“Cidade Invisível” e as brasilidades em inglês: quando a melhor tradução é não traduzir

No primeiro artigo do ano, Guilherme Gama, gerente de projetos da LBM, já nos brinda com polêmicas tradutórias #gostamosassim

O tradutor principal de Cidade Invisível para o inglês compartilha com os leitores da Toca do Mouse coisas que queremos saber sobre esse processo (mas não necessariamente gostamos de ouvir)!

Vamos lá?

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Em 5 de fevereiro deste ano, estreou a primeira temporada de “Cidade Invisível”, original Netflix que acompanha a trajetória de um agente da polícia ambiental do Rio de Janeiro num enredo cheio de mistérios e beirando o metafísico, envolvendo personagens do folclore brasileiro – queridos para nós, razoavelmente desconhecidos lá fora. E sempre que tratamos desse tipo de material, ouvimos uma pergunta muito frequente: como vocês traduziram X, Y, Z?

“Alô, LBM? É river dolphin ou pink river dolphin?”

A resposta, um tanto anticlimática, é quase sempre que… não traduzimos.

Convido você a uma reflexão: como se diz “pão de queijo” em inglês? “Coxinha”? “Samba-enredo”? São perguntas que surgem frequentemente entre brasileiros que têm contato com o pessoal de fora. Eu mesmo fui professor de inglês por quase 10 anos e tive que responder perguntas desse tipo. Algumas vezes sugeria soluções (meio desajeitadas, até), quando via que a pergunta vinha de uma necessidade genuína de comunicação. Afinal, por que não chamar de cheese bread se é um conceito que vai ser imediatamente entendido pelo interlocutor? Dá na mesma, não dá?

Depende. Anos atrás, eu teria adotado cheese bread sem nem pensar duas vezes, porque minhas responsabilidades eram outras. Minha missão era facilitar a comunicação entre dois ou mais indivíduos. Agora, minha responsabilidade – a nossa responsabilidade, aliás, como empresa – é de facilitar a comunicação de um material. Claro, facilitar às vezes pede adaptações, mas isso deve ser dosado. Quanto adaptar e quanto manter a fidelidade ao original? Onde fica esse limite? Essas são perguntas inerentes ao trabalho de tradução.

Aliás, a Little Brown Mouse nem sempre trabalhou com legendagem em inglês de material brasileiro. Boa parte da nossa história de 40 anos girou quase exclusivamente em torno de legendar para o mercado doméstico filmes que vinham de fora. Exceções a essa regra foram pipocando, a mais notável delas o longa “Que Horas Ela Volta?” de Anna Muylaert. Mas de uns cinco anos para cá, talvez menos, esse quadro mudou bastante. Quase da noite para o dia, tivemos um grande influxo de material tupiniquim para consumo externo: longas, séries, documentários, vídeos para redes sociais – sem contar material escrito, como roteiros, argumentos e bíblias de séries.

Independentemente do gênero, a esmagadora maioria desse material é sobre o Brasil. Sobre brasileiros em suas realidades brasileiras, tangendo a cultura brasileira por todas as perspectivas imagináveis. E traduzir o Brasil para o mundo externo é para nós motivo de muito orgulho. Mas, para fazer uma paráfrase equivocada daquela frase batida de “Homem-Aranha”, com grande orgulho vem grande responsabilidade.

(sim, eu sei que esse post é sobre “Cidade Invisível”. Já chego lá)

Inevitavelmente, quem traduz uma obra brasileira para estrangeiros está se colocando como vetor de acesso a esse material. Muitas vezes, a legenda é o único meio pelo qual uma pessoa não lusófona sequer conseguiria desfrutar daquela produção. Nossa primeira preocupação, portanto, é com essa pessoa que vai assistir. O que interessa a ela?

Esse famoso desastre teria sido evitado pelo Teste do Pão de Queijo.

Aí voltamos à questão do pão de queijo. Cheese bread vai ser entendido? Claro que vai. “Pão de queijo”, com esse rabisco esquisito em cima do “a”, não vai causar estranhamento? Talvez. Mas pensa um pouco: se a pessoa já parou o que estava fazendo para assistir a uma produção brasileira, será que usar o termo em português realmente vai ser um empecilho? Ou poderia ser um convite para ela ir buscar a informação na fonte e no idioma original?

Novamente, não existe resposta fácil, mas ao longo do tempo fomos desenvolvendo maneiras de tornar essa decisão mais consistente. Nosso processo pode ser resumido a duas perguntas de sim ou não. Não quero ser egocêntrico e batizar de Regras do Gama, então doravante vos apresento o Teste do Pão de Queijo:

  1. É importante para a obra que façamos referência especificamente a um pão de queijo?
  2. Existe um termo equivalente, razoavelmente conhecido em inglês, que vai remeter a um pão de queijo com uma margem razoavelmente baixa para ambiguidade?

A primeira pergunta é importante porque, por exemplo, podemos ter alusões figurativas como “ah, tá redondo igual um pão de queijo”. Se não for importante para a história que a pessoa se refira especificamente a um pão de queijo, podemos adaptar com alguma outra figura de linguagem.

Já se a resposta à segunda pergunta for “sim”, usamos então o termo estrangeiro. Senão, não. Aliás, muitas vezes nem consideramos o termo em português como palavra não inglesa! Por exemplo, “jaboticaba” aparece com essa grafia no dicionário Merriam-Webster e, portanto, consideramos como palavra da língua inglesa e vai na legenda sem itálicos. Já “doce de leite”, por exemplo, é vendido lá fora como dulce de leche por influência dos nossos vizinhos, e, portanto, atende à pergunta 2 do teste (sim, sim, eu sei que doce de leite uruguaio é muito diferente do nosso, mas tudo tem limite também, né?). Outra influência dos hermanos entra na nossa decisão de verter “novela” como telenovela e não soap opera, mas o motivo para isso é assunto para outro post.

Häagen-Dazs promovendo a Regra Número 2 pelo mundo.

Enfim chegamos ao “Cidade Invisível”. Traduzimos alguns termos? Algumas coisas sim. “Fubá” é corn flour ou raw corn flour, dependendo do contexto. Atende ao quesito 2 do Teste do Pão de Queijo.

Já os animais exigiram um cuidado especial. Por exemplo, o cetáceo de água doce que conhecemos como “boto” tem nome comum (e pouco criativo) em inglês: river dolphin ou pink river dolphin. Adotamos isso, fazendo questão, sempre que possível, de evitar abreviar como “dolphin” como jeito barato de economizar caracteres na legenda. Porco-do-mato? Peccary. É um termo razoavelmente conhecido e mais específico do que hog, que se refere ao porco mesmo, sem o “-do-mato”. Jacaré, por outro lado, é algo mais delicado. O termo certinho, certinho mesmo é caiman. O parentesco entre um caiman e um alligator, inclusive, é mais distante do que aquele entre o porco e o porco-do-mato. Mas esbarramos no quesito 1: um jacaré é mencionado apenas numa vez nessa temporada (spoilers!), citado de passagem e como parte de uma lista de animais que também inclui um macaco-prego (capuchin monkey). Ficamos – desta vez – com o bom e velho alligator.

E finalmente, as estrelas principais da noite, nossas figuras mitológicas. Com exceção do já citado boto cor-de-rosa, não traduzimos N-A-D-A. Cuca é Cuca, Curupira é Curupira, Saci é Saci. E feliz de quem conhecê-los por essa sensacional produção da Prodigo Filmes. Aqui na LBM somos fãs e aguardamos ansiosamente as próximas temporadas.

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Quer saber de que outros projetos originais Netflix já participamos? Dê uma olhada no nosso portfólio!

A LBM em cartaz: As Golpistas

Hoje é dia de estreia nos cinemas – segurem suas carteiras!

Para comemorar a estreia desse filmão encabeçado por ninguém menos que uma das mulheres mais poderosas do show biz na atualidade, Jennifer Lopez, trazemos uma tradução super especial. Nossa colaboradora Paula Barreto, em parceria com João Artur, preparou uma versão em português da crítica da revista Variety para o filme, publicada na ocasião da sua estreia oficial no Festival de Toronto, em setembro deste ano (saiba mais sobre a nossa equipe).

Que comece o golpe!

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Resenha do Festival de Toronto: “As Golpistas”.

Levando seu sex appeal a um nível impressionante, Jennifer Lopez interpreta uma dançarina empreendedora com um esquema para ficar rica no filme de Lorene Scafaria baseado num crime real.

Hustlers
Crédito: STXFILMS

A sexualidade é uma arma que empodera as mulheres em “As Golpistas”, uma saga sedutora que retrata um crime real e é para uma gangue de bad girls de Nova York o que “Os Bons Companheiros” foi para a máfia – ou seja, mistura glamour e sex appeal regado a champanhe com a loucura de um grupo de dançarinas que reduziu a fortuna de vários endinheirados de Wall Street. Extravagante, erótico e impossível de ser ignorado, “As Golpistas” representa nada menos que um momento cultural, inspirado por um artigo escandaloso da “New York Magazine” (que sustenta firmemente o filme em saltos agulha de 15cm).O artigo adaptado pela roteirista e diretora Lorene Scafaria, que bebeu da fonte de  Scorsese, é estrelado por uma Jennifer Lopez como você nunca viu.

“Este país inteiro é uma boate de striptease. Tem quem jogue dinheiro e tem quem dance,” diz Ramona, a personagem de Jennifer Lopez, a Julia Stiles (toda profissional, ao estilo “A Identidade Bourne”). Stiles interpreta Jessica Pressler, que, sem julgamentos, investiga o caso. Praticamente todas em “As Golpistas” interpretam uma versão de uma pessoa real, embora Julia Stiles seja a única que ao ser escalada não precisou de uma mudança de visual milionária. Entre as atrizes que entram na dança, estão a estrela de “Podres de Rico” Constance Wu e a atriz de “Riverdale” Lili Reinhardt, além de participações coadjuvantes de Keke Palmer, Cardi B e Lizzo – que juntas valorizam uma profissão antes vista como imoral.

No aniversário de 25 anos do lançamento de “Showgirls”, uma profissão que já foi considerada degradante tem sido quase completamente repensada devido à terceira onda feminista – que tem Madonna (uma óbvia inspiração para a carreira de Jennifer Lopez) como símbolo, uma dominatrix da cultura pop que fez do sexo sua marca e da lingerie sua armadura no palco.  Em vez de rejeitar tudo que parece misógino e corrupto na sociedade, a geração X procurou subverter as instituições por dentro.

De repente, aulas de pole dance passaram a ser oferecidas em vários estúdios dos Estados Unidos e garotas festeiras e estrelas pornô passaram a ser tratadas como celebridades. Diablo Cody, uma jovem escritora brilhante que fez sua fama escrevendo na internet sob a alcunha de candy girl, ganhou um Oscar por escrever uma comédia agradável a favor do aborto. E strippers de Nova York – que enganaram, drogaram e roubaram dos ricos para dar a suas relativamente pobres carteiras – foram consideradas heroínas desafiadoras no que a imprensa chamou de “uma história moderna de Robin Hood”.

Ao transpor o artigo de Pressler para sua visão cinematográfica, Scafaria levanta questionamentos sobre representação logo de cara: que tipo de preconceitos as pessoas têm quando pensam em strippers? “As Golpistas” humaniza as mulheres que são o centro do enredo, dando a elas namorados, histórias de vida e, mais importante, autonomia. As dançarinas são espertas o bastante para incorporar qualquer fantasia masculina, mas fazem isso do seu próprio jeito, e Scafaria nunca se esquece do fato de que são elas que estão no comando o tempo todo: “Enrole na r*** do cara”, Ramona aconselha a ingênua Destiny (Wu), explicando de modo grosseiro porém chiclete que strippers ganham dinheiro para provocar, e não para realizar os desejos de seus clientes.

Samantha Foxx (nome verdadeiro: Barbash), a Ramona da vida real, já estava na casa dos 30 quando conheceu Roselyn Keo (que inspirou a personagem Destiny). A multitalentosa Jennifer Lopez, que sempre foi a personalidade mais elétrica em todos os filmes que já fez, tem uma diferença de idade de mais de uma década para a personagem que interpreta , mas ainda assim a estrela – que teve seu início de carreira dançando na série “In Living Color” – surpreende, mostrando movimentos de dança dignos de uma medalha olímpica em sua primeira cena. Destiny fica hipnotizada (e nós também) ao ver Ramona botar o Cirque Du Soleil no chinelo, girando e deslumbrando no palco como se fosse uma esplêndida sereia “rodopiante”, antes de deslizar até o chão e abrir espacates que fazem suas sandálias estalarem no piso.

Foi isso que o malsucedido diretor Steve Antin tentou fazer com a vergonha que foi “Burlesque”. “As Golpistas” é uma exaltação acrobática da feminilidade desmedida, na qual moças “saidinhas” deitam e rolam com o poder que têm sobre os homens – que, nesse caso, sem dúvida são o sexo frágil, escravos de uma libido que só é satisfeita quando gastam dinheiro. Claro que muita gente consideraria isso uma flexibilização da verdadeira força feminina, mas “As Golpistas” não tem tempo para esse tipo de argumento. O filme parece dizer que “tudo que é bonito é para se mostrar”, enaltecendo vários tipos diferentes de corpo, mas limitando o quanto os espectadores cobiçosos podem realmente admirar.

O fato de Destiny ser iniciante serve como desculpa para os movimentos desajeitados de Constance Wu (e, de qualquer forma, o foco de sua interpretação está em ser o núcleo em conflito moral da história) e dá a Scafaria um motivo para ir explicando a profissão aos espectadores. A menos que você já tenha feito ou recebido uma lap dance, nem todas as regras são óbvias – e, sinceramente, continuam sendo um tanto misteriosas, mesmo com a explicação imparcial do filme. Na boate Moves (uma mistura das boates Scores, Flash Dancers e Larry Flynt’sHustler Club), as meninas não são pagas para dançar e trabalham ganhando gorjetas, tendo que dar uma parte considerável (de 40% a 50%) para a boate, que fornece os aposentos onde os clientes começam a abrir de verdade a carteira.

Em “As Golpistas”, são as mulheres que objetificam os homens, reduzindo os clientes a uma variedade de estereótipos superficiais (só Usher, que interpreta uma versão ostentadora de si próprio, escapa ileso). A maioria é como Frank Whaley, um cliente ricaço presunçoso e bajulador que entra na boate pela porta dos fundos, como Ray Liotta no Copacabana em “Os Bons Companheiros”. Essa tomada capturada com Steadicam também serviu como inspiração para a cena de abertura em luz fluorescente que acompanha Destiny do camarim até o palco.

Alguns desses caras rasos de Wall Street – banqueiros e corretores que ganham milhões de várias maneiras desonestas – não pensam duas vezes antes de gastar um valor na casa dos seis dígitos numa única visita a Moves. “Eles podem te diminuir, ser possessivos, agressivos e violentos”, conta Destiny para sua entrevistadora, e cabe à nossa imaginação interpretar isso (a minha não parece ser muito boa, já que a filosofia “vale tudo” da personagem pareceser contraditória à cena em que ela chora após ultrapassar seu limite com um cara babaca).

É mais seguro para as mulheres trabalharem juntas – como Destiny começa a fazer com Ramona-, e isso também as ajuda a tirar mais dinheiro de seus caixas eletrônicos humanos. “São negócios, o mais honesto que eles fizeram durante o dia todo”, explica Ramona, comprando bolsas da Gucci com um maço de notas de um dólar ensopadas de suor enquanto uma vendedora certinha observa com olhar desaprovador.

E é quando a economia despenca e os clientes começam a ficar mesquinhos. Da noite para o dia, os homens passam a ser mais espertos com seu dinheiro – e uma nova leva de lindas imigrantes está disposta a fazer sexo oral por 300 dólares. O filme quase se rende ao slut-shaming, tentando diferenciar striptease de prostituição enquanto apresenta uma mudança nos negócios, no qual as mulheres vão acabar levando os homens a casas chiques e hotéis para roubar seus cartões de crédito. Durante a crise, Destiny acaba tendo uma filha, e apesar de Ramona insistir que “a maternidade é uma doença” – culpando a mãe pela vida que leva -, ela também tem uma filha, e as amigas precisam ser criativas para sustentar suas famílias.

Ramona chama isso de “pescar”: como os ricaços não estão mais indo até a boate, são as dançarinas que têm que ir até eles e seduzi-los. Quando conseguem atrair um desavisado (que acha que é seu dia de sorte), elas o levam até a Moves, onde já fizeram um acordo com a boate para dividir o lucro da conta exorbitante. Isso funciona por um tempo, até Ramona decidir que seria mais fácil se elas começassem a adulterar a bebida dos homens com uma receita caseira, uma mistura de MD e cetamina que os deixa apagados.

“As Golpistas” não tem apenas uma, mas duas cenas em que Jennifer Lopez apresenta o plano para suas “irmãs”, sem contar a cena em que Constance Wu o descreve com indignação fingida para a jornalista interpretada por Julia Stiles – e nenhuma delas parece especialmente plausível, muito menos necessária. Os espectadores não precisam acreditar que elas achavam que seria seguro ou que usar entorpecentes era “normal”, mas teria sido bom entender melhor o esquema, que envolve algo como ligar para os clientes regulares e oferecer a eles muita diversão enquanto estouram o limite do cartão de crédito deles.

Na vida real, Foxx e Keo foram longe demais, mas se divertiram horrores enquanto o esquema durou, e suas vítimas eram homens que, por terem dinheiro e status, achavam que a grana era uma boa desculpa para a forma como tratavam as strippers. Claro que isso é simplificar demais as coisas, só que normalmente as predadoras não são as mulheres. Pouquíssimos filmes retratam o efeito e a proporção do mercado do sexo nos EUA, e “As Golpistas” pelo menos mostra a adrenalina de um caso em que foram as mulheres a explorar os homens. É só lembrar da cena em “Psicopata Americano” em que o serial killer Patrick Bateman mata mulheres com uma serra elétrica e pronto! Esse filme passa a ser uma vingança das boas.

É com essa atitude que Scafaria conduz o longa e celebra de maneira perspicaz o excesso materialista. Filmado e editado como um clipe musical, cheio de movimentos de câmera para chamar a atenção e montagens gratuitamente longas, “As Golpistas” é uma subversão radical da percepção da profissão no século passado. Marisa Tomei pode ter aproveitado ao máximo seu papel em “O Lutador”, mas Shirley MacLaine, ao defender suas escolhas de carreira, disse que chegou um momento em que se cansou de interpretar prostitutas, capachos e vítimas – que eram os melhores papéis disponíveis para ela na época. E todas aquelas jovens buscando uma carreira que foram relegadas a fazer pole dance, seminuas e anônimas, em uma série como “Os Sopranos”? Bom, agora elas têm seu próprio “Os Bons Companheiros”.

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Ah! Você pode ler a publicação original em inglês aqui 😉

A LBM em cartaz: “Morto Não Fala” e “Greta”

Caros amantes do cinema nacional,

Hoje estamos aqui de verde, amarelo e bandeira arco-íris para comentar duas produções nacionais que estreiam nas telonas com uma mãozinha (ou patinha?) do ratinho.

Em tempos sombrios para o audiovisual brasileiro, é um prazer imenso constatar que estamos com gás total em produções incrivelmente relevantes, avançando nossa indústria. E melhor ainda é poder fazer parte do processo!

Bora conhecer essa dupla?

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MORTO NÃO FALA

O primeiro longa de Dennison Carvalho já foi exibido em cerca de 40 festivais pelo mundo com o título internacional de “The Nightshifter”, chegando ao Brasil hoje. Com aprovação média de 92% no Rotten Tomatoes e considerado pela revista New York como um dos melhores filmes de terror de 2019 (ao lado de “Nós”, de Jordan Peele), a produção traz promessa e expectativa em relação à aceitação do público brasileiro.

Um toque de arte no pôster no filme macabro.

A obra conta a história de um médico-legista que trabalha durante a noite no IML paulistano e tem dons mediúnicos de conversar com os recém-mortos que passam por seus cuidados. O projeto começou como um seriado da Globo, mas acabou se tornando um longa no meio do caminho – o que se provou uma ótima decisão estratégica, visto que o filme já levou 5 prêmios pelo mundo. Dentre eles, um merecido prêmio de efeitos especiais, pela caracterização dos personagens feitos em esculturas idênticas aos atores para retratar os corpos sem vida, com seus rostos sendo animados digitalmente.

A acessibilidade do filme foi feita toda by LBM em parceria com a Casa de Cinema de Porto Alegre, com bastante atenção ao uso das músicas e efeitos sonoros trazidos pelas cenas. Tratando-se de um filme de terror, a trilha assume um papel de destaque na narrativa, expressando emoções chave. Em todos os seguimentos da acessibilidade, foi um desafio escolher como indicar esses sons variados para manter o suspense das cenas. É importante descrever com cuidado, acompanhando os sinais gradativos dados pela narrativa!

Essas legendas não faltaram no closed caption do filme!

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GRETA

Tratando com naturalidade de temas bastante densos, “Greta” chega hoje aos cinemas com direção de Armando Praça. Sua trajetória, no entanto, já inclui o troféu Mucuripe por melhor longa-metragem, melhor direção e melhor ator para Marco Nanini, sendo o grande vencedor do Cine Ceará.

O roteiro de “Greta” passou por laboratório para chegar à sua forma final. Fernanda Leme, nossa colaboradora, formada em Cinema e especialista em roteiros, conta mais sobre:
“O Laboratório Novas Histórias é um projeto idealizado e organizado por Carla Esmeralda, e faz parte do Programa Sesc e Senac São Paulo de Desenvolvimento de Roteiros para o aperfeiçoamento do ofício do roteirista no Brasil.
É de extrema importância a iniciativa desses laboratórios, pois dá a oportunidade de novos roteiristas entrarem em contato com aqueles que já estão no mercado de trabalho, discutir e evoluir ainda mais os roteiros inscritos, para que um dia se tornem filmes.
Do Laboratório Novas Histórias saíram grandes filmes, como: “Que Horas Ela Volta?”, “As Duas Irenes”, “As Boas Maneiras”, “Boa Sorte”, entre outros.
Por muito tempo no Brasil, o roteiro era o ponto fraco do Cinema, mas dessas diversas iniciativas, e com o aumento de cursos, especializações e bibliografias e a valorização de sua importância, atualmente esse ramo tem se aperfeiçoado. Afinal, não podemos negar que o roteiro é a alma do filme! ‘Greta’ participou do laboratório em 2012. É um filme íntimo e singelo, mas que usa do escrachado dos bares populares ao cuidado dos hospitais para narrar sua história específica de amor. “

Lindo pôster do drama.

Aqui na LBM, pudemos legendar com carinho a tradução para o inglês enviada por nosso parceiro, a Carnaval Filmes, para que o filme brilhe mundão afora. Boa sorte, Greta!

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Este post foi escrito com a ajuda do nosso estagiário, Douglas Guizani! #ValorizeoEstagiário

A LBM em cartaz: “Depois do Casamento” e “Midsommar”

Opa! Que bom ver você por aqui 🙂

Estamos de volta nesta quinta ensolarada do capeta para contar sobre nossas estreias da semana. Preparados?

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DEPOIS DO CASAMENTO

Distribuído aqui no Brasil pela nossa querida Diamond Films, o longa estrelado por Michelle Williams e Julianne Moore é um remake do filme dinamarquês de 2006 com o mesmo nome. Nossa colaboradora Paula Barreto, que trabalhou no filme, conta mais sobre:

“Tudo começa quando Isabel (Michelle Williams) tem que viajar aos Estados Unidos em busca de doações para o orfanato que gerencia na Índia. Em Nova York, ela conhece Theresa (Julianne Moore), uma mulher bem-sucedida dona de sua própria empresa que está considerando se deve ou não doar uma grande quantia para ajudar o orfanato. Surpreendentemente, Isabel é convidada para ir ao casamento da filha de Theresa, e sua vida dá uma guinada de 360 graus depois do evento.

Extraímos uma legenda que mostra o grau de determinação envolvido.

Depois do Casamento é um filme sensível e delicado, mas não se engane: ele também trata de assuntos seríssimos, como maternidade, abandono, luto e amor ao próximo. É impossível não se emocionar com a perseverança e persistência de Isabel, apesar de ser uma mulher austera, ao tentar conseguir fundos para o orfanato que tanto ama. Ela tem uma ligação forte com as crianças órfãs, que são sua família, e, além de batalhar para dar a elas uma vida melhor, trata todas com muito amor e carinho. Theresa, apesar de ter seus momentos de severidade, também tem muito amor para dar: é uma mãe exemplar para a filha adulta e os dois filhos criança, além de ser uma esposa amorosa e companheira. São duas mulheres fortes, batalhadoras, bem-sucedidas e, acima de tudo, muito ligadas à família. Nós bem sabemos que não existe apenas uma configuração de família, e o ratinho aposta que você vai se identificar muito com a matriarca das duas famílias!

Para quem quer se emocionar no escurinho do cinema, esse filme é uma ótima pedida! Compre uma pipoca e um refri, se aconchegue na poltrona, leve um lencinho para enxugar as lágrimas e bom filme!”

Tamo junto, Michelle.

MIDSOMMAR – O MAL NÃO ESPERA A NOITE

Nossa segunda estreia do dia é o surpreendente terror diurno de Ari Aster, distribuído pela Paris Filmes. Quem acompanha o portfólio da LBM sabe que, ano passado, legendamos Hereditário, o filme de estreia do diretor que foi intensamente aclamado pela crítica.

O filme mostra a viagem de um grupo de jovens americanos à Suécia, onde testemunharão as festividades do solstício de verão pela primeira vez. Antes mesmo do embarque, as tensões já estão acumuladas entre alguns dos participantes e, chegando ao destino, os acontecimentos parecem contribuir para os conflitos. A noite praticamente não dá as caras durante todo o filme, os desdobramentos sinistros vão acontecendo à luz do dia e, bem… A gente fica confuso!

Esse gif resume bem o filme!

Não queremos dar spoilers, mas recomendamos fortemente uma ida ao cinema. Para tanto, deixamos aqui uma legenda… intrigante:

A produção também contou com acessibilidade completa do ratinho. Em conversa exclusiva com o mouse, Fernanda Leme, da nossa equipe de audiodescrição, comentou que a montagem se utiliza muito de planos abertos, o que significa que muitas coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo. Assim sendo, é mais difícil selecionar qual informação é a prioritária para o espectador. Numa nota mais pessoal, ela recomenda muita atenção aos detalhes da obra, pois ela traz pistas constantes nos adereços e artes que, com sutileza, contam histórias também!

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A LBM em cartaz: “Abigail” e “Peterloo”

Caros e caras,

Vocês devem ter reparado como as coisas andam diferentes por aqui, não? Há um mês e meio, nossas vidas estão muito mais coloridas e divertidas com o lançamento da nossa nova identidade visual! Nova logo, nova paleta e todo um universo de elementos gráficos que ilustram nossa vida pessoal e de trabalho, da qual nos orgulhamos tanto.

E agora damos mais um passo…

Rufem os tambores!

…com a reinauguração do nosso querido blog, agora carinhosamente batizado de Toca do Mouse! Voltamos à nossa programação de posts com nossas estreias nas telonas e telinhas, além de discussões sobre conteúdos relevantes à nossa área. Garantimos que as coisas nunca estiveram tão animadas por aqui.

E vamos aos comentários sobre as duas estreias lbmísticas desta semana, trazidos pela nossa colaboradora Paula Barreto, que trabalhou na legendagem de ambos os filmes.

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PETERLOO

O filme britânico “Peterloo”, com estreia nesse ano de 2019 pela Amazon Studios, marca o 200° aniversário do Massacre de Peterloo, ocorrido em 16 de agosto de 2019. Que você já ouviu falar na Batalha de Waterloo o ratinho sabe, mas e Peterloo? Bom, nada tema, pois o ratinho também dá aula de   história! 

Napoleão quando confundem Waterloo com Peterloo.

O Massacre de Peterloo aconteceu em St. Peter’s Field, uma praça de Manchester, na Inglaterra. Milhares de pessoas se reuniram no local para protestar e pedir por uma reforma parlamentar. A manifestação, de caráter pacífico, foi dirigida pelo famoso orador Henry Hunt, personagem do ator Rory Kinnear (os fãs de “Black Mirror” e “Penny Dreadful” vão reconhecê-lo!). No entanto, as forças militares foram chamadas para intervir, e o que começou como um protesto pacífico terminou em um banho de sangue, com cidadãos ingleses mortos e feridos.

O filme aborda toda a questão política e social que culminou na já citada   manifestação, e por meio dos diálogos dos personagens e dos discursos   feitos pelos grandes oradores apresentados no filme (sempre com muita pompa), o espectador tem acesso a todo o contexto de que precisa para entender o cenário do país na época.

Um tema muito abordado é a injustiça sofrida pelos trabalhadores humildes, que trabalham horas a fio e em condições insustentáveis, mas que não são amparados nem reconhecidos pela Coroa e governo. Há um   sentimento geral entre as camadas mais pobres de querer revidar, tomar o que é seu por direito, ter voz e reconhecimento.

Cena de “Peterloo”: qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência.

Apesar do filme se passar lá em 1819, as reflexões políticas apresentadas pela obra se mostram muito atuais, fazendo o expectador ponderar sobre o sistema em que está inserido e até que ponto ele é ou não justo. É um prato cheio para quem quer assistir a um filme mais politizado e denso, que faz   o espectador sair do cinema cheio de exclamações na cabeça. Apesar de longo e trabalhoso, nó adoramos a experiência de fazer a tradução desse filme e aprender um pouco mais de história mundial.

ABIGAIL E A CIDADE PERDIDA

É impressão minha ou essa russa tá igualzinha à Amanda Seyfried?

Ainda nesta quinta, estreia nas telonas brasileiras o filme “Abigail e a Cidade Proibida”.  A fantasia russa conta a história de Abigail, uma moça que mora em uma cidade isolada do resto do mundo por uma fronteira devido a uma grave doença infecciosa. A doença misteriosa e contagiosa afeta cada vez mais moradores da cidade, que são levados à quarentena. Assim foi o caso do pai de Abigail, que foi levado quando ela ainda era pequena. Tendo que sobreviver a um ambiente hostil sem a presença do pai, a quem era muito ligada, nossa protagonista acaba descobrindo um dom especial e poderoso – que o ratinho não vai dizer qual é para atiçar a   curiosidade de vocês! Com um visual steampunk lindo de morrer e cheio de tecnologias inovadoras, o filme explora de maneira leve temas como abuso de autoridade e poder, controle por meio do medo, o pavor que o desconhecido pode causar e como nem tudo é o que parece ser.

O filme entrelaça a história do presente com cenas de flashback, de quando Abigail ainda era criança e seu pai a ensinava lições de vida que seriam importantíssimas no futuro. A garota, sempre muito atenta e esperta, entendia muito bem os ensinamentos do pai, o que se provará de extrema   importância para a situação na qual ela se encontrará mais tarde. Um desses ensinamentos, disfarçado de história, é que na condição de   seres humanos, devemos sempre saber dizer e ouvir “não” e que nem tudo deve ser do jeito que queremos. É uma lição atemporal que serve não só   para a personagem, mas também para os espectadores. Não sabemos vocês, mas o ratinho adora quando filmes fazem você refletir!

Nossas legendas preferidas do filme!

Para quem gosta de filmes como “Harry Potter” e “A Bússola de Ouro”, esse filme é uma ótima opção! Não deixem de prestigiá-lo nos cinemas, com tradução by LBM feita com muito carinho. Afinal, o audiovisual não é feito só de blockbusters americanos (que a gente também ama), né?

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Aha, uhu! O cinema é nosso! Valeu, Paula.

Prometemos estar por perto aqui no blog, mas não deixem de nos seguir também no Face e na nossa novíssima conta do Insta, a @lbmouse.oficial 😉