Tradução para cinema: a evolução

Caríssim@s leitor@s,

O primeiro guest post deste ano é mais do que especial. Depois de um bom tempo de espera, enfim recebemos em nosso blog a tradutora de cinema Marina Fragano Baird, vulga minha tia Marina, para um relato de coração sobre a tradução para cinema através das décadas.

Duas dicas bacanas que darei totalmente de graça para vocês. A primeira é: o texto a seguir discorre longamente sobre a moviola e a pietagem. Então, se ainda não leram o post inaugural deste blog especial sobre a moviola, cliquem aqui e leiam agora para entender melhor sobre a máquina e seu funcionamento. Ele foi repostado semana passada com nova introdução e arte. A segunda dica? Só aproveitem!

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Olá, pessoal! Depois de meses ensaiando para escrever no blog do ratinho, aqui estou.

Pois é, a vida de tradutor de cinema é assim, corrida, cheia de imprevistos. Fica difícil se programar. E, mesmo tentando se programar, quando seu corpo e sua mente resolvem por você que é hora de parar, descansar, fazer aquela viagem revigorante, você corre o risco de deixar de fazer aquele filme que você tanto queria traduzir! Mas você volta renovada para novos desafios. Relaxada e com mais experiências e conhecimento para usar nas suas traduções.

Férias de tradutor de cinema?

É, acho que é uma profissão na qual as férias proporcionam um descanso necessário, claro, mas também reforçam o estoque de conhecimentos a serem aproveitados no seu ofício. Pelo menos, para mim, é assim desde a década de 70. Por mais complexo que fosse traduzir um filme no início, antes mesmo da existência da máquina de escrever elétrica, e marcar manualmente (que mais tarde começou a se chamar também “pietar”) na moviola a entrada e saída de cada legenda para o laboratório saber onde colocar cada uma delas, esse foi sempre um trabalho estimulante.

Sem contar que os roteiros não eram bem elaborados como nas últimas décadas, e era preciso “levantar” muitas palavras e frases na moviola (tarefa difícil, pois sendo ela manual, era difícil dar a velocidade precisa na fala), ou então “levantar” o que faltava na cabine onde o tradutor assistia ao filme. E, quando queríamos voltar atrás no filme para rever uma cena ou ouvir novamente um diálogo, era preciso pedir para o operador parar o filme, voltar atrás manualmente até um ponto que provavelmente seria o ideal, montar novamente e religar a máquina. E lá se iam muitos e muitos minutos, sem contar o risco de ter que ver mais uma vez!

Somado a isso, na época da ditadura, por exemplo, corríamos o risco de ter que marcar (pietar) o filme três ou quatro vezes, pois nossos austeros censores abominavam, por exemplo, o uso da palavra “droga” usada como tradução de “damn” ou “shit” (“merda” nem por sonho), pois podia remeter a “drogas” (“drugs”), e cortavam a cena inteira, o que obrigava a remarcar o rolo a partir daquele corte.

A tia Marina ainda tem a sua moviola, que está parada há cerca de 3 anos. É uma versão mais moderna e menos penosa de usar, otimizada para não sobrecarregar o braço do marcador.

“Calígula”, por exemplo, eu tive que marcar quatro vezes! A marcação, ou pietagem, consistia em anotar o número (que aparecia no marcador em pés da moviola) no início e no fim de cada legenda. Essa marcação servia também para o tradutor saber qual deveria ser o tamanho da legenda para que houvesse tempo de leitura da mesma.

Algumas décadas se passaram, passamos da máquina de escrever manual, à elétrica, e depois ao computador. Os filmes passaram há uns três ou quatro anos, a ser todos digitais. Os filmes que eram vistos em cabines, passaram a ser entregues ao tradutor em VHS (é só dar um Google para saber que bicho é esse!), depois DVD, blu-ray, pendrives. Hoje em dia, ou você recebe o link para baixar o filme, ou então você recebe um aviso de que determinado filme está disponível para você. E então, você já recebe a imagem, o template com as legendas na língua original e um template em branco para fazer a tradução, já indicando de que tamanho deve ser a legenda, que tende atualmente a ser mais curta. (Ou seja, um trabalhinho mental a mais, pois você tem que dar ideia do que está sendo dito com menos palavras!)

Só a tradutora oficial da Warner poderia dar essa letra, né, migues?

Os roteiros agora costumam estar completos e, por vezes, com explicação de determinadas palavras ou expressões. E a imensa quantidade de dicionários digitais e sites de pesquisa nos permitiu aposentar os vários dicionários, que iam sendo substituídos por novos, ou por terem se tornado obsoletos ou por já terem perdido várias folhas por excesso de uso. Para nos adaptarmos às novas tecnologias, de vez em quando temos que fazer alguns treinamentos. Às vezes, confesso, dá preguiça de ter que aprender algo novo, mas depois de dominada a nova técnica, a sensação é de satisfação, e normalmente o trabalho torna-se um pouco mais ágil.

Foram tantas e tantas mudanças através das décadas, mas o que não muda é o aprendizado a cada filme traduzido. Não só em termos de aprender novos vocábulos e expressões, mas de viver diferentes experiências com cada personagem, formar opiniões a respeito de determinados fatos e descobrir suas opiniões com relação a certos temas, antes desconhecidas até por você. E conseguir transmitir para os espectadores a ideia de cada frase, já que geralmente não existe um tempo de leitura suficiente para traduzir tudo que é dito, dá uma sensação de missão cumprida.

Inventar trocadilhos onde a tradução literal tiraria a graça de determinada legenda é outro desafio. E algumas traduções de termos ou expressões que fizemos e não nos satisfizeram nos perseguem no banho, na refeição, no supermercado, até que encontremos uma que nos convença.  Além das pesquisas habituais, às vezes temos que ler livros nos quais certos filmes se baseiam, para que sejam mantidos os nomes dos personagens, locais, determinadas expressões características, etc. Foi assim, por exemplo, com os oito filmes “Harry Potter”. Para traduzi-los, li os sete livros, mantendo assim os nomes dos personagens, das casas, dos feitiços, dos lugares, etc., para não frustrar os fãs, muitos dos quais sabiam cada nome contido no livro de cor. O mesmo aconteceu com outras franquias como “O Senhor dos Anéis”, “O Hobbit”, e os filmes de super-heróis: “Batman”, “Mulher-Maravilha”, “Esquadrão Suicida”, “Liga da Justiça”, entre tantos outros. Os fãs dos quadrinhos não perdoam um mínimo deslize! Assim como os das franquias para adolescentes, como “Divergente”, “Crepúsculo”, etc., além de filmes baseados em livros famosos, como “O Pequeno Príncipe”, “A Cabana”, “O Nome da Rosa”.

Estamos fazendo uma vaquinha virtual para comprar um novo apê onde a tia Marina possa colocar sua lista de filmes traduzidos, que já não cabe mais em seu apartamento.

E assim, depois de mais de 1.500 filmes traduzidos, continuam iguais o entusiasmo pela profissão, pelo aprendizado a cada filme, a sensação de satisfação ao final de cada trabalho concluído, principalmente os que requerem maior esforço, e a alegria ao ver reconhecido o valor do próprio trabalho.

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Marina Fragano Baird formou-se em Letras na USP e começou a traduzir para cinema aos 18 anos. Com mais de 40 anos de carreira, tem uma lista invejável de mais de 1500 filmes traduzidos. Viajou boa parte do mundo atrás de renovação mental, espiritual, corporal e, sobretudo, cultural para seguir traduzindo. Pioneira na pietagem de filmes 35 mm, aprendeu sobre marcação na antiga Labocine do Rio de Janeiro e seguiu marcando filmes até que todos os cinemas brasileiros estivessem digitalizados. Uma referência na tradução para cinema, com a qualidade que estabeleceu padrões no mercado, e ícone para fãs brasileiros das maiores franquias culturais do planeta.

Cinema de rua: histórias além do roteiro

Para esta semana, mais um post superespecial da nossa expert em rolês urbanos, Vanessa Bocchi. Desta vez, ela nos apresenta um panorama dos cinemas de rua em São Paulo, nos dando ótimos motivos para visitar esses espaços que tanto dizem sobre nossa cidade e cultura, mas que comumente não frequentamos. A Mostra de Cinema de São Paulo começa hoje, espalhada por diversos cinemas de rua de São Paulo, então fica a dica 🙂

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Noitão do Belas Artes. Quem nunca?
Crédito da imagem: Letícia Godoy

Semana passada, andava pela Rua Fradique Coutinho, em Pinheiros, onde moro há pouco mais de dois anos. Passei em frente ao Cinesala, cinema de rua tradicionalíssimo paulistano (se encontra no mesmo local desde 1962, com diferentes nomes ao longo dos anos). Sem compromissos agendados para a tarde, cogitei conferir a próxima sessão disponível, quando me dei conta que, naqueles últimos dois anos, havia ido ao Cinesala duas únicas vezes. Número baixíssimo para uma pessoa que se considera cinéfila e mora a um quarteirão do cinema, certo?

Depois de alguns bons minutos assimilando esse fato, comecei a tentar listar os motivos para que essa frequência fosse tão baixa. Seria por achar muito caro? Ou o comodismo de ter o combo sofá + TV me aguardando em casa do outro lado da Teodoro Sampaio era tentador demais para resistir?

Assumi para mim mesma que ambos os motivos eram verdadeiros (e não me orgulho de como o segundo me faz parecer preguiçosa, juro).

Com isso em mente, dediquei um tempo a pesquisar e escrever sobre cinemas de rua, mas não queria elaborar um ranking dos melhores e mais bonitos de São Paulo, como vejo constantemente pela internet. Queria engatar uma discussão sobre a importância de frequentá-los e percebendo ao mesmo tempo o papel deles na cidade, tanto na questão cultural quanto urbana.

Os cinemas de rua eram muito comuns na década de 60 e 70, mas ao longo dos anos que trouxeram exponenciais avanços tecnológicos, as redes de exibição preferiram investir em complexos com um grande número de salas dentro de shopping centers, aliando o cinema à sua área de lazer. Hoje são poucos os cinemas propriamente de rua espalhados pela cidade.

Abaixo, procurei listar os principais motivos para incluirmos esses incríveis espaços culturais e de entretenimento no nosso próximo roteiro de lazer.

 

Seleção dos Filmes

Chaplin aprova este cinema.
Crédito da imagem: Divulgação

O primeiro pensamento que vem à mente quando falamos de cinema de rua é a escolha da programação. Expressões como “filmes cult” ou “filmes cabeça” sempre aparecem no assunto e, se às vezes esses podem não ser os termos mais apropriados, não podemos negar que a maior parte do circuito de exibição dessas salas escolhem filmes que vão na contramão dos blockbusters, preferindo exibir filmes independentes, de pequenas distribuidoras, ou até mesmo realizando pequenas mostras de filmes clássicos e participando de festivais cinematográficos.

 

Ambientação

Um elemento diferencial desses empreendimentos são os espaços onde estão construídos, seu design arquitetônico e decoração. Não há comparação entre qualquer sala de um grande complexo de shopping com o Cine Marabá, por exemplo. Inaugurado em 1944 e tombado como patrimônio histórico, seu grande salão de entrada, lustres e fachadas passaram por uma restauração em 2009 e hoje o cinema abriga cinco salas de exibição.

Também vale conferir o Cinearte no Conjunto Nacional e sua aparência que remete a um grande teatro, além de outras salas cuja decoração é uma atração à parte. É o caso da Cinesala, com pôsteres de filmes clássicos espalhados pelas paredes (desde Monty Python até Trainspotting) e mobiliário de Ruy Ohtake e Zanine Caldas.

Ache o Wes Anderson na parede.
Crédito da imagem: Divulgação

 

História e Urbanismo

Se traçarmos uma rota pela cidade abrangendo a localização desses cinemas, temos mais do que um circuito de passeio, temos também um trajeto que conta a história da cidade. A localização do próprio Cine Marabá, na Av. Ipiranga, já diz muito sobre o cenário cinematográfico da época. Pertencente ao empresário paulista Paulo Sá Pinto, ele foi construído em frente ao antigo Cine Ipiranga, que pertencia ao espanhol Francisco Serrador, dono na época de um grande número de complexos na cidade. A escolha do local foi uma clara mensagem de oposição à hegemonia de Serrador nos cinemas paulistanos.

73 anos e contando.
Crédito da imagem: Divulgação

A Cinemateca Brasileira já teve suas projeções e eventos organizados no antigo Cine Fiametta (hoje o Cinesala!) até que, em 1992, a prefeitura cedeu o complexo tombado do Matadouro Municipal para abrigar sua vasta coleção de filmes. Ao longo dos anos, o espaço passou por diversas reformas e hoje nele também se encontra a Biblioteca Paulo Emilio Salles Gomes, que conta em seu acervo com quase 5.000 livros, revistas brasileiras e estrangeiras, estudos acadêmicos e diversos cartazes de filmes para fazerem a alegria de qualquer cinéfilo.

 

Matadouro? Que matadouro?
Crédito da imagem: Dario de Freitas

Infelizmente, quando falamos hoje do impacto desses cinemas nas metrópoles, o assunto é sempre acompanhado por um tom pessimista e nostálgico, já que a desativação da grande parte deles ao longos dos anos em todo o Brasil deixa um buraco na memória urbana e arquitetônica das cidades, alterando paisagens e a identificação dos polos culturais nos bairros.

Porém, para olhares mais otimistas, como o de Márcia Bessa e Wilson Oliveira Filho no excelente artigo “Nas ruas dos cinemas, cinemas nas ruas, cinemas de rua: a cidade como uma questão cinematográfica”, isso também significa que os espaços que ainda permanecem são um lembrete diário de sobrevivência e de revitalização de nossas áreas urbanas.

 

Manutenção

Falar sobre a importância histórica e de como a ambientação de um cinema de rua é muito mais agradável do que um shopping center é mais do que válido. Agora, quando olhamos para dentro da indústria das salas de exibições e entendemos como os pequenos espaços passam por ainda mais obstáculos para se manterem ativos, os motivos para os apoiar ficam ainda mais escancarados e deveriam influenciar na hora de escolher onde assistir ao próximo filme.

Por seu número reduzido de salas e seleção dos filmes exibidos (já discutido anteriormente), o lucro dificilmente é proveniente do faturamento da bilheteria. No modelo de negócio atual, as distribuidoras ficam com a maior parte do dinheiro arrecadado pelos filmes. Segundo o Sebrae, a lucratividade está baseada nos serviços complementares, como alimentos e bebidas, venda de espaço de mídia, aluguel da sala para eventos, etc. Tudo isso tem que acomodar os gastos elevados desse tipo de entretenimento, considerando equipamentos, estrutura e manutenção das salas.

Tudo isso complica ainda mais quando pensamos na concorrência. No mercado de exibidoras, os complexos com mais de 5 salas representam hoje quase 70% do faturamento desse mercado (Ancine, 2015).

 

Para os créditos finais…

Cada tópico abordado poderia se estender muito mais (há ótimos livros sobre o assunto, a história dos cinemas de rua cariocas, por exemplo, é riquíssima e recomendo muito o estudo), mas a mensagem que deixo é que há motivos para incluir esses cinemas no seu próximo passeio, que se torna ainda mais rico quando valorizamos a história e o cuidado que foi investido ali.  

Infelizmente, a oferta atual dos cinemas de rua não atende aos bairros mais periféricos (e isso já renderia um outro post). Por outro lado, a maioria desses cinemas possui fácil acesso através de transporte público. Tentem marcar já na agenda uma visita a um deles o mais rápido possível e passem pela experiência de irem ao cinema para curtir e absorver muito além do filme.

Referências

Márcia Bessa e Wilson Oliveira Filho, « Nas ruas dos cinemas, cinemas nas ruas, cinemas de rua: a cidade como uma questão cinematográfica », Ponto Urbe [Online], 15 | 2014, posto online no dia 30 Dezembro 2014, consultado 13 Agosto 2017. URL : http://pontourbe.revues.org/2536 ; DOI : 10.4000/pontourbe.2536

Paulo Roberto Elias, « Cinemas de rua » consultado 13 Agosto 2017. URL : http://webinsider.com.br/2013/01/03/cinemas-de-rua/

Arte das fotos: Ivan M. Franco

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Vanessa Bocchi é formada em Rádio e Televisão pela Faculdade Cásper Líbero, onde desenvolveu e praticou sua paixão pelo Cinema através da escrita de roteiros e produção de curtas-metragens. Hoje atua como publicitária, adora um bom café coado na Hario e divide seu tempo de lazer entre o eixo Pinheiros (SP) – Ipanema (RJ).

Restrições na TAV: aceita que dói menos!

Nesta quinta, o blog traz um guest post do nosso amigo e colega Paulo Noriega, autor do blog “Traduzindo a Dublagem“. O tema que ele escolheu abordar é bem pertinente: como lidar com as restrições que encontramos na TAV, que nos impedem de incluir na nossa tradução todo o conteúdo que gostaríamos? Pesquisas indicam que clientes também precisam ler este texto!

Segue 🙂

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Primeiramente, muito obrigado à Ligia (e ao ratinho, claro!) pelo convite e a oportunidade de escrever para o blog da LBM que, há anos, faz um trabalho de excelência no campo da legendagem e agora está se aventurando nas águas da acessibilidade com uma equipe incrivelmente competente e composta por amigos queridos.

Pensando sobre o que eu poderia escrever, resolvi aproveitar este espaço e expor um pouco os meus pensamentos acerca de um assunto que não só aparece com frequência nas conversas ao se falar de dublagem e legendagem, como também é algo que os profissionais que visem atuar nessas áreas precisam ter em mente: a tal da restrição.

Espera, que tipo de restrição?

Calma que eu chego lá! Antes vamos pensar em uma das modalidades tradutórias mais antigas: a literária. Com o surgimento de tantas editoras pelo mundo ao longo das décadas, e com a chegada de tantas traduções às livrarias mensalmente, pare para pensar nos livros que você já leu. Quantos tinham notas de rodapé, prefácios, posfácios ou até mesmo notas do tradutor? Muitos podem não ter tudo que listei, mas a questão é que todos são recursos possíveis de serem utilizados em uma tradução literária.

Entretanto, se migrarmos para o campo de TAV (tradução audiovisual), a coisa já muda de figura, né? Afinal, nenhum dos recursos que citei acima pode se aplicar às modalidades de TAV, como a dublagem e a legendagem, foco deste post. Como todos que já viram qualquer obra audiovisual, seja dublada ou legendada, a veiculação da mensagem presente nas produções é imediata. Pescou, pescou. Não pescou, não pesca mais. Não vai aparecer um asterisco com uma nota na parte inferior da tela explicando a adaptação de uma piada ou de um trocadilho. Não há nada que sirva de suporte para justificar as soluções tradutórias, o que há é apenas a imagem e a palavra, escrita ou falada, se retroalimentando a todo instante.

#cerverórepresenta

Entendido isso, chegamos à tal da restrição. Diferentemente do livro em que não há uma limitação para se transmitir a mensagem do original, tanto a dublagem quanto a legendagem compartilham desta característica inerente, mas, obviamente, são  limitações de naturezas diferentes. Enquanto que na legendagem existem os softwares que “apitam” e indicam quando uma legenda ultrapassou o número permitido de caracteres, na dublagem, o buraco é um pouco mais embaixo. Isso porque nela o que dita quais informações conseguirão ser veiculadas na nossa língua é a boca dos personagens, um fator subjetivo e que costuma levar um certo tempo até o tradutor desse segmento conseguir dominar. Em outras palavras, ser capaz de fazer a informação do original “caber” na boca dos personagens, como costumamos falar na área.

Além do caráter restritivo de ambos os campos, ainda há um agravante: diversos estudos linguísticos mostram que as palavras não só da língua portuguesa, como das demais línguas neolatinas, a exemplo do espanhol, do italiano e do francês são, por excelência, maiores do que as da língua inglesa, idioma de partida predominante no mercado de TAV brasileiro. Levando tudo isso em consideração, como é possível, não só o telespectador como nós mesmos, tradutores dessas áreas, exigirmos que o conteúdo presente em cada fala nas produções seja repassado integralmente para o nosso português brasileiro? É justo que acusem a dublagem e a legendagem de modalidades infiéis de tradução, sendo que existem esses fatores que vão infinitamente além e transcendem qualquer profissional que atue nesses campos? Deixo essa reflexão no ar…

“Mas Paulo, aonde você quer chegar com toda essa história de restrição e o escambau?” Calma que eu chego lá também! Eu me lembro de que quando fiz um curso de tradução para legendas lááá em 2012, sendo que já havia feito um de tradução para dublagem dois anos antes, eu sentia uma agonia constante por ter que condensar TANTO a tradução ao fazer os exercícios. Quando a professora do curso de legendagem nos passou um exercício da série House, às vezes, só com o nome da doença, metade do espaço da legenda já ia embora! DESESPERO TOTAL!

Na minha cabeça, a legendagem conseguia ser mais restritiva do que sua modalidade irmã, porém, ao longo do meu tempo de carreira como tradutor especializado no campo de dublagem, vi que, na verdade, ambas sofrem da mesma forma. Eu mesmo já lidei com várias produções em que eu me sentia produzindo “falas de legenda”, como minha amiga tradutora, Dilma Machado, gosta de falar. Já houve casos em que eu tive de enxugar tanto a fala de certos personagens, que era como se eu estivesse legendando.

Rick fazendo apologia ao consumo de filmes dublados?

Acredito que a quantidade de informações que conseguirá ser passada na tradução de ambos os segmentos depende de diversos fatores como o ritmo de fala dos personagens, o número de referências culturais, a quantidade de piadinhas, trocadilhos e piadas, enfim… costumo dizer que há produtos que “colaboram” mais com o tradutor e outros menos, por assim dizer. É vital entender que cada produção sempre terá suas particularidades e, por mais que a produção original “colabore” com personagens falando mais devagar ou não tendo tanto conteúdo que exija um nível maior de adaptação, haverá algumas coisinhas que sempre ficarão de fora, não tem jeito.

Saber filtrar informações é uma das principais qualidades que um tradutor audiovisual precisa ter. Através de muito estudo e muita prática, ele terá que analisar a todo instante quais são as informações do original que não podem deixar de estar presentes em seu ato tradutório.  É um filtro subjetivo? De certa forma, sim. Às vezes o que é crucial para mim, pode não ser tanto para outro colega. No entanto, há casos em que fica muito evidente o que deve ou não ser transmitido, mas como diz o sábio ditado: “a prática leva à perfeição.”

Por fim, ao entendermos a existência desse caráter restritivo, mas sem escapatória, da nossa querida TAV, qual é a dica que posso deixar para que não só os tradutores para dublagem e legendagem já atuantes, como também os aspirantes, possam realizar seu trabalho sem culpa? A saída, meu caro leitor do blog do ratinho, é mais simples do que parece: SE LIBERTA! Se liberta das amarras de querer veicular e transmitir o conteúdo integral das produções estrangeiras, pois, como já disse, é impossível.

Junte-se à seita de tradutores de TAV mais feliz do planeta.

Enquanto esse conflito interno existir (e acredite, ele existiu dentro de mim durante um certo tempo), isso pode atrapalhar seu trabalho e, muitas vezes, te levar a momentos de frustração. Falando em bom português, o melhor é “aceitar que dói menos”. Abrace a restrição existente nessas duas modalidades irmãs e esforce-se para identificar aquilo que é essencial, de modo que os nossos telespectadores possam se aproximar ao máximo da experiência dos telespectadores da língua de partida. Dessa forma, eu, você e todos nós poderemos continuar a desfrutar de tantas produções audiovisuais maravilhosas que não param de chegar, sejam legendadas ou dubladas. 😉

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Paulo Noriega é tradutor do par de idiomas inglês-português especializado no campo de tradução para dublagem. É Bacharel e Especialista em tradução pela PUC-Rio. Presta serviços de tradução para dublagem dos mais diversos gêneros e traduziu mais de 250 horas de produções audiovisuais. É palestrante e autor do blog “Traduzindo a dublagem“, um dos primeiros blogs brasileiros inteiramente dedicado à tradução para dublagem.

Refúgios Produtivos

Car@s leitor@s,

De autônomo para autônomo, pode me confessar: às vezes, você precisa sair de casa para trabalhar. Encontrar-se num ambiente que não é o de sempre, tomar um café diferentão ou simplesmente aquele que você tanto gosta, estar em meio a pessoas que não fazem parte da sua rotina. Pensando nessa necessidade, e para tornar essa experiência a melhor possível, nossa convidada Vanessa Bocchi escreveu um post MA-RA sobre os melhores cafés para se trabalhar em São Paulo, com foco na zona oeste e centro. Coisa mais linda saber onde há tomadas nesta metrópole 

Se você não é de Sumpaulo, não fique triste. Estamos buscando parceiros para para fazer outras edições regionais do post. Se você manja dos paranauês, escreva pra gente em ola@www.littlebrownmouse.com.br/toca-do-mouse.

Avante!

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Já ouvi de amigos várias vezes a pergunta “você gosta mesmo de café, não?” quando aviso que quero ir logo mais a alguma cafeteria. Sim, gosto muito de café, mas cafeterias hoje representam muito mais do que uma pausa para um cafezinho depois do almoço. Com cardápio rico em variedade de bebidas e comidinhas, ambientes bem planejados, aconchegantes e tech-friendly, os cafés paulistanos estão se revelando cada vez mais como verdadeiros espaços que suprem as necessidades tanto daqueles que querem se reunir para um bate-papo com outras pessoas, quanto para quem necessita destinar um tempo sozinho para focar no trabalho ou em projetos pessoais.

Pensando nesse segundo grupo, as cafeterias da cidade estão se adaptando gradativamente para oferecer a melhor estrutura necessária para transformar seus espaços em verdadeiros refúgios produtivos para aqueles que trabalham por conta própria, já que às vezes ficar em casa não é uma opção (alguém mais sofre com esse monstrinho chamado procrastinação?). Algumas cafeterias mudaram até a forma de cobrar por um café, cobrando agora pelo tempo de permanência, como é o caso da Lemni (mais sobre ela daqui a pouquinho).

Por mais que estejamos presenciando nos últimos anos uma efervescência no mercado de cafeterias na capital paulista, não são todas que atendem a um requisito mínimo para oferecer essa estrutura aos clientes. Por incrível que pareça, um wi-fi que funcione bem e até algo simples como presença de tomadas podem ser itens que não encontramos com facilidade em todas elas.

Por isso que ao longo dos últimos anos fui colecionando cafeterias que preenchem todos os requisitos básicos para se tornarem um espaço ideal de concentração fora de casa: conforto, wi-fi, tomadas, boa trilha sonora e sensação de tranquilidade não importando o número de pessoas que a frequentam.

Então divido abaixo com vocês meu top 10 de cafeterias paulistanas perfeitas para sentar com seu computador e deixar a produtividade fluir, sem ordem de preferência:

 

UM Coffee Co. (Bom Retiro)

foto 01
Como não amar um lugar que serve o café em xícaras de diversos tamanhos e cores?

Com ambiente clean e bem iluminado, a unidade do Bom Retiro da UM Coffee Co. conta com uma equipe bem preparada para te atender e te deixar à vontade.

📍R. Júlio Conceição, 553 – Bom Retiro, São Paulo

 

Béni Café

Foto 02
Não deixe os inúmeros sabores de bolos e tortas fazerem você perder o foco.

Também localizada no Bom Retiro, essa espaçosa cafeteria oferece uma decoração que proporciona um aspecto bonito e aconchegante. A impressão que temos é de estar num espaço com vários ambientes diferentes (o cantinho do sofá com objetos vintage é o meu favorito).

📍 R. Lubavitch, 79 – Bom Retiro, São Paulo – SP

 

Sofá Café (Atrium)

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Vista e local com aquela carinha de Pinterest (com direito até à espelho d’água).

Com outras unidades em São Paulo, a unidade Atrium do Sofá Café é a que possui o ambiente mais limpo e adaptado para computadores. Sua área externa oferece um ótimo local para trabalhar, com diversas tomadas, iluminação através de lâmpadas que dão um toque charmoso na sacada, com vista para a rua Artur de Azevedo.

📍 R. Artur de Azevedo, 514 – Pinheiros, São Paulo – SP

 

Latte’liê

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Na lousa, letreiros como “Coffee To The Future” e “Jurassic Coffee” deixam qualquer movie nerd em êxtase.

Localizado na Vila Pompeia, essa simpática cafeteria é a escolha perfeita para trabalhar ou estudar pela região, proporcionando um lugar pequeno e tranquilo para permanecer por bastante tempo. Sua decoração brinca com nomes da cultura pop e sua equipe está pronta para te oferecer um excelente atendimento.

📍 Rua Cotoxó, 569 – Perdizes, São Paulo – SP

 

Cafelito (Pinheiros)

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Geladeira com diversas opções de take-out food e uma hortinha super simpática também fazem parte do ambiente.

Com um deck invejável (ao sábados passarão a acontecer sessões de jazz à tarde, fica a dica de passeio!), o Cafelito da rua Francisco Leitão oferece diversos ambientes tanto para quem quer tomar um café reforçado ou almoçar, quanto para quem precisa realizar uma reunião de negócios.

📍 R. Francisco Leitão, 266 – Pinheiros, São Paulo – SP

 

Casinha Bistrô & Café

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Procurando decoração fofa, francesinha com pitada carioca da hostess? Então achou.

Lugar mais charmoso e acolhedor de São Paulo. Comandado pela querida Simone, ela diz que seu propósito é ser realmente isso: ter um lugar para receber pessoas e suas histórias. Sempre com alguma temática interessante (na semana de aniversário da Marilyn Monroe, ela espalhou fotos da atriz pelo espaço), ela também possui uma decoração de dar inveja a muitas casas por aí. Passe lá, fique à vontade, bata um papo com ela enquanto prova sua torrada de queijo com banana que beira a divindade.

📍 R. Sebastião Velho, 144 – Pinheiros, São Paulo – SP

 

Isso É Café (Beco do Batman e Mirante 9 de Julho)

foto 07
No Mirante, tem dias em que você pode emendar o trabalho com um happy hour ao som dos melhores DJs ou até com uma sessão de cinema ao ar livre. Precisa de mais?

Neste item, vou roubar no jogo e indicar as duas unidades do Isso É Café, ambas incríveis de maneiras diferentes. A vista do Mirante é um espetáculo à parte, enquanto o ambiente intimista da filial do Beco do Batman (que funciona junto ao um coworking) oferece todos os recursos para uma tarde produtiva ao redor dos grafites do beco.

Mirante 9 de Julho

📍  R. Carlos Comenale, s/n – Bela Vista, São Paulo – SP

Beco do Batman

📍  Travessa Alonso, 15 – Vila Madalena, São Paulo – SP

 

HM Food Café

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Tenha autocontrole e não acabe com toda a deliciosa água saborizada do balcão.

Com um ambiente moderno e minimalista, no HM Food Café você consegue trabalhar enquanto prova algum item do seu cardápio mais do que elogiado pelos frequentadores – a tostada de abacate é famosíssima – e lê a última edição do MECA Jornal.

📍  R. Ferreira de Araújo, 1056 – Pinheiros, São Paulo – SP

 

Cupping

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Mapas e explicações sobre o mundo cafeeiro nas paredes farão você sair do Cupping praticamente um expert em cafés.

Ir ao Cupping é garantia de que você encontrará tranquilidade, um bom wi-fi e (infinitas) tomadas para ficar à vontade enquanto toma uma das opções de café coado (aproveite o entusiasmo dos baristas que explicam com detalhes as diferenças entre todos os métodos).

📍  R. Wisard, 171 – Vila Madalena, São Paulo – SP

 

Veganeria Stuzzi

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Trabalhe duro e se presenteie com um sorvete da Stuzzi ao final da visita.

Lindo espaço na charmosa rua Harmonia, de frente para uma revistaria – o que dá um toque a mais a todo o charme. Diversas opções de comida e sobremesas veganas com uma trilha sonora que combina com o charme do lugar.

📍  Rua Harmonia, 506 – Sumarezinho, São Paulo – SP

 

Menção Honrosa: Lemni

foto 11
Saudade Lemni Pinheiros <3

Como Pinheirense (pessoa privilegiada que mora no bairro de Pinheiros), sofri ao saber que o Lemni estava de mudança para a Santa Cecília. Além de ter um espaço incrível, o sistema de pagar pelo tempo e se servir à vontade com as opções do dia no balcão é perfeito para quem passa horas com o computador ou em reuniões por lá. Ainda não conheço o novo Lemni, mas corrigirei isso assim que possível 😉

Novo endereço:

📍  Rua General Jardim, 43 – Vila Buarque, São Paulo – SP

 

Arte das fotos por Ivan M. Franco.

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Sobre a autora:

nessa

Vanessa Bocchi é formada em Rádio e Televisão pela Faculdade Cásper Líbero, onde desenvolveu e praticou sua paixão pelo Cinema através da escrita de roteiros e produção de curtas-metragens. Hoje atua como publicitária, adora um bom café coado na Hario e divide seu tempo de lazer entre o eixo Pinheiros (SP) – Ipanema (RJ).

Curiosidades sobre a legendagem na Alemanha e países europeus

Car@s,

É verdade que nosso blog anda meio parado (meio?). Os últimos meses foram de intensas mudanças para nós todos aqui da LBM, no plano pessoal e profissional, mas podemos afirmar com alívio que são todas mudanças para a melhor! Novos projetos se formando e o trabalho continua a mil.

Para retomarmos nossas postagens, convidamos a Ana Cecília, colaboradora da LBM da equipe do alemão, para nos contar um pouco mais sobre como funciona a legendagem na Alemanha e região. Um texto muito rico e informativo. Aproveitem!

 

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“As legendas interferem menos no conteúdo de um filme do que a dublagem. E os amantes

do cinema priorizam um prazer autêntico.”

Silke Nagel

 

CURIOSIDADES SOBRE A LEGENDAGEM NA ALEMANHA E PAÍSES EUROPEUS

 

Ao longo da história do cinema, duas formas de produção de filmes estrangeiros se tornaram populares: a dublagem e a legendagem. Na Europa, países com pequena extensão territorial (Holanda, Portugal, Grécia e Romênia, por exemplo) ou com mais de uma língua cedo demonstraram suas preferências culturais por filmes legendados. Enquanto isso, França, Itália, Alemanha e demais países de língua alemã adotaram principalmente a dublagem. Nos últimos anos, entretanto, tem havido uma crescente demanda pelas legendas, focada em públicos específicos.

As primeiras legendas do cinema eram exibidas entre as imagens dos antigos filmes mudos. A partir da década de 30 do século XX, passaram a ser integradas nas imagens, sendo atualmente queimadas com laser, o que permite grande precisão e melhor legibilidade.

Starwars
Espera aí…

Na Alemanha, após a chegada do partido nazista ao poder em 1933, as produções cinematográficas eram usadas como instrumento de manipulação a serviço da ideologia totalitária. A chamada “tradução cultural” modificava diálogos originais, que eram dublados conforme indicado pelo partido nazista. Depois da guerra, entre as décadas de 1950 e 1960, o conteúdo dos filmes continuou sendo manipulado, agora para agradar os espectadores e atender aos gostos do público. Um exemplo famoso foram as “mutilações” feitas no filme Casablanca, produção norte-americana, onde as cenas com nazistas foram retiradas e substituídas por uma história de espionagem.

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Referência da foto do filme Casablanca: *By Bill Gold – http://www.impawards.com/1942/casablanca.html, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=25315862

A partir dos anos 80, com a chegada ao mercado do aparelho de vídeo cassete e posteriormente do DVD, o público começou a perceber as alterações grotescas inseridas nas produções e passou a demandar mais respeito pela fidelidade ao original. A nova tecnologia inibiu a alteração deliberada do conteúdo do filme pela dublagem e diminuiu a possibilidade dos cortes de trechos do original.

Atualmente, enquanto a dublagem continua sendo a opção principal do público do mainstream alemão, as legendas conquistam importantes nichos específicos de mercado. Há uma crescente demanda por legendagem, que se intensificou nos últimos anos, buscando atender principalmente às exigências dos mercados específicos de produção de DVDs e dos canais digitais de televisão por assinatura. Tais canais costumam ter um público mais restrito e produções com financiamentos mais baixos, tornando a legendagem a opção ideal, com custos menores.

Silke Nagel, autora do livro Audiovisuelle Übersetzung: Filmuntertitelung in Deutschland, Portugal um Tschechien (Tradução Audiovisual: Legendagem de filmes na Alemanha, Portugal e República Tcheca) e profissional de legendagem, cita os grupos específicos que optam pelos filmes legendados. Os cinéfilos fazem jus ao famoso ditado alemão “A voz de uma pessoa é seu segundo rosto” e preferem os filmes em sua versão original, com legendas, pois querem ouvir o som do idioma estrangeiro e das vozes verdadeiras dos atores. Na Alemanha, os filmes legendados são exibidos para os “amantes do cinema” em salas alternativas e também podem ser encontrados em DVD.

Há também associações de deficientes auditivos que lutam pela regulamentação do uso de legendas no país, através de leis que garantam o acesso irrestrito às informações na televisão. Outro grupo que prefere as legendas é o dos estudantes de línguas estrangeiras, que buscam filmes e programas para treinarem seus conhecimentos. Assistindo às produções no idioma original podem ampliar o vocabulário, memorizar as estruturas idiomáticas e exercitar a compreensão auditiva. Uma pesquisa da Comissão Europeia sobre os europeus e seus idiomas confirma que, embora 56% da população prefira filmes dublados, os cidadãos de países que costumam legendar seus filmes são ‟mais bem treinados em diversos idiomas”.

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Ana Cecilia Montenegro Bayreuther é tradutora e revisora de textos e legendas, pós-graduada em tradução de inglês e professora de português como língua estrangeira na Alemanha, onde reside. Formada em Direito pela PUC/RJ, adora livros, artes e cinema. Prefere filmes originais com legendas, claro.

 

Referências:

Antweiler, Kathrin. Geschichte der Untertitelung. Disponível em: <http://www.fask.uni-mainz.de/cafl/doku/multimedia/untertitelung/Untertitelung-Inhalt.html#Inhalt >

Deneger, Jana. Legendagem de filmes: a voz como segundo rosto. Goethe-Institut e. V., Online-Redaktion. Disponível em: <http://www.goethe.de/ins/br/lp/kul/dub/flm/pt6456940.htm>.

Jacob, Alex. Die Geschichte der Film Synchronisation in Deutschland. Sprechersprecher. Disponível em: <http://www.sprechersprecher.de/blog/die-geschichte-der-film-synchronisation-in-deutschland>.

Staud, Sophie. Audiovisuelle Translations. Disponível em: <https://prezi.com/orahvpbzmtmg/audiovisuelle-translations/>.