Querides,
O mês do tradutor está chegando ao fim, mas nós não estamos prontos para entregar os pontos!
Para que todo o conhecimento que geramos neste mês não se dissipe no mundo digital, vamos retomar com vocês as conversas que tivemos, agora no blog, sempre trazendo as informações mais relevantes.
Começamos com a incrível live que fiz com Ivan M. Franco, meu digníssimo esposo e supervisor de pós-produção da LBM, realizada no último dia 7. Nela, conversamos sobre como a TAV e a pós se integram para entregar produtos completos, e como os profissionais das duas áreas devem se entender (o casamento é opcional!).
Vamos lá?
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1. A pós e a legendagem
Quem assistiu à live vai se lembrar que o meu trabalho com o Ivan se iniciou com trocas de informações sobre questões relacionadas à legendagem. “Por que as legendas estão sem sincronia alguma, ou começam sincronizadas e perdem a sincronia ao longo do vídeo?” são perguntas que todo legendador vai se fazer em algum momento. Uma pessoa da pós vai poder te explicar o que é framerate, por exemplo, e como essa característica do vídeo é de conhecimento fundamental para a correta confecção das legendas.
Por outro lado, o editor de vídeo ou finalizador, que está recebendo as legendas em algum lugar distante, às vezes também não sabe se virar com o material que tem por falta de conhecimento sobre formatos de legenda. É comum que esses profissionais peçam coisas como “um SRT com fonte 20”. E nós, legendadores mais experientes, sabemos que isso não existe.
Com a rápida popularização das legendas para conteúdos digitais que temos testemunhado, mais ferramentas que simplificam essa integração estão surgindo e fica mais fácil fazer tudo junto e sem complicações. Porém, num cenário mais profissional e lidando com legendagem de materiais corporativos, de publicidade ou de entretenimento, as equipes de legendagem e finalização precisam caminhar juntas e entender melhor sobre as etapas do trabalho. Afinal, nesse sentido, legendagem também é pós-produção.
2. A pós e a dublagem
Já na dublagem, a integração entre pós e TAV é mais bem estabelecida, já que a mídia final dessa modalidade de tradução é a mesma do original: o áudio. Assim sendo, as casas de dublagem encabeçam todo o processo, desde a tradução do roteiro até a finalização de som.
A ligação entre um tradutor para dublagem e um mixador de áudio pode não ser tão óbvia, mas ela certamente está lá. Esses profissionais são as duas pontas do processo; o que o primeiro criou, o segundo concretiza. A tradução caprichada dos diálogos, com foco na sincronia labial, pode se perder numa mixagem que não seja igualmente criteriosa. Por outro lado, nenhuma mixagem vai conseguir salvar um texto de dublagem que não tenha sido adequadamente adaptado. A pós faz milagre, mas nem tanto!
3. A pós e as acessibilidades
Para quem não está ligado no universo da acessibilidade, são três as modalidades no audiovisual: legendas descritivas, audiodescrição e janela de Libras. Nem preciso dizer que todas elas mais do que dependem da pós-produção, né?
As legendas descritivas não diferem de legendas transcritivas ou interlinguísticas na relação com a pós-produção, e o que foi dito no item 1 se aplica aqui também. Já as duas outras modalidades trazem ainda mais pontos de contato.
Costuma-se dizer que a audiodescrição possui três pilares: o roteirista (também chamado de audiodescritor), o consultor cognitivo e o locutor. Tudo verdade, mas só fica faltando um profissional: o carinha ou a moça da pós que transforma o áudio da locução no produto audiovisual que é consumido de fato! Esse profissional tem uma grande responsabilidade técnica na limpeza e tratamento do áudio, na edição e encaixe adequados dos trechos e no export do material que irá para o cliente. A famosa frase “deixa pra pós” se aplica muito na audiodescrição: o editor pode precisar dar seus pulos para que esse material cumpra com seu objetivo. Estamos falando de acelerar ou cortar frases para fazê-las caber nos silêncios; reconstituir palavras usando pedaços de áudios de outras partes para fazer algum conserto caso não seja possível regravar algum trecho que deu ruim; e até usar seu tempo de edição para pegar erros e inconsistências nas descrições.
Aqui na LBM, temos uma perspectiva da audiodescrição única, já que o Ivan, além de editor de vídeo, é roteirista também. Dessa forma, ele escreve ou revisa o roteiro, coordena o trabalho do locutor e depois edita o áudio. Com seu olhar de pós, o roteiro sai mais próximo ao áudio final do ponto de vista do que cabe ou não, e ele também faz o CQ enquanto edita. Ou seja, ele está lá o tempo todo cuidando para que a AD fique incrível!
Na janela de Libras, pós neles também! De que adianta uma interpretação primorosa em frente às câmeras se, quando chega à tela do computador, o tratamento de cor não está adequado e não se vê a expressão facial, ou o recorte de chroma-key está tão mal feito que distrai o espectador? Também é o editor lá da pós que vai fazer o fade-in e fade-out do intérprete na tela durante as pausas mais longas de interpretação, para que a experiência fique mais confortável para quem assiste.
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O vídeo, com seus componente de imagem e som, é a MATÉRIA PRIMA do tradutor audiovisual, seja ele legendador, tradutor para dublagem, audiodescritor ou intérprete de Libras. Não é só o editor de vídeo que tem que entender sobre o comportamento do material audiovisual. Será que você conhece a matéria prima do seu trabalho bem o suficiente? Em breve, a LBM trará uma novidade incrível pra te ajudar com isso 😉