatsapp de adolescentes e, de forma geral, um respeito à diagonalidade do texto audiovisual, que não quer nem muito do oral, nem tudo do escrito. E não é que a gente fica bom em achar esse equilíbrio? Coisa impressionante. Mas há tempos, eu ganhei uma certeza nessa vida de tradutora: ser um bom tradutor de diálogos é, aqui e ali, jogar tudo pra cima e salvar um diálogo, só um, da morte, esquecimento e pior, da sem-graceza.

Então, o que mais daremos por AQUELES diálogos? Nossa ousadia!

Let’s risk it all.

***

Quero agora apresentar alguns exemplos de situações aqui na LBM em que ousamos. Situações bem pontuais em que resolvemos não deixar para lá, fosse usando palavras extremamente informais, do vernáculo oral ou até mesmo inventando um pouco. Vamos lá!

Exemplo ousado #1:

No filme “Canibais” que traduzimos para a Paris Filmes, a tradução não deu trabalho. No entanto, encontramos uma brecha para marcar a memória dos leitores. Quando as amigas se despedem, a vulgaridade rola solta!

A assonância ficou prejudicada, mas a vagaba salvou o dia!

 

Exemplo ousado #2:

Numa dada cena de “Inatividade Paranormal 2” (PlayArte Pictures), Malcolm entra no quarto da sua enteada atrás de uma caixeta amaldiçoada… Caixeta?

https://youtu.be/mDRFiHyr7Uo

Imaginem que coisa mais chata escrever “caixa” naquelas legendas, que tristeza!

Pausa para cultura quase inútil: vocês sabem o que é uma boceta? Mas que pouca vergonha… Peraí gente, uma boceta é uma caixa pequena! Sim, uma caixeta. Juro, olhem:

s. f. || dimin. de caixa: o mesmo que boceta.

Leia mais: http://www.aulete.com.br/caixeta#ixzz3h6JezfF1

Mentes ativas começam a achar conexões de sinonímia, mas e daí? Pouca gente conhece a acepção original do que é hoje um baita palavrão e não ia dar muita sutileza. Mas… e a caixeta? Que bela rima! Final feliz.

Exemplo muito ousado #3:

Este é um personal favorite, sem dúvida. Em “Virando a Página” (Diamond Films), o professor de Screenwriting (Hugh Grant) faz a chamada dos seus alunos. Ele faz muitos trocadilhos com a língua. É também sedutor e não leva as aulas a sério. E agora?

https://youtu.be/gwxarzQd5LI

Either ou either? Tantufas!

PS: a marcação presente nesse vídeo não foi feita pela LBM, apenas a tradução.

***

Então, é isso. Pequenas ousadias que lavam a alma e nos mantêm no caminho. Elas são muito importantes! Por isso, convido todos os colegas legendadores a enviar seus exemplos de daredevilish subtitling para nós. Recriarei este post mensalmente com exemplos ousados, engraçados e geniais de todos que quiserem colaborar. Envie seu vídeo legendado para blog@www.littlebrownmouse.com.br/toca-do-mouse. Não precisa ser em inglês, ok?

Beijas e até a próxima!

A LBM no congresso da ABRATES

Querid@s,

Nos últimos três dias, estive totalmente fora do radar, dedicada intelgralmente à participação no VI Congresso Internacional da ABRATES. Este ano, ele foi realizado na nossa fantástica selva de pedras paulistana – uma excelente escolha, sem dúvida!

Neste post, quero compartilhar com vocês alguns highlights do congresso como participante, na esperança de dar maiz voz ao que achei muito legal e também dar uma noção a quem não pôde comparecer.

***

Em primeiro lugar, foi uma oportunidade incrível para mim de conhecer pessoalmente o coordenador pedagógico da ACME, o João Artur. Para quem não lembra, eu abril a ACME e a LBM ofereceram em parceria um webinário sobre tradução para cinema. O webinário, realizado num cabisbaixo domingo à noite, teve uma aceitação muito bacana entre os participantes, sendo a maior prova disto este log do finalzinho do evento, com destaque especial para a menção pouco honrosa ao Faustão:

log webinar faustão

Um pouco off-topic, mas relevante: em breve o webinário estará disponível em VOD para quem não conseguiu assistir no dia 🙂

Ainda sobre a ACME, quero também destacar o mais que agradável mixer exclusivo que tivemos com alunos, professores e colaboradores. Foi super!

Voltando ao congresso, naturalmente estava muito atenta à programação sobre tradução audiovisual, que estava um tanto escassa. Tivemos a apresentação do João sobre o processo de legendagem e mercado de trabalho, muito informativa e esclarecedora (a legião de fãs famintos após a apresentação falou por si só rs). Logo após, tivemos a apresentação do Capitão Israel sobre o vocabulário específico usado em filmes e séries de guerra. Eu já havia tido o prazer e privilégio de participar de um workshop muito semelhante dado por ele em outro evento de tradução – quem assistiu sabe como são úteis todas aquelas dicas. O melhor ainda é poder contar posteriormente com a ajuda dele quando você não tem a menor ideia do que está escrevendo quando um Chefe do Estado Maior diz ao General de Brigada que vai enviar os paraquedistas (eu certamente não saberia escrever essa frase com consciência do seu conteúdo se não fosse pelo Capitão Israel!).

Senti muita falta de pessoas falando sobre dublagem, audiodescrição, voice-over, closed caption e cinema também. Fica o comprometimento para uma maior colaboração minha e da LBM para a ala audiovisual no congresso do ano que vem.

***

Com apenas essas duas comunicações sobre a minha especialidade, tive muitas oportunidades de sapear pela programação e quero comentar em especial duas apresentações que me agradaram muito. A primeira é a da pesquisadora de Santa Catarina Marina Piovesan. Ela nos falou sobre a sua pesquisa de mestrado, que realiza junto à delegacia do turista em Santa Catarina. Segundo ela, nessa delegacia, dedicada ao atendimento ao turista, não há suporte para que os turistas estrangeiros sejam ouvidos. Suporte = tradutor/intérprete. Sim. Estrangeiros que foram roubados, furtados, assaltados, sofreram violência ou danos de várias naturezas não encontram na delegacia um profissional que gere um boletim de ocorrência decente, confiável ou sequer legível. Como é feito? Google translator, gestos, chama o comerciante árabe da esquina ou simplesmente não é feito. Não por acaso, a maioria dos casos não é julgado e vai para a gaveta. O esforço da Marina é no sentido de criar um modelo de extração de narrativa que possa ser implantado nas delegacias e, obviamente, chamar a atenção para o fato de que um profissional de tradução/interpretação com conhecimento da linguagem jurídica é indispensável lá dentro. Dá para imaginar toda a pressão e opressão que ela está enfrentando para levar a cabo um projeto desses, então eu quero expressar aqui toda a minha admiração e encorajamento.

Numa reviravolta mais feliz, hoje assisti a uma apresentação que conquistou meu coração. A carismática Carolina Walliter falou sobre “coworking e os tradutores na vanguarda da nova era de trabalho”. Grande entusiasta desses modernos e ‘conectantes’ locais de trabalho, ela ofereceu muitas vantagens, contou sua experiência pessoal e ofereceu motivos sócio-históricos muito atraentes para que o tradutor faça sua adesão a essa nova forma de networking. Será o coworking o responsável pelo fim da alienação imposta ao homem pela vida de trabalho incessante? É, no mínimo, uma discussão muito interessante. Seu website, o Pronoia Tradutória, ainda está em construção, mas em breve trará mais informações e reflexões acerca do coworking para tradutores.

***

Uma última coisa que vale a pena ser mencionada foi a campanha da organização do congresso para expor as associações de tradutores e intérpretes. Organizações como o SINTRA, a APIC e a própria ABRATES estão em busca de novos associados para fortalecer nossa profissão. O SINTRA é uma referência para nós na LBM, pois fazemos uso diário dos valores de referência por ele estabelecido. Eles também estão numa batalha importantíssima para trazer o tradutor para a categoria do simples, para que paguemos MUITO menos impostos. O SINTRA é nosso sindicato e o único que pode de fato nos representar diante das autoridades governamentais. A ABRATES e outras associações também são boas para nos colocar em contato com a classe e clientes. A ABRATES, a maior delas no nosso âmbito nacional, também oferece benefícios a mais (o congresso sendo um deles) e está com projetos bem bacanas, como plano de saúde para os associados. Uni-vos, tradutores!

***

Depois desses três dias, é bem verdade que eu poderia dormir mais três dias. A gente não se dá conta do quanto de energia se gasta com andanças, a atenção às palestras, os batepapos. Mas vale muito a pena. Quero deixar um caloroso agradecimento em especial para João, Patrícia, Paulo, Renato e Luis pela excelente companhia (faltou o beijo pro sócio-pai e para a Xuxa). Foi uma honra e um prazer! #abrates2016