A LBM em cartaz: “Mark Felt”

Car@s coleg@s,

Para a estreia desta quinta nublada, trouxemos nosso espião gerente João Artur de volta. Ele veio comentar “Mark Felt – O Homem que Derrubou a Casa Branca”, coisa sigilosa e ultrassecreta!

Se não quiser virar cúmplice, não leia!

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No atual cenário político do Brasil, a história de Mark Felt ganha contornos bem especiais. Afinal, um agente do FBI que provoca a renúncia (ou era isso ou era o impeachment) de um presidente (Nixon) após um escândalo de espionagem eleitoral poderia levantar vários pontos em comum com situações recentes na memória do povo brasileiro e cujos desdobramentos ainda estamos vivendo.

Nós também!

Em “Mark Felt – O Homem que Derrubou a Casa Branca”, Liam Neeson (“A Lista de Schindler”, “Busca Implacável”, “Silêncio”) dá vida ao agente do FBI que, secretamente, vazou informações para a imprensa americana sobre a invasão da sede do partido democrata no edifício Watergate, que virou sinônimo de escândalo. É sério! A língua inglesa e sua maravilhosa plasticidade logo adotou “-gate” como sufixo que indica escândalo. Divirta-se com essa incrível lista de escândalos com o sufixo “-gate”.

O atuação de Neeson dispensa comentários e mostra uma faceta humana do agente do FBI que é frequentemente reduzido aos feitos entregues por sua infame alcunha, “Garganta Profunda” – analogia que foi fruto do sucesso do filme pornográfico de mesmo nome naquele ano de 1972.

MOMENTO CURIOSIDADE!

“Lovelace”, a cinebiografia de Linda Boreman, a estrela de “Garganta Profunda”, foi traduzida pelo sócio-pai nos idos de 2013. No filme, Linda é interpretada por Amanda Seyfried.

O assunto segue polêmico, Seyfried.

Para quem quer fazer o dever de casa completo sobre o Escândalo de Watergate no cinema, o ratinho recomenda “Todos os Homens do Presidente” (1976), filme que venceu 4 estatuetas do Oscar e conta com atuações brilhantes de Dustin Hoffman e Robert Redford. A perspectiva narrativa desta vez é a dos jornalistas do Washington Post que colaboraram com Felt no vazamento de informações sobre as investigações de Nixon e seus aliados. Emocionante? Pode apostar!

Para não dizer que não falamos de tradução… além da dificuldade inerente a um filme recheado de termos políticos próprios de um sistema bem diferente do nosso, que precisam ser traduzidos ou adaptados e exigem muita pesquisa, vale destacar a atmosfera de suspense que envolve vários momentos do filme. Em diversas cenas, Felt encara seus próprios colegas e subordinados no FBI que nem suspeitam de sua atividade e todo cuidado é pouco na escolha do vocabulário para não escorregar e soltar informações antes da hora. Afinal quem sabe o quê? Desde quando? Enfim, todos esses detalhes devem ser levados em conta na hora de traduzir as falas de um homem que detém informações que podem derrubar a Casa Branca.

Espera… esse é outro filme!

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Obrigada Johnny! Voltamos semana que vem com mais uma estreia 🙂

A LBM em cartaz: “Logan Lucky”

Car@s leitor@s,

Após o descanso da semana passada, voltamos para estreia da semana. “Pô, ratinho tirou férias, maneiro!” Quem nos dera! As preparações para o Festival do Rio e a Mostra de SP consumiu todo o nosso tempo e energia.

O Festival do Rio já está rolando desde a semana passada, com cinco filmes superbacanas assinados por nós. Vamos guardar os comentários de TAV para as datas de estreia em circuito nacional, mas já podemos adiantar os títulos para vocês. No gênero documentário nacional, você pode assistir a “Maria – Não se Esqueça que Eu Venho dos Trópicos”. Já na ficção nacional, os filmes “Legalize Já” e “Motorrad” estão marcando presença com nossas legendas em inglês. Para finalizar, atacamos também com dois gringos: “Patti Cake$” e “Logan Lucky – Roubo em Família”.

E hoje estamos aqui para falar deles mesmos, os Logan azarados. A estreia do filme no festival chegou também com a estreia nacional. Parece que estamos com mais sorte que os Logan!

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O filme, distribuído aqui no Brasil pela Diamond Films, já recebeu boas críticas da imprensa e acreditamos que vai conquistar o público também. Segundo o crítico youtuber Chris Stuckmann, o grande mérito do filme está na sua fotografia impecável e na despretensão em ser o melhor filme do diretor, que decidiu retornar com um filme de apelo mais comercial. Para mais detalhes, sem spoilers, vejam a crítica abaixo (em inglês).

Apesar de muito se falar na volta bem-sucedida de Soderbergh da sua pseudo-aposentadoria, achamos mesmo que o grande milagre desse filme foi fazer Adam Driver e Channing Tatum parecerem irmãos de verdade. Olha isso!

Oscar de maquiagem?

“Logan Lucky” foi um filme que nos permitiu muita liberdade criativa na tradução, o que é sempre uma satisfação. Os personagens da Virgínia Ocidental tinham um sotaque e um jeito de falar muito peculiar, o que obviamente não conseguimos reproduzir no português. Lembrando o post do Paulo há algumas semanas, não podemos ter a pretensão de passar tudo do original para o nosso texto. No entanto, esse nem deve ser o objetivo, pois o produto audiovisual fala muito por si só, colaborando para que a legenda não precise comportar todas as informações. Para além de legendas, o próprio roteiro do filme tem que tomar cuidado com o excesso de falas, para não se tornar redundante diante da imagem do filme. Alguma vez você já sentiu que um filme estava tratando você como idiota, com os personagens verbalizando coisas que você claramente já tinha entendido de alguma outra forma? Pois é.

Ah, vá!

Sendo assim, embora não tenha sido possível ficar reproduzindo cada maneirismo da fala de cada personagem, usamos de um mecanismo de compensação que é espalhar pelo texto algumas coloquialidades. Por exemplo, em algum momento, jogamos ali um “vambora!”. O texto escrito é tão impactante que uma fala mais coloquial pode definir o tom de uma personagem para o filme inteiro. #ficaadica

Quem assistir ao filme nos cinemas vai poder conferir muitas legendas legais. No entanto, o mais peculiar do filme não está registrado nas telonas. Os bastidores deixaram histórias para contar. A grande verdade é que o Soderbergh é o maior control freak da indústria cinematográfica. Como o Chris contou no vídeo ali em cima, ele assina a fotografia dos seus filmes como Peter Andrews. Chris também desconfia que a roteirista Rebecca Blunt seja mais um de seus pseudônimos.

Alguém chama o Jacques Clouseau.

Venho aqui apresentar a teoria da LBM: Soderbergh tem ainda um terceiro pseudônimo, o responsável pelo som de seus filmes, Larry Blake. Mas vamos voltar um pouco no tempo. Ninguém sabe, mas o diretor controla a tradução dos seus filmes em todos os territórios onde ele é distribuído. Já sabíamos disso desde a ocasião da legendagem de “Terapia de Risco”. Seus filmes vêm com documentos de orientação para tradução para legendagem e dublagem, e também a montagem do DCP. Além disso, recebemos um documento chamado KWP (Key Words and Phrases), que contém todas as frases que ele considera cruciais para o entendimento do filme. Nesse documento, que é de fato uma planilha, devemos colocar as soluções de tradução que demos para essas frases e depois traduzir nossa tradução para o inglês. Esse processo se chama backtranslation, e não é nada simples. Mas trabalhar com Soderbergh não é uma tarefa para qualquer um.

Voltando à nossa teoria conspiratória, esses documentos todos foram assinados pelo seu diretor de som, Larry Blake. As orientações eram longas e, como tradutora principal do filme, eu segui firme na leitura, até que me deparei com um item que dizia: “Special: To verify that this long document has indeed been read in its entirety, please stop reading right now and e-mail me at ***, with Special Prize in the subject field. I will let you know what that prize is when I get your e-mail.” Resumão: se você está lendo isso mesmo, me mande um e-mail agora que vou te dar um prêmio.

Intrigada, enviei um e-mail para o tal endereço reclamando meu prêmio. Claro que eu esperava que me dissessem que eu não estava fazendo mais do que a minha obrigação, o que era verdade. No entanto, para a minha surpresa, meu e-mail foi respondido pelo próprio Larry, que me prometeu uma cópia do seu novo livro!

Espera, não era pra contar, né?

Bom, vocês podem imaginar que eu estou aguardando esse livro ansiosamente. Continuando o e-mail, ele me perguntou como estava a tradução e se o KWP já tinha chegado até mim. Eu respondi toda pomposa com muitos detalhes, e nunca mais tive resposta. Pesquisando sobre o tal Larry, fui descobrir que sua situação existencial era a mesma da Rebecca Blunt no IMDB: nenhuma foto ou bio, apenas uma lista de créditos enorme de filmes do Soderbergh. Será possível que Soderbergh tenha se comunicado comigo por e-mail e me prometido uma cópia do seu livro? Cenas do próximo capítulo.

Estevão: BFF.

Após a entrega das legendas e dos documentos preenchidos, mais um fato engraçado. O documento foi de fato totalmente revisado por nosso amigo Larry, que destacou algumas poucas soluções das nossas legendas e escreveu um grande “NOOOO!” ao lado, explicando como deveria ser. É claro que, a princípio, ficamos um pouco ofendidos, mas depois demos muita risada e conseguimos fazer substituições a contento.

O documento de orientação também determinava que assinaturas não podiam aparecer antes do final dos créditos, então ficou por último mesmo. Comparecemos à sessão feita para a imprensa para checar nossas legendas e ficamos até o final. Pouca gente vai ver, mas nós sabemos <3 Obrigada ao pessoal da Diamond pelo convite!

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É isso aí, rapaziada! Gostou, tem dúvidas ou reclamações? Deixe seu comentário e vamos bater um papo. Semana que vem tem mais 🙂

A LBM em cartaz: “Divórcio”

Arriégua!

O “LBM em cartaz” de hoje vem de chapéu de caubói e fivela no cinto apresentar mais um filmaço nacional. Como a gente é versátil e não gosta de se repetir, desta vez trazemos uma comédia, “Divórcio”. Para quem ainda não está sabendo sobre o filme que estreou ontem, o trailer é um abre-alas bem digno.

O filme, com sua receita hollywoodiana, foi superbem recebido pela crítica brasileira.  Na sua crítica pelo Adoro Cinema, Rodrigo Torres chamou a produção de “Sr. e Sra. Smith à paulista” e elaborou sobre alguns dos elementos cinematográficos que tornam a experiência do espectador tão bacana: “Divórcio adota um high concept típico: Júlio (Murilo Benício) e Noeli (Camila Morgado) são um casal rico que se separa e inicia uma guerra judicial por seus bens — pronto. Uma ideia sucinta, universal, que permite o acréscimo de uma gama de elementos que enriqueçam a trama; e assim acontece. O roteirista Paulo Cursino (Até que a Sorte nos Separe) explora as muitas possibilidades cômicas do argumento escrito pelo produtor LG Tubaldini Jr., fundamentado em um aspecto que o diferencia de outros longas brasileiros: a vida no interior paulista. Mais precisamente, na cidade de Ribeirão Preto.” Para ler a crítica na íntegra, clique aqui.

O filme estreou ontem com acessibilidade completa by LBM. Maior desafio apresentado? Tivemos que regravar cenas de Libras e audiodescrição porque os intérpretes tinham crises de riso. Curiosamente, eis que tropeçamos neste vídeo da Camila Morgado contando sua experiência durante o filme. A vida imitando a arte?

Mas ó benhê, o ratinho já está de caso com esse divórcio há um tempo. No começo do ano, um corte já bem próximo ao final ganhou suas legendinhas em inglês para ser exibido em festivais internacionais. Quem acompanha nosso blog já está careca de saber a trajetória dos filmes nacionais, que saem por aí desfilando internacionalmente para depois estrearem por aqui (prometo que é a última vez que dou essa explicação até o próximo filme).

Então vamos falar de versão. “Divórcio” é um filme bem desafiador de se passar para outras línguas, por trazer fortes referências culturais que encontramos por aqui e não são nada universais. Infelizmente, muito do falar dos personagens que remete ao interior, principalmente sintaxe e sotaque, se perdem na tradução. Por outro lado, como vocês leram ali em cima no texto do Rodrigo, o high concept do filme é típico e, portanto, universal. Muito dos termos relacionados ao divórcio são transpostos com perfeição, mas não só isso: brigas de casal e conversas com advogados são contextos que vêm recheados de vocabulário e jeitos de falar com os quais dá para brincar de uma língua para a outra.

Mas aí como faz pra andar com o plot?

Separamos aqui para vocês três exemplos de expressões legais que conseguimos incluir nas legendas, para entrar para o vocabulário de quem estuda e para o repertório de quem traduz. Vamos lá?

 

Ê, MAS QUE FERVO GOSTOSO!

A chateação-mór de uma fala dessas é pensar que nenhum gringo que não saiba português jamais vai saber o que é um fervo; uma pena. Superada essa frustração inicial, fomos buscar um termo para “festa”, que tivesse aquela conotação extra de uma celebração mais barulhenta e animada. Ficou assim: “What a fantastic wing-ding!”

ISSO É CONVERSA!

Antes do acontecimento que precipita o divórcio, Noeli já está bem #xati com seu marido, Júlio. Conversando com sua amiga, ela descreve mil defeitos do cara, incluindo que o cocô dele não desce com a descarga (!). Sua amiga, que já está vendo que esse papo exagerado não tem nada a ver, joga para a Noeli: “isso é conversa!” E aí, pudemos usar a gíria superbacaninha “hot air”. Veja como ficou a sequência:

It’s a stubborn poop,

it’s like styrofoam.

 

You flush it and it goes down,

but then it comes back up.

 

Then you flush it harder,

but it comes back again.

 

-You try again…

-Noeli!

 

Back and forth poop?

That’s just hot air.

 

ESSE CATANDUVA NÃO PERDOA, NÃO!

Numa cena de rachar o bico, Noeli forja um encontro sexual com o cantor sertanejo Catanduva, que seu marido acompanha através de uma câmera plantada no quarto da ex. Noeli e Catanduva falam baixarias e fazem gemidos para fazer parecer que estão se pegando, enquanto Júlio acompanha o áudio com seus colegas, emputecido (a imagem da câmera foi devidamente coberta por Noeli). Ao ouvir os elogios de Noeli ao cantor, um dos colegas de Júlio fala que dizem que o cara “não perdoa”. Mas não tem erro, R. Kelly salvou nossa pele nessa. Todo mundo aqui conhece o verbo “flirt”, mas também dá pra substantivar e dizer que alguém é um flirt em inglês, querendo dizer que o cara seduz mesmo, não perdoa. Na própria letra do nosso amigo rapper, ele se descreve como flirt, dizendo que não vai perdoar nem a mina dos amigos!

https://www.youtube.com/watch?v=rPr4F8dplFg

Nossa frase ficou assim: “He’s a flirt. That’s what people say.”

Gostou das nossas soluções? Deixe seus comentários sobre como você teria feito!

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“Divórcio” hoje nos cinemas, não perca! Voltamos semana que vem com um guest post especial de um blogueiro de TAV que tá dando o que falar 🙂

A LBM em cartaz: “Amityville – O Despertar”

Bu! Resultado de imagem para emoji scary

Hoje o ratinho chega trazendo para vocês a estreia apavorante da semana: “Amityville – O Despertar”. O filme estreou ontem com boas críticas por toda parte, o que, convenhamos, não é feito fácil de se atingir em se tratando de um filme de terror!

A Carol Moreira fez a crítica dela a “It – A Coisa” e “Amityville – O Despertar” num só vídeo, nos dando já um bom panorama sobre os dois filmes e o que pode dar certo ou errado em filmes de terror em relação ao público leigo:

It, segura aqui minha cerveja que tem Amityville em cartaz e eu tô atrasada!

Recalque do ratinho por não ter traduzido "It"? Talvez.

O motivo para a boa aceitação é uma série de fatores que, combinados, resultam num bom filme do gênero. A tradução audiovisual pode ajudar ou atrapalhar um filme de terror?

Bora descobrir.

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Vamos começar pelo elenco de peso da vila da Amity, impressionante para um filme de terror: Jennifer Jason Leigh, diva de terror dos anos 90; Jennifer Morrison, que passou de serviçal de monstro em “House” a monster herself em “Era Uma Vez” (spoiler!); Bella Thorne, nova queridinha do rolê hollywoodiano; Cameron Monaghan, que andou fazendo boas séries como “Gotham” e “Shameless”; e a baixinha McKenna Grace que, como já disse a Carol Moreira, mandou horrores (ah, a infâmia!) no filme e já está com um currículo filmográfico invejável para quem ainda está aprendendo a tabuada na escola.

Mckenna sem dúvida sabe a tabuada melhor que nós, tradutores.

Bom, mas elenco firmeza não põe mesa (alguém viu “As Duas Faces da Lei” com Robert e Al? G-zuis). Filme de terror bom tem que ter suspense na medida e sustos genuínos. Tudo isso se consegue através de elementos cinematográficos específicos, os quais já começamos a discutir aqui no blog (leia aqui). A música, por exemplo, é essencial nos filmes de terror. A música não pode entregar o jumpscare, ficando mais tensa logo antes de um acontecimento chave.

Um bom jumpscare de Amityville! Sorry not sorry.

De forma semelhante, precisamos evitar certas mancadas na tradução. Uma delas é usar palavras meio, digamos, “bobas”, que podem tirar a seriedade do filme. Por exemplo, quem leva a palavra “malvado” a sério, ainda mais depois de “Meu Malvado Favorito”? “Maligno” ou “diabólico” parecem opções mais tensas e que não estragam a experiência do leitor.

Passando para a acessibilidade, uma coisa é certa: é delicado escrever um roteiro de audiodescrição sem adiantar os sustos, de forma a não interferir na experiência do público com deficiência visual. Encontrar os momentos certos para inserir as descrições e torná-las críveis não é bolinho. Além disso, para este filme especificamente, procuramos referências em audiolivros e radionovelas para dar um tom especial à audiodescrição. Afinal, ela se soma ao filme e ajuda a contar a história e, convenhamos, nada mais legal que uma voz trevosa e no tom certo pra dar vida a cada detalhe do filme.

“Família reunida na sala de estar para tomar sustos”, relatou a fonte histórica.

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Voltamos semana que vem com comentários de uma comédia nacional que vai fazer a jiripoca piar!

A LBM em cartaz: “Lino” e “2:22”

Fala, pessoal!
 
João Artur, gerente de projetos da LBM falando… sequestrei o blog esta semana e vou falar um pouco sobre Legendagem para Surdos e Ensurdecidos e os lançamentos da LBM esta semana, “Lino – Uma Aventura de Sete Vidas” e “2:22 – Encontro Marcado”, dois lançamentos bem distintos, nas exigências dos serviços, dos públicos-alvo e, claro, no processo de trabalho em si. Nas postagens mais recentes no blog, mencionamos a audiodescrição e a janela de Libras, duas das principais modalidades de acessibilidade audiovisual e sempre faltava ela, a legenda para surdos e ensurdecidos. Não falta mais! Espero que gostem do post e comentem. Vai ser um prazer interagir com vocês.
 
O processo de legendagem para surdos e ensurdecidos (“Ah, mas não é closed caption que fala?” Isso é papo para outro post, mas pode deixar que a gente volta para esclarecer esse babado terminológico-conceitual em outra oportunidade) pode parecer muito sem graça para a maioria das pessoas, afinal “é só transcrever as falas dos personagens”, alguns diriam. Mas é aí que muitos se enganam! Trago aqui dois fatos importantes para a gente iniciar a nossa conversa sobre legendagem para surdos e ensurdecidos (LSE):
 
1) ela deve comunicar de maneira objetiva e clara a fala dos personagens, otimizando o tempo de leitura. Por quê? O público-alvo primário, de surdos e ensurdecidos, tem o português como segunda língua (sendo a língua de sinais, Libras no Brasil, a primeira), o que faz com que a fluência dessas pessoas não seja tão boa quanto a de um ouvinte. Sendo assim, não é “só transcrever as falas dos personagens”. É preciso levar em conta o resumo e a adaptação dessas falas, sem descaracterizar, ou descaracterizando minimamente o conteúdo original. E vocês viram ali em cima que eu falei em público-alvo primário, né? Isso mesmo… é porque as legendas na mesma língua do conteúdo audiovisual servem ainda a outro público, o de estrangeiros que estão aprendendo uma segunda língua – afinal quem nunca deu um upgrade no inglês assistindo séries, hein?
 
2) desde a introdução do som no Cinema e a sua metamorfose numa arte audiovisual, o trabalho de músicos, técnicos e operadores de áudio e sonoplastas passou a ser parte fundamental da maneira como contamos histórias na sala escura. Duvida? É só ver o exemplo recente do cultuado diretor David Lynch que, na terceira temporada da aclamada série “Twin Peaks”, além de assinar o roteiro e atuar se encarregou pessoalmente da sonoplastia de todos os 18 episódios. Pouco trabalho, né? Ou seja, o burburinho que se iniciou quando o mal-encarado pediu leite no saloon, o marulho que Jack e Rose ouviram em cima da porta (a propósito, cabia mais um) o silêncio sepulcral ao mencionar o nome de “você-sabe-quem”, tudo isso é pensado com carinho e compõe a obra audiovisual. Podemos falar ainda das características que determinado ambiente imprime sobre a voz de um personagem, como eco e reverberação; de modulações propositais, afetações e idiossincrasias e mais uma pá de coisas, mas vamos aos lançamentos da semana. =0)
 
O próprio Lynch interpreta um personagem com audição limitada e usa aparelho de surdez!
Nesta semana de feriadão nacional, o ratinho teve o prazer de tornar acessível um filme para um público muitíssimo especial, o infantil. A animação brasileira “Lino – Uma Aventura de Sete Vidas”, do Estúdio StartAnima, distribuído pela Fox, estreia em mais de 400 salas simultaneamente com LSE e audiodescrição feita pelo ratinho. (É tanta sala que se você tropeçar pode cair numa! Então aproveita e assiste o filme.) O Estúdio StartAnima é um dos pioneiros da animação no Brasil, tendo completado 50 anos em 2016, e foi responsável por diversos comerciais antes de enveredar pelos longas-metragens. Vai dizer que você não lembra desta joia?

Agora com a mesma tecnologia de animação dos grandes estúdios americanos, Lino, um rapaz azarado que virou um gato enorme, precisava de legendas um pouco mais enxutas e adaptadas que o habitual para contar a sua história, com uma velocidade de leitura para que a criançada conseguisse acompanhar melhor sua jornada. Mas nosso capricho não parou por aí, óbvio! Além da preocupação em manter todas as legendas dentro de uma velocidade média de leitura confortável para a garotada, muitas das tradicionais descrições das legendas deram lugar a onomatopeias engraçadíssimas que ajudam a dar o tom do filme e são de facílima assimilação, afinal já estão presentes nos livros infantis e nos gibis que essa galera lê. E convenhamos… cof, cof, cof! – nossa, até tossi aqui – num filme em que os personagens soltam pum, não dá pra ficar fazendo cerimônia na descrição dos sons, né? Agora corre lá e curte esse filmão. Aproveita e leva o catarrento do seu sobrinho seu sobrinho lindo. Sério… Lino vai agradar baixinhos e altinhos, pode confiar.
 
E para completar essa semana de estreia dupla da LBM nos cinemas, o ratinho caprichou nas legendas de “2:22 – Encontro Marcado”, da Playarte. E se você também passou a última temporada de Game of Thrones se perguntando que diabos o Daario Naharis ficou fazendo em Meereen, talvez a gente possa te ajudar. Um filme! =0) Nesse thriller com uma pitada de elementos cósmicos protagonizado por Daario Michiel Huisman, uma série de eventos padronizados que se encerram diariamente às 14h22 chacoalha a vida de seu personagem, Dylan, um operador de voos que quase causa a colisão de dois aviões. Em um deles, porém, estava Sarah (Teresa Palmer), que não tem três dois dragões cuspindo fogo no cangote dele e está disposta a desvendar esse mistério para garantir que eles possam continuar juntos. <3
 
Dizem as más línguas que ele acompanhou o último episódio da temporada num telão lá em Meereen.