Caríssmos e caríssimas,
Nesta quinta-feira ensolarada, trazemos um tópico que levamos muito a sério aqui na LBM: o controle de qualidade, vulgo CQ. Aquele que não é uma revisão, mas também não é menos importante do que ela. Aquele que amarra o texto e dá consistência, deixa com cara de coisa bem feita. Mas onde vive e de que se alimenta o CQ?
Nossa meticulosa profissional de controle de qualidade, Paula Barreto, une seu amor por CQ ao seu amor por Bernardinho para descrever a saga da padronização (saiba mais sobre a nossa equipe!).
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Você já parou para pensar em todos os processos pelo qual a legenda de um conteúdo passa antes de ser exibida? Se sim, você provavelmente pensou nos processos de tradução e revisão, talvez de leitura. Mas, na maioria dos casos, existe um outro processo bastante importante, ainda que não seja muito discutido e que poucas pessoas tenham consciência da sua existência: o controle de qualidade.
Então comecemos pelo básico: o que é o controle de qualidade? Onde ele se encaixa no processo de legendagem? Como é feito? Hoje, no Globo Repórter. Como muitas coisas no universo da tradução audiovisual, esse processo pode variar muito dependendo da empresa e do cliente, então não existem regras definitivas nem uma maneira correta de se fazer o CQ. Cada empresa pode abordar esse processo de maneira diferente, e nem todas incluem o controle de qualidade em seu fluxo de trabalho. Como trabalhei desde 2012 com controle de qualidade em produtoras que atendem principalmente aos grandes canais e serviços de TV, a perspectiva que vou oferecer aqui é de como essas empresas lidam com esse processo.
Bom, o controle de qualidade nada mais é que uma etapa final depois do arquivo de legendas já ter passado pelo tradutor e revisor e, às vezes, pela leitura. Esse processo pode ser considerado como um pente-fino do arquivo, uma última revisão antes da legenda ser entregue ao cliente. “Mas para que fazer uma segunda revisão?”, você pode se perguntar. Afinal, se depois que a tradução foi feita o arquivo já passou pelas mãos de um revisor, qual é a importância desse processo final? Teoricamente, o controle de qualidade serve mais ao propósito de adequar o arquivo aos padrões do cliente – padrões esses que tradutores e revisores nem sempre estão por dentro. Normalmente quem faz o controle de qualidade são estagiários e funcionários que, diferentemente do tradutor, revisor e leitor, trabalham dentro da empresa. Isso significa que esses profissionais têm um entendimento maior sobre os padrões e gostos do cliente, já que além de estarem dentro da empresa e ver como as coisas funcionam, eles também recebem e-mails com feedback, correções, preferências, manuais atualizados e afins. Sem mencionar que podem sempre contar com profissionais capazes dentro da empresa para tirar dúvidas, discutir opções de tradução e até enviar e-mails ao cliente para esclarecer o que quer que seja. Dessa forma, as pessoas que trabalham com o controle de qualidade entendem melhor sobre os padrões e preferências do cliente, e assim essa etapa se faz necessária para entregar um arquivo de alta qualidade.
O trabalho do setor do controle de qualidade envolve também avaliar se um arquivo está todo dentro das diretrizes do cliente. Isso pode envolver muitas coisas: preferências linguísticas, dos and don’ts, inclusão do título ou não, tradução de artes/cartelas ou não, tradução de músicas ou não etc. Além disso, é responsabilidade do CQ tratar de aspectos mais técnicos, como cor da fonte, mudança de cor para legendas de cartela ou arte, arquivo de pós-produção, código de deslocamento da legenda, inserção de tarja, como prosseguir quando há legendas queimadas no vídeo, pausa correta entre as legendas e afins. Esse trabalho mais técnico geralmente não é feito pelo tradutor nem revisor, sendo responsabilidade apenas dos profissionais que trabalham no controle de qualidade. Então, além dessa parte obrigatória e mais técnica, o CQ serve também, como dito antes, para fazer uma segunda e última revisão do arquivo, ou seja, deixá-lo o melhor possível para a entrega final para o cliente. Dessa forma, o trabalho do controle de qualidade conserta erros que ainda passaram pelo revisor e muitas vezes melhora a qualidade do texto.
Esse processo pode não estar presente em todas as empresas e fluxos de trabalho, mas sua importância não deve deixar de ser notada. É uma etapa a mais que garante uma melhor qualidade do serviço, o que, no fim das contas, pode fazer toda a diferença na relação entre o cliente e a empresa. Por essas razões, além do fato de eu ter trabalhado muito tempo com isso e realmente gostado do trabalho, eu digo:
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O ratinho dá sua bênção: padronizai-vos.
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