Nos tempos do 20/20

 

Caríssim@s,

Estreamos hoje no blog da LBM uma série de guest posts mensais que, temos certeza, vocês vão adorar. É nossa forma de trazer outras vozes e experiências para nosso blog e contribuir para a disseminação de informação sobre legendagem e aumentar nosso escopo de discussão. Para o grande debute, ninguém menos que Sandra Schamas, pioneiríssima na legendagem, da época da chegada da TV a cabo ao Brasil. Nós nos conhecemos numa palestra que demos conjuntamente na Casa Guilherme de Almeida (clique aqui para ler o post pós-palestra), na qual reunimos nossas experiências de cunho e tempos diferentes para levar aos alunos da Casa uma noção da nossa área da tradução. Neste post, a Sandra nos conta como começou a legendar, como era legendar naquela época e como ela encara tudo isso. Coisa linda de se ver!

Sem mais delongas, senta que lá vem história.

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Entre dezembro de 1990 e o primeiro semestre de 2003 morei em Miami, uma época rica e intensa da minha vida, uma experiência inestimável. Ter um emprego nine to five, andar de escarpin, meia branca e taiêr era meu sonho de consumo. Depois do green card muitas aulas de inglês e um aprendizado informal do espanhol falado nas ruas, fui me aventurar pelo mundo corporativo. Essa trajetória, devo dizer, foi cheia de empecilhos, dificuldades e diferenças culturais. Tentei, tentei de todo coração me acertar, porém, ao perder o trabalho em um banco e dar de cara com a depressão, percebi que era melhor parar de insistir e buscar novos cominhos. Foi então que um amigo me ligou perguntando se eu não queria traduzir textos de embalagem de lâmpadas de Natal, brinquedos, etc. Insistiu, disse que eu levava jeito, que era só uma experiência e acabei topando. E me encontrando. Organizei os textos num McIntoch antigão, logo depois comprei um IMac, azulzinho, transparente, fofo. Animada com o projeto, vi que gostava dessa eterna investigação que é traduzir e acabei, alguns meses depois, aceitando o desafio de traduzir legendas. Trabalhava como freelancer em um canal de televisão que enviava o sinal de TV a cabo para o Brasil, a HBO ainda não tinha o sinal em Miami, nem as outras empresas de cinema, então tudo passava pela Globecast Hero.

Quem se lembra?

A primeira série que legendei era de um programa de fitness, em espanhol, e tudo que eu precisava saber o era nome dos músculos do corpo, além de ter uma paciência de Jó para marcar a legenda, acompanhando a contagem repetitiva do instrutor.   A marcação de legenda era feita separadamente, o programa fazia com que as legendas corressem paralelamente ao filme. Lembro-me bem que, às vezes, à noite, eu ia até uma sala de controle, com uma quantidade enorme de telas e via os filmes passando, com legendas em vários idiomas. Fixava em algum filme que eu tinha marcado e isso era ótimo para checar se a marcação estava em tempo certo.

Quando pensamos em “programa de fitness”, pensamos nisto.

O treinamento de como fazer legendas era basicamente era o seguinte: uma explicação de como funcionava o sistema de computador, que era o chamado 20/20, o número de caracteres por linha, dar enter em cada linha, evitar pronomes e não usar muita pontuação. Nada de gírias ou palavrões, boa sorte, se vira!

As discussões não tinham fim e logo que um revisor foi contratado, a coisa ficou pior. Não havia dicionários online, o uso da Internet não era permitido no trabalho, não havia corretor ortográfico no programa, não havia tempo para pesquisas. Quando alguém me perguntava se eu queria alguma coisa do Brasil, pedia dicionários, livros do Professor Pasquale, livros de gramática, a arte de escrever bem, e por aí afora.

Obras impressas e bate-papo eram as opções de pesquisa da época do 20/20.

Havia a dificuldade da nossa própria língua, o português cuja gramática é bem chatinha, a gente não consegue decorar todas as regras e tem que consultar sempre. Além disso, escrever bem depende de prática, sempre, e nem todos tinham. A dificuldade da tradução por si só já complica. As questões culturais têm um grande peso também, os jargões, as gírias, as especificidades de cada nacionalidade. No fim, a gente sempre acabava aprendendo com nossos próprios erros, e os dos outros, em um eterno aprendizado.

Aprendi a traduzir do inglês e do espanhol, aprendi a marcar legendas, depois passei a revisar legendas ao mesmo tempo em que marcava. Entrava às duas da tarde, saía as onze da noite e, uma vez por semana, saía as três ou quatro da manhã porque, junto com outro tradutor, traduzia o script de dublagem para uma programa de uma hora chamado Discovery News. Era super interessante no começo, mas foi ficando chato, pois apresentava sempre o mesmo tipo de assunto. Nós fazíamos assim: dividíamos o texto, cada um traduzia uma parte e depois trocávamos os textos para revisão. No fim, líamos o texto como se fôssemos os dubladores para ver se havia lipsync, ou seja a sincronização  com os movimentos labiais.

Quando passei a revisar legendas, logo entrei em contato com a empresa que fazia as traduções e, juntos, fomos escrevendo um manual para ter uma padronização e coerência entre tradutores, marcadores e revisores. Os produtores de cinema também passaram a ditar as regras, o que facilitou bem o trabalho.

As pessoas viviam me perguntando por que as legendas não eram completas, por que o personagem falava uma coisa e na legenda aparecia outra. De tanto explicar que há um limite de caracteres e uma porção de outras restrições de ordem estética para facilitar a leitura, fiquei achando que fazer legenda era um pouco parecido com fazer poesia tradicional, com métrica e rimas, o que também sempre gostei de fazer.

Nossa cara explicando pela milésima vez porque nem tudo nas legendas corresponde perfeitamente ao que é dito… Quem se identifica?

A linguagem da legenda está entre o português falado e o português escrito, e só isso já é um problemão. A começar por um simples “eu te amo”. Segunda pessoa. Geralmente se fala na terceira. Por um bom tempo essa declaração de amor ficou bem estranha: “ eu a amo”, “eu o amo”, “eu amo você”. Mas a língua é viva, vai se modificando com o uso, e o “eu te amo” finalmente parece que agora é aceito. Só para completar a lista de dificuldades, o inglês é bem mais conciso que o português, o que não facilita nada o trabalho do legendador.

O eterno dilema: se a legenda for muito grande, se tiver muito mais legendas do que a média, a pessoa não consegue assistir ao filme. Se as legendas são curtas, ou insuficientes, aparecem aquelas lacunas, e quem assiste acaba se perdendo.

A prática foi levando à proficiência, sempre interessada no assunto fui desenvolvendo cada vez mais esse meu lado Sherlock Holmes e a investigação é um hábito que considero muito saudável. O tradutor precisa ser um eterno desconfiado, um curioso de todos os assuntos.

O tradutor-Sherlock que há em todos nós.

Ainda no final dos anos 1990, a Florida International University – FIU – abriu um curso de Tradução e Interpretação e logo me inscrevi fazendo parte da primeira turma. Aprendi muito, foi muito produtivo, pois já trabalhava com tradução de legendas há algum tempo.

Gosto de pensar que cada legenda deve ser como um anúncio luminoso e precisa dar conta do recado. Quando alguém me diz que a legenda estava errada, eu desconfio. Porém, por hábito, continuo revisando as legendas dos filmes e programas que assisto e, às vezes, alguma coisa escapa. O tradutor é uma pessoa, não é uma máquina, e às vezes, pela quantidade e urgência de trabalho, o tradutor entra no piloto automático e algum erro pode passar. A mesma coisa o revisor. Além disso, devemos considerar que você pode saber muito bem inglês, pode ser um bom professor, mas pode não ser um bom tradutor. E ainda na área de tradução, vamos nos deparar com inúmeras especializações, tradução técnica, literária, da área médica, jurídica, de poesia, etc. Ainda bem, assim há espaço e trabalho para todos!

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Para saber mais e tudo sobre a Sandra, acesse o site dela: http://www.sandraschamas.com.br/

A LBM em cartaz: Fevereiro

Querid@s leitor@s,

Hoje já é dia 3? Sim. Mas estamos atrasados com nosso recap? Não. Pois se fevereiro fosse um mês como outro qualquer, ele teria acabado ontem.

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Fevereiro foi um mês bem gordinho de estreias para a LBM, nos estilos mais variados. Foram 6 estreias no total, a segunda vez que repetimos o feito! Agora, a comemoração vai ficar guardada para a mitagem das 7 estreias. Vamos começar?

 

Semana 1

Na quinta 4, começamos o mês com “A Escolha” (Paris Filmes) e “Tirando o Atraso” (Diamond Films). Dois filmes bem diferentes, com demandas de tradução bem diferentes também. “A Escolha” é um filme de diálogos menos complexos, bastante romântico, em que a maior dúvida é se você vai colocar aquele “merda”, ou vai mandar um “droga” para não destoar do resto do filme. A responsa, porém, era grande. Gazilhões de fãs de Nicholas Sparks aguardando ansiosamente pela próxima adaptação cinematográfica de um dos seus livros.

Já “Tirando o Atraso” é o típico filme de comédia pastelão, politicamente incorreto e cheio de coisas que você não conhece, demora para descobrir o que é e, quando descobre, não tem a menor ideia do que fazer com aquilo. Dentre eles uma apavorante sequência de diálogos em que o vovô taradão (Robert DeNiro) tira uma com o neto (Zac Effron) enquanto eles jogam golfe, chamando-o por nomes de jogadores de golfe famosos, só que não exatamente… Vejam alguns dos nomes:

Jack Dicklaus

Bubba Twatson

Gary Playing With My Balls

Michelle Wizzle All Over My Face

Eis aí uma boa deixa para praticar daredevilish subtitling! Deixem suas sugestões de tradução nos comentários (valendo uma lembrancinha da LBM)!

É disto que estamos falando…

 

Semana 2

Na quinta dia 11, “Brooklin” (Paris Filmes) abriu nos cinemas. A produção recebeu indicações ao Oscar por Melhor Filme e Melhor Atriz, mas não levamos nada. Mesmo assim, o filme é uma belezura que merece ser assistida. Sua tradução teve muitos toques de delicadeza e sensibilidade, e adotamos um estilo linguístico mais próximo à gramática padrão. Há uns bons anos, quando eu trabalhava numa escola internacional e fazia parte do clube do livro local, eu li Brooklin e gostei muito. Mesmo tendo feito essa leitura há muito tempo, ela me ajudou muito com a tradução. Eu já comecei a tradução conhecendo o espírito da história. Além disso, pequenos detalhes que no filme eram breves e ficavam confusos, eu lembrava com clareza. No filme, por exemplo, há um diálogo em que uma personagem menciona “nylons”, o que ficava um pouco no ar. Mas, no livro, falava-se muito em “nylon stockings”, então eu sabia do que se tratava sem ter que pesquisar muito. Às vezes, é engraçado ver como a tradução intersemiótica se dá: um termo/assunto tão frequente no livro vira um diálogo no filme (mas está lá!).

Cena de “Brooklin”

Uma das coisas mais difíceis do filme foi a marcação. O filme tinha uma edição muito picotada, a câmera passava muito de um rosto para outro, e foi desafiador aplicar o conceito de craft subtitling, no qual respeitamos cortes ao máximo.

 

Semana 4

Na semana 3 não tivemos estreias, mas só para ter um descanso até a quinta 25, quando 3 filmes traduzidos pela LBM estrearam juntos nos cinemas: “Presságios de um Crime” (Diamond Films), um thriller policial, cuja tradução transcorreu sem grandes problemas; “Boa Noite Mamãe!” (PlayArtePictures), o filme de terror austríaco que balançou a crítica; e “Deuses do Egito” (Paris Filmes), o tão aguardado blockbuster.

“Boa Noite Mamãe!” é um filme surpreendente e falar sobre sua tradução sem dar spoilers seria difícil! Então: SPOILER ALERT!!! No começo do filme, temos os irmãos gêmeos, mas no fim entendemos que um deles na verdade estava morto. E, antes da grande revelação, alguns diálogos podiam denotar isso por causa do sistema de singular/plural do português. Por exemplo, alguém dizia “Get out of the car!” e nós víamos dois meninos dentro, mas na verdade era um só; ou seja, a pessoa estava dizendo “saia” e não “saiam”. Assim, fomos rebolando durante o filme para modificar esses diálogos e não estragar a surpresa. Conforme as coisas vão ficando estranhas, no entanto, resolvemos soltar um singular aqui e ali para soltar uma pulga atrás da orelha do espectador. Alguém viu o filme no cinema e pode comentar se percebeu alguma coisa?

Olha eles aí…

“Deuses do Egito” foi um filmão mara de se trabalhar. Um pouco de pesquisa aqui e ali sobre nomes egípcios de deuses, cidades, entre outras coisas, mas nada que comprometesse. Um filme com bastante sarcasmo, o que nem sempre é fácil de transportar para a legenda, mas esperamos ter feito um bom trabalho.

“Deuses do Egito” te apresenta o seu próximo pet.

A propósito do filme, vamos relembrar uma postagem no Face que rendeu muitas risadas e likes na nossa página:

 

Show de bola. Em março tem mais!

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Daredevilish subtitling – quando o seguro não satisfaz a alma criativa

Colegas legendador@s e amig@s curios@s,

Vamos começar com um enigma: o que as palavras (palavras?) vagaba, caixeta e tantufas têm em comum? Pensem bem.

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Como tradutores de diálogos, realizamos nosso trabalho dentro das regras convencionadas para o nosso ramo de tradução ou estabelecidas por nossos clientes e, com os limões em mãos, fazemos nossa limonada audiovisual. Damos nosso melhor para achar soluções bacanas e inventivas para aqueles pepinos tradutórios, tomando o devido cuidado para não sair da linha. Somos bons nisso (ou ficamos, com o tempo).

Às vezes, também, fazemos a escolha de neutralizar nosso texto. Com pesar em nossos corações, desfazemos um brilhantismo oral numa chapada frase objetiva e sem ambiguidades. Estamos pensando em nossos leitores, é claro. Pick your battles, you can’t always win. Saber quando desistir e focar nos desafios que valem a pena também são habilidades requeridas. Certamente não são todos os diálogos que merecem uma noite mal dormida.

Mas há aqueles. Sabe, aqueles? Os que roubam seu sono. Vez por outra nos deparamos com diálogos que merecem nossa dedicação. Mas, é claro, todos os nossos diálogos têm 100% de nós, em teoria. Então, o que vamos dar a mais por esses diálogos?

Bem, voltemos às regras. As regras que norteiam nosso trabalho na maior parte do tempo nos ajudam a desenvolver uma tradução criteriosa e padronizada. Regras muito rígidas às vezes limitam nossa liberdade criativa, mas também limitam nosso escopo e nos ajudam a tomar decisões. Às vezes, não há regras, mas há bom senso. Talvez o bom senso seja a maior regra, a regra internalizada. Aquela vozinha que faz você apagar o que escreveu, pensando: too much, diva darling, too much. A regra interior que faz você temer o que o cliente, o público e os colegas vão pensar. Ela é prudente, e sábia também. Será que a deixamos ditar nossa tradução com demasiada frequência? Provavelmente, não.

Regras e bom senso na legendagem incluem, por exemplo, a não banalização de palavrões e palavras vulgares, o não uso de regionalismos e gírias locais que não alcançam um público mais amplo, o não uso de vocábulos que você encontria no whatsapp de adolescentes e, de forma geral, um respeito à diagonalidade do texto audiovisual, que não quer nem muito do oral, nem tudo do escrito. E não é que a gente fica bom em achar esse equilíbrio? Coisa impressionante. Mas há tempos, eu ganhei uma certeza nessa vida de tradutora: ser um bom tradutor de diálogos é, aqui e ali, jogar tudo pra cima e salvar um diálogo, só um, da morte, esquecimento e pior, da sem-graceza.

Então, o que mais daremos por AQUELES diálogos? Nossa ousadia!

Let’s risk it all.

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Quero agora apresentar alguns exemplos de situações aqui na LBM em que ousamos. Situações bem pontuais em que resolvemos não deixar para lá, fosse usando palavras extremamente informais, do vernáculo oral ou até mesmo inventando um pouco. Vamos lá!

Exemplo ousado #1:

No filme “Canibais” que traduzimos para a Paris Filmes, a tradução não deu trabalho. No entanto, encontramos uma brecha para marcar a memória dos leitores. Quando as amigas se despedem, a vulgaridade rola solta!

A assonância ficou prejudicada, mas a vagaba salvou o dia!

 

Exemplo ousado #2:

Numa dada cena de “Inatividade Paranormal 2” (PlayArte Pictures), Malcolm entra no quarto da sua enteada atrás de uma caixeta amaldiçoada… Caixeta?

https://youtu.be/mDRFiHyr7Uo

Imaginem que coisa mais chata escrever “caixa” naquelas legendas, que tristeza!

Pausa para cultura quase inútil: vocês sabem o que é uma boceta? Mas que pouca vergonha… Peraí gente, uma boceta é uma caixa pequena! Sim, uma caixeta. Juro, olhem:

s. f. || dimin. de caixa: o mesmo que boceta.

Leia mais: http://www.aulete.com.br/caixeta#ixzz3h6JezfF1

Mentes ativas começam a achar conexões de sinonímia, mas e daí? Pouca gente conhece a acepção original do que é hoje um baita palavrão e não ia dar muita sutileza. Mas… e a caixeta? Que bela rima! Final feliz.

Exemplo muito ousado #3:

Este é um personal favorite, sem dúvida. Em “Virando a Página” (Diamond Films), o professor de Screenwriting (Hugh Grant) faz a chamada dos seus alunos. Ele faz muitos trocadilhos com a língua. É também sedutor e não leva as aulas a sério. E agora?

https://youtu.be/gwxarzQd5LI

Either ou either? Tantufas!

PS: a marcação presente nesse vídeo não foi feita pela LBM, apenas a tradução.

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Então, é isso. Pequenas ousadias que lavam a alma e nos mantêm no caminho. Elas são muito importantes! Por isso, convido todos os colegas legendadores a enviar seus exemplos de daredevilish subtitling para nós. Recriarei este post mensalmente com exemplos ousados, engraçados e geniais de todos que quiserem colaborar. Envie seu vídeo legendado para blog@www.littlebrownmouse.com.br/toca-do-mouse. Não precisa ser em inglês, ok?

Beijas e até a próxima!

A LBM em cartaz: Janeiro

Querid@s amig@s,

Mais um mês chega ao fim e nos reunimos para a nossa retrospectiva mensal. O mês de janeiro foi pouco movimentado em termos de estreias para a LBM, mas estamos a todo vapor com muitos projetos rolando. Uma notícia incrível que temos para nossos colegas e amig@s é que a LBM agora é uma empresa associada à ABRATES, a maior e mais importante associação de tradutores e intérpretes do Brasil. Olha o selo aí ao lado, chique não?

Vamos lá então?

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CAROL 

Na quinta-feira 14, começamos o ano MUITO bem com a estreia de “Carol”. Sublime, apenas. O filme, que recebeu muitas indicações ao Globo de Ouro e também indicações ao Oscar (Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante para nossas musas Cate Blanchett e Rooney Mara respectivamente), continua em cartaz e é imperdível para 1) quem gosta de filmes incríveis; 2) quem participa de bolões do Oscar; e 3) quem gosta de ler legendas de primeira. Para quem lê em inglês, a crítica do The Telegraph é categórica: Cate Blanchett will slay you (leia na íntegra aqui). O filme tem uma fotografia maravilhosa e muito do seu charme está no não dito. A tradução correu tranquila, um daqueles filme gostosos de traduzir. Nosso diálogo preferido do filme foi quando Carol diz para Terese “My angel, flung out of space”, que em português ficou “Meu anjo, caído do céu”. <3

A Mares Filmes, distribuidora do filme, nos presenteou com o livro e o pôster. Nós adoramos! Olha só:

 

SUÍTE FRANCESA

Esse foi mesmo o mês de estreias lbmísticas em parceria com a Mares Filmes! Outra parceria nossa, “Suíte Francesa”, estreou na quinta-feira 28. O filme se passa na 2ª Guerra Mundial e conta a história de amor entre uma francesa e um soldado alemão da ocupação nazista. Como filme de época, foi importante manter o alerta para não usar termos anacrônicos na tradução. Parece bobagem, mas num descuido, um personagem da década de 40 aparece falando “Legal!”, e isso não seria nada legal! O filme por enquanto está restrito ao circuito cult em SP; você pode assistir no Cine Caixa Belas Artes e no Reserva Cultural (cheque sessões aqui). Para sessões no Rio, clique aqui.

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Outra estreia que estava programada para o dia 21, “Boa Noite, Mamãe!” (PlayArte Pictures) foi remarcada para 25 de fevereiro. Nessa mesma data, teremos as estreias também de “Little Boy – Além do Impossível” (Cinépolis Brasil) e “Deuses do Egito” (Paris Filmes), com Gerard Butler no papel de Set, o Deus do Deserto. Todos #byLBM, certo, Gerard?

A LBM em cartaz: Dezembro

Vamos começar com: Feliz Ano Novo a tod@s!

2016 começa muito empolgante e promissor. Em 2015, tivemos muitas estreias bombantes e parcerias incríveis, abrindo caminho para mais projetos em 2016. Momento dramalhão: obrigad@ a todos os leitores do nosso blog e pessoas que acompanham nossa fanpage no Face pelo apoio e interesse! Os acessos e feedback nos dão motivação para continuar compartilhando.

Enxugadas as lágrimas, vamos ao último recap de 2015, o mês de dezembro – que por sinal foi bem interessante!

SEMANA 1 (3/12)

Logo na primeira semana do mês, começamos com duas estreias.

O PRESENTE

poster

 

Com distribuição da PlayArte, o thriller chegou com boas críticas. Na LBM, ele se comportou bem e não nos deu muito trabalho – uma quantidade até modesta de diálogos e foco grande na parte visual e sonora, como um bom thriller. Sobre seu conteúdo, Judge Judy bate o martelo:

 

TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS

A produção da Gullane contou com a versão da LBM para festivais internacionais logo no começo do ano. Como é sempre o caso com as produções nacionais, os bastidores de tradução acontecem bem antes e, quando elas estreiam, é até estranho; parece que faz um século que você mexeu com aquilo! Depois da versão inicial para os primeiros festivais no começo do ano, fizemos um trabalho inédito de adaptação para o Festival de Locarno na Suíça. O filme foi adaptado para ser exibido em inglês e francês simultaneamente numa praça para várias mil pessoas. Então, cada legenda era bilíngue, inglês na linha de cima e francês na de baixo. Nenhum diálogo podia ter mais de uma linha, foi desafiador. Mas deu tudo certo e depois o filme também foi exibido no Festival do Rio. A tradução também não foi das mais simples, com muitas gírias e modos de falar da favela de Heliópolis. Foi um trabalho delicado de transposição sem forçar a barra; a criação de um ambiente único nos diálogos que não tem correspondência exata nem com o original em português, nem com nenhuma realidade linguística em língua inglesa. De fato, um híbrido que só pode existir no mundo das legendas e que serve o propósito de fazer a ponte entre os dois mundos culturais que estão sendo conectados. Esse tipo de projeto sempre me dá a certeza de que a tradução de diálogos é uma coisa única e as possibilidades são infinitas quando entendemos que tudo são escolhas tradutórias.

A Variety publicou uma crítica bacana sobre o filme após o Festival de Locarno que começa com um diálogo traduzido do filme:

variety

“A well-played song will soothe even the fiercest beast,” – a frase que poderia não ter sido dita, mas foi, e foi traduzida pela LBM e chegou à primeira linha da crítica da Variety <3

Leia aqui a crítica inteira.

 

SEMANA 2 (10/12)

Na segunda semana, mais duas estreias importantes. Vamos lá:

 

OLHOS DA JUSTIÇA

O drama trazido pela Diamond Films é um remake do argentino “O Segredo de Seus Olhos”. Confissões de uma tradutora sem noção: eu não percebi até a última cena do filme, em que o policial acha o cara na prisão doméstica todo ferrado implorando para a mulher falar com ele. Fail total. Tirando isso, tudo bem. A versão Hollywoodiana ainda está em cartaz em alguns cinemas, ainda dá para ler umas boas legendas da LBM 😀

 

PEGANDO FOGO

Gordon Ramsey como produtor executivo, que tal? Adam Jones só poderia ser um monstro. O grande lançamento da Paris Filmes foi cuidadosamente trabalhado pelo ratinho para chegar às telas tinindo. Com a consultoria de uma chef profissional, cansamos de montar nomes de pratos, acertar jargões da cozinha profissional e descobrir nomes de peixes (para que tantos?). Obrigad@ pela ajuda, Mayra Silva! Um glossário para toda a vida.

No comecinho do mês, teve pré-estreia com direito a convite em forma de menu, coisa muito chique. O sócio-pai compareceu em nome do mouse e nossa chef consultora também – aprovado! Agora falta você ir ver e nos contar o que achou.

 

SEMANA 4 (24/12)

Na semana 3, nada. Mas na semana seguinte, tivemos estreia em clima de jingle bells: “Macbeth: Ambição e Guerra”. Essa tradução tem muitas histórias para contar! Por isso, o tradutor-chefe desse projeto, nosso amado João Artur, está preparando um post para Shakespeare nenhum botar defeito. Aguardem!

 

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É isso! Semana 5 sem estreias também, pois até o mouse merece um recesso de fim de ano. Para o começo de 2016, damos uma palinha: “Carol”, “A Escolha”, “Boa Noite, Mamãe!”, “Suíte Francesa”, “Brooklyn”, “Deuses do Egito”, “Tirando o Atraso” e, rufem os tambores, “O Começo da Vida”.